quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rififi no Supremo Tribunal Federal


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, e o ministro Joaquim Barbosa bateram boca durante uma sessão nesta quarta-feira na mais alta corte do país. O ministro Joaquim Barbosa acusou o presidente do STF de estar "destruindo a credibilidade da Justiça brasileira".
Os ministros debatiam uma ação que já havia sido julgada no Supremo em 2006, referente ao pagamento de previdência a servidores do Paraná. A discussão começou quando Joaquim Barbosa questionou Gilmar por considerar que o argumento do presidente do STF não tinha sido discutido o suficiente. Gilmar reagiu:
- Ela (a tese) foi exposta em pratos limpos. Eu não sonego informação. Vossa Excelência me respeite. Foi apontada em pratos limpos.
Joaquim Barbosa insistiu:
- Não se discutiu claramente.
Gilmar reagiu, acusando Joaquim Barbosa de não estar presente às sessões: - Se discutiu claramente e eu trouxe razão. Talvez Vossa Excelência esteja faltando às sessões. [...] Tanto é que Vossa Excelência não tinha votado. Vossa Excelência faltou a sessão.
- Eu estava de licença, ministro - respondeu Joaquim Barbosa.
Gilmar Mendes insistiu:
- Vossa Excelência falta a sessão e depois vem...
- Eu estava de licença. Vossa Excelência não leu aí. Eu estava de licença do tribunal - repetiu.
A discussão foi encerrada e retomada mais tarde com Gilmar Mendes, no momento em que o presidente do STF proclamava o pedido de vista de Carlos Ayres Britto sobre outro caso debatido em plenário. O bate-boca esquentou e só acabou depois que outros ministros intercederam. Ao fim do pronunciamento, Gilmar ressaltou que não havia " sonegação de informação". Foi a deixa para Joaquim Barbosa:
- Eu não falei em sonegação de informação, ministro Gilmar. O que eu disse: nós discutimos naquele caso anterior sem nos inteirarmos totalmente das consequências da decisão, quem seriam os beneficiários. E é um absurdo, eu acho um absurdo.
Gilmar Mendes atacou:
- Vossa excelência não tem condições de dar lição a ninguém.
Joaquim Barbosa respondeu:
- E nem vossa excelência. Vossa excelência me respeite, vossa excelência não tem condição alguma. Vossa excelência está destruindo a justiça desse país e vem agora dar lição de moral em mim? Saia a rua, ministro Gilmar. Saia a rua, faz o que eu faço.
- Estou na rua - respondeu Gilmar Mendes.
O ministro Joaquim Barbosa retrucou:
- Vossa Excelência não está na rua, Vossa Excelência está na mídia, destruindo a credibilidade da Justiça brasileira. Vossa Excelência não está falando com seus capangas do Mato Grosso.
- Vossa excelência me respeite - disse Gilmar Mendes
Marco Aurélio de Mello e Ayres Britto pediram para que a sessão fosse encerrada. Em seguida, Gilmar Mendes e os ministros se reuniram a portas fechadas para discutir o episódio. Joaquim Barbosa não estava no encontro.

4 comentários:

Hélio disse...

Esse ministro Joaquim é o Gabeira do Supremo Tribunal Federal. Enfim, surgiu alguém que teve coragem para dizer algumas (poucas) verdades ao papagaio de pirata, o ministro Gilmar Mendes. Viva o Joaquim !

AAreal disse...

Ivanildo, o STF está possesso. Com isso aprendi um novo significado para Vossa Excelência. Em partes do diálogo dos ministros facilmente é substituído por palavrões.
P.S.: Comungo da opinião do notívago Hélio.

Alberto del Castillo disse...

Os vigilantes madrugadores estão implacáveis.
O Gilmar Mendes merece uma atenção toda especial. Um demagogo oportunista e anti democrata da mais pura linhagem tupiniquim.

Doutor Carlos disse...

Nada pode haver de mais respeitável do que o Supremo Tribunal Federal. É ele quem processa e julga o Presidente da República, Santo Deus!E ver essa briga de casa de cômodos na nossa Corte Suprema! Joaquim Barbosa pode até ter toda razão em condenar em Gilmar Mendes a ânsia da vaidade, a incontrolável mania de aparecer, mas que isto fique intramuros e jamais apareça na TV. É também inegável que Gilmar Menes faz uma figura detestável, com seu queixo mussoliniano e sua arrogância. Não há precedentes de termos um Presidente do Supremo opinando sobre tudo, como ele faz, volta e meia metendo dentro da casa da gente sua insuportável caratonha, pela tela da TV. Mas há que respeitá-lo e há que fazer-se respeitar. Claro que é difícil evitar a contaminação dos despautérios que vemos na área pública, em todos os poderes. Mas que ao menos se resguarde a Corte Suprema!