terça-feira, 31 de julho de 2012

Mulher de Cachoeira tentou chantagear juiz com suposto dossiê



Andressa Mendonça foi multada em R$ 100 mil e terá que se afastar de bicheiro


Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, ao deixar a Justiça Federal de Goiás, no último dia 24 Foto: Givaldo Barbosa / O Globo
Andressa Mendonça, mulher de Cachoeira, ao deixar a Justiça Federal de Goiás, no último dia 24GIVALDO BARBOSA / O GLOBO
GOIÂNIA - Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, tentou chantagear o juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal de Goiânia, com um suposto dossiê, que tinha informações supostamente comprometedoras contra o magistrado. O objetivo era obter uma decisão favorável para seu marido. O juiz reagiu e fez um relato do caso ao Ministério Público Federal. Depois de analisar o caso, o MP pediu a prisão dela, que pode acontecer a partir de quarta-feira, caso ela não pague R$ 100 mil de fiança.
- Ela teve a desfaçatez de ir à Justiça Federal tentar chantagear ojuiz. Ele deve ter ficado perplexo. Foi muita ousadia da parte dela -disse uma autoridade que está acompanhando caso de perto.
Santos é o juiz que está conduzindo o processo contra o bicheiro e mais sete réus, por corrupção e formação de quadrilha armada, aberto após investigações da Operação Monte Carlo.
De acordo com informações da Polícia Federal concedidas nesta segunda-feira, Andressa, já foi liberada e terá um prazo maior para pagar a fiança. Além disso, a PF definiu que ela não poderá ter qualquer contato com envolvidos na operação Monte Carlo, que levou à prisão de Cachoeira, inclusive com o marido. Mais cedo, Andressa foi levada para prestar esclarecimentos à Polícia Federal. Os agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão em sua casa, antes de encaminhá-la ao depoimento.
Na última quarta-feira, o Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal que abra inquérito para apurar o suposto uso de Andressa como laranja de Cachoeira. Documentos apreendidos na Operação Monte Carlo indicam que Cachoeira negociou a compra de uma fazenda de R$ 20 milhões entre Luziânia e Santa Maria, a cem quilômetros de Brasília, e passou para o nome da namorada.
CPI do Cachoeira também já marcou a data para o depoimento da atual mulher do bicheiro Carlinhos Cachoeira e da ex-esposa do contraventor, Andréa Aprígio, na comissão que investiga as relações de Carlos Augusto Ramos com políticos e empresários. Ambas vão se apresentar à CPI no próximo dia 7 de agosto.

 

Preocupação real - Renato Prado



A rainha Elizabeth II gostou de atuar como ela mesma na Cerimônia de Abertura e de simular um salto de paraquedas com James Bond.
Bem que a rainha tentou se mostrar fleumática, durante a Cerimônia de Abertura, mesmo tendo sido ela uma das protagonistas do espetáculo, com direito a performance ao lado do ator Daniel Craig, na pele de James Bond, o agente 007. O prefeito de Londres, Boris Johnson, conta, entretanto, que Sua Majestade se mostrou preocupada com a repercussão de sua atuação como atriz e lhe perguntou se tinha achado sua participação engraçada.
“Ela queria saber se as pessoas tinham se divertido com o salto e eu disse que sim. Eu achei muito, muito engraçado, mesmo.”
Imagina se um político iria dizer o contrário...
Quem se divertiu mesmo com a história foi o dublê da rainha, o paraquedista Gary Connery, que contou que o salto demorou meses para ser gravado. Vários testes foram feitos sobre o Parque Olímpico antes de a tomada perfeita ser realizada.
“Foi muito divertido me vestir como a rainha Elizabeth II para o salto.” 

