Brancos de olhos azuis que se sentiram ofendidos pela declaração de que são os responsáveis pela crise econômica mundial, feita pelo presidente Lula, já têm um representante legal no Brasil. Ontem, o jornalista gaúcho Clóvis Victorio Mezzomo, morador do Rio, entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) cobrando explicações de Lula. Ele se define como "brasileiro, ítalo-descendente, pele branca, olhos claros" e disse que ficou "pessoalmente ofendido". A afirmação de Lula foi feita semana passada, ao lado do primeiro-ministro britânico Gordon Brown, que estava em visita oficial ao Brasil.
"O interpelado (Lula), ao afirmar, categórica e publicamente, que o homem caucasiano, timbre-se, exclusivamente o caucasiano (portanto, de caráter branco), engendrou e foi o culpado pelo atual estado de coisas, imputou a uma etnia a responsabilidade integral pela crise internacional, em uma postura intoleravelmente racista. Infortúnios econômicos, explica a ciência econômica, não decorrem de caracteres genéticos ou raciais", diz Mezzomo na interpelação judicial.
Mezzomo frisa que entre as pessoas mais ricas do mundo estão dois negros, um descendente de libaneses, três indianos e um mexicano - nenhum deles branco de olhos claros. A interpelação judicial é uma ação preparatória para um processo. O presidente não é obrigado a se manifestar. A eventual resposta de Lula pode motivar o jornalista a entrar no STF com uma queixa-crime por injúria e racismo contra o presidente. Caberia então ao STF decidir se abre inquérito ou arquiva o caso.
(O Globo, 04/04)
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- Chefe, posso comentar ?
- Deve.
- Ao atribuir aos brancos de olhos azuis a responsabilidade pela crise, Lula não cometeu gafe alguma. Seguiu, e muito bem, o conselho dos marqueteiros. Um discursozinho burocrático, ao lado do Gordon Brown, não daria manchete em lugar nenhum. Sabe aquela história do falem mal mas falem de mim ? Pois é. Outra coisa: essa ação no STF... de duas, uma: ou também foi "encomendada pelo marqueteiro" ou é coisa de quem não tem o que fazer. Não acha ?
- Fico contente, Ivanildo.
- Ora, chefe, pelo meu comentário ?
- Não. Porque você não veio, no final da frase, com aquele insuportável "né não ?"
- Então, estou melhorando, né não ?
Um comentário:
Você está certo, Ivanildo. A jogada marqueteira vem no momento em que, por causa da crise, a popularidade do Lula começou a despencar. Vamos aguardar os resultados da próxima pesquisa.
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