Hora da verdade - Ricardo Noblat



Já valeu!
No país da jabuticaba e do jeitinho, do esperto que leva vantagem em tudo e da impunidade que beneficia os mais influentes e endinheirados, dá gosto ver 38 notáveis do governo passado enfrentando anos de incerteza quanto ao seu futuro próximo.
Na condição de réus são acusados pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.
Acabarão condenados?
Convenhamos: foram condenados, embora possam ser absolvidos pela Justiça.
Lembra-se de Fernando Collor?
Acusado de corrupção, renunciou ao cargo de presidente para escapar do impeachment no Senado. Ignorou-se sua carta-renúncia. Decisão política, meus caros!
O mandato de Collor foi cassado por larga margem de votos. Mais tarde, o Supremo Tribunal Federal (STF) o absolveu por falta de provas de que prevaricou.
Mudou a situação de Collor? Ele passou a ser apontado como uma triste inocente vítima de escandalosa injustiça?
Collor pode se reeleger senador em seu Estado quantas vezes queira ou quantas os alagoanos desejem. E ser tratado pelos poderes da República com as mesuras reservadas a todo ex-presidente.
Pouco importa. Daí não passará.
Está escrito com tinta irremovível na memória coletiva que ele deixou roubar antes e durante o seu governo. E que desfrutou do roubo. Isso é suficiente para impedi-lo de sonhar com a recuperação da sua imagem.
Mesura nada tem a ver com respeito. Tem a ver com protocolo. Collor é um morto-vivo, um fantasma que vaga pelos corredores do Senado.
As prerrogativas dele são iguais às dos seus colegas. Nem por isso Collor é igual a eles. Faz parte de um passado que desejamos envergonhadamente esquecer.
O "caçador de marajás" foi uma fraude. Hipnotizou a maioria dos brasileiros ansiosos por mudanças. Os candidatos da mudança foram para o segundo turno. Collor derrotou Lula.
Por que Lula, que considerou "prática inaceitável" o suborno de parlamentares, confessou sentir-se traído por antigos companheiros e foi à televisão pedir desculpas?; por que ele, agora, se refere ao "mensalão" como uma farsa montada com o único propósito de derrubá-lo? O que o fez mudar de lado?
Não vale responder que Lula é uma "metamorfose ambulante". E que se reconhece como tal.
A verdade - ou algo parecido: o julgamento dos mensaleiros é também o julgamento de Lula e do PT. Lula quer ser lembrado como o "pai dos pobres". Não como o chefe dos mensaleiros. Nem dos aloprados. Nem...


O julgamento marcado para começar nesta quinta-feira não revelará o PT que temos por que esse já sabemos qual é. Revelará o STF que temos. Um STF capaz de ignorar o clamor popular pela condenação dos acusados - e assim afirmar sua independência. Ou um STF capaz de ouvir o clamor - e assim dar o basta mais forte à impunidade.
Da redemocratização do país para cá, dois dos três poderes da República se viram expostos a sucessivas avaliações da sociedade – o Executivo e o Legislativo. Esse último foi reprovado todas as vezes.
Chegou a hora do Judiciário, o poder mais refratário a qualquer tipo de exame. O mais fechado. O mais autocrático.
Oremos por ele!

Romney e o impasse diplomático


Em visita a Israel, republicano se refere a Jerusalém como do capital do país




Mitt Romney, em visita a Israel neste domingo
Foto: ALEX KOLOMOISKY / AFP

Mitt Romney, em visita a Israel neste domingoALEX KOLOMOISKY / AFP
JERUSALÉM - O candidato republicano à Presidência dos EUA, Mitt Romney, causou um impasse diplomático ao dizer que os EUA e Israel têm o direito de usar “todas e qualquer medidas” para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares e, mais, disse que a missão deveria ser um “dever moral” dos americanos. Em visita a Jerusalém, o ex-governador de Massachusetts buscou se aproximar do governo israelense, tradicional e importante aliado dos EUA, afirmando ainda que considera Jerusalém a capital de Israel.
- Nenhuma opção deve ser excluída - comentou o republicano ao discursar sobre o Irã.
Em discurso, o candidato afirmou que acha “inaceitável” o desenvolvimento de armas nucleares iranianas e disse que Teerã é o governo mais desestabilizador do mundo. Romney também garantiu que os EUA reconhecem o direito de Israel de se defender e afirmou que era dever moral de Washington apoiar o Estado judeu.
- Eles querem saber quem vai impedir e quem vai fingir que não está vendo. Nós não vamos fechar os olhos e deixar de lado nossa paixão e nosso comprometimento com Israel - disse Romney, acusando Teerã de “testar as defesas morais” da comunidade internacional.
Romney chama Jerusalém de capital de Israel
Durante o discurso, Romney citou Jerusalém como capital de Israel, algo negado tanto pelo governo Obama, como pela maioria da comunidade internacional. Israel reclama o controle de toda a cidade, mas os palestinos querem que a parte oriental de Jerusalém seja a capital do futuro Estado palestino.
Ainda neste domingo, Romney se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Shimon Peres. O republicano disse a Peres que compartilhava a preocupação de Israel com o programa nuclear iraniano, dizendo que Teerã poderia representar uma ameaça ao Estado judeu. O ex-governador ainda se encontrou com o premier palestino, Salam Fayyad.
A viagem a Israel faz parte da agenda de campanha de Romney, que tem como meta mostrar habilidades diplomáticas e força política do candidato. O republicano acusa o rival Barack Obama de minar Israel e se aliar com inimigos dos de Tel Aviv. A ideia é que, ao declarar seu apoio aos israelenses, Romney consiga mais pontos na corrida contra Obama, dizem analistas.

Batman de Volta


‘O cavaleiro das trevas ressurge’ arrecada US$ 64 milhões em segundo fim de semana



Christian Bale em cena de “Batman”
Foto: AP
Christian Bale em cena de “Batman”AP
LOS ANGELES - "Batman, o Cavaleiro das trevas ressurge" ocupou o topo das bilheterias neste final de semana, com quase US$ 64,1 milhões em vendas de ingressos nos Estados Unidos e Canadá, representando uma queda de 60% em relação à estreia na semana passada, após o tiroteio em um cinema do Colorado. O fim da trilogia de Christopher Nolan estreou no Brasil na última sexta-feira.
A queda também foi mais fraca do que a do grande sucesso deste ano, "Os Vingadores", que estreou com US$ 207 milhões no primeiro final de semana em cartaz e caiu em cerca de 50%, para US$ 103 milhões.A redução na venda de ingressos para o filme, que traz no elenco Christian Bale como o super-herói dos quadrinhos, perdeu em desempenho com relação ao filme anterior, de 2008, "O Cavaleiro das Trevas", que caiu 53% no segundo fim de semana de estreia, faturando US$ 75 milhões.
Em 20 de julho, um atirador invadiu um cinema em uma sessão da meia-noite de "O Cavaleiro das trevas ressurge" em Aurora, no Colorado, e abriu fogo, matando 12 pessoas e ferindo outras 58. Vem sendo difícil calcular quanto exatamente o massacre impactou nos negócios do filme, que custou para a Warner Bros. cerca de US$ 250 milhões e dezenas de milhões a mais para sua promoção.
De modo geral, "O Cavaleiro das trevas ressurge" teve bom desempenho durante a semana e já arrecadou US$ 289 milhões na venda de ingressos total nos EUA e Canadá. A bilheteria doméstica de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2", por exemplo, caiu 72%, de US$ 169 milhões em seu primeiro final de semana para US$ 47 milhões no segundo. Entre os outros títulos em cartaz, a animação "A Era do Gelo 4" ficou em segundo lugar nas bilheterias, com US$ 13,3 milhões nos cinemas domésticos.

É um filme só ?




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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Rússia não garante asilo a Assad


 

No mesmo dia, no entanto, país diz que não irá cooperar em busca de navios com armas


O primeiro-ministro russo Sergei Lavrov (direita) e se homônimo japonês Koichiro Gemba durante coletiva de imprensa
Foto: MIKHAIL MORDASOV/AFP
O primeiro-ministro russo Sergei Lavrov (direita) e se homônimo japonês Koichiro Gemba durante coletiva de imprensaMIKHAIL MORDASOV/AFP
MOSCOU - Ao mesmo tempo em que afirmou que não fez nenhum acordo para garantir asilo ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e que já pensa em conversar com a oposição síria, o governo de Moscou anunciou neste sábado que não irá cooperar com a União Europeia (UE) para procurar navios suspeitos de carregarem armas para a Síria, uma postura desafiadora que pode provocar raiva no Ocidente.
- Nós não somos e nunca fomos os amigos mais próximos do regime sírio. Seus melhores amigos estão na Europa. Nós temos dito em mais de uma oportunidade publicamente que nós não estamos nem mesmo pensando nisso - afirmou ele a jornalistas ao ser questionado sobre informes na mídia russa de que o país estaria pronto para ofertar asilo a Assad,cujo país está em guerra civil.Em resposta aos rumores de que a Rússia poderia dar asilo a Assad, Lavrov, disse que “o asilo nem sequer está sendo pensado” e reiterou as declarações de Putin e de outros funcionários russos de que Moscou não tem nenhuma relação especial com o governo sírio, sugerindo que poderia fazer mais sentido para uma nação ocidental conceder asilo.
O ministro russo disse ainda que não está sustentando Assad e aceitaria a sua saída do poder em uma transição política decidida pelo povo sírio, mas reiterou que sua saída deve ser uma condição prévia e não forçada por forças externas.
Rússia diz que não irá cooperar em busca de navios com armas
Também neste sábado, o governo russo afirmou que não irá cooperar na busca de navios com armas na Síria. Os governos da UE concordaram sobre novas regras na segunda-feira em um esforço para impedir que armas cheguem a Síria, onde já ocorrem 16 meses de violência, com estimativa de mais de 18 mil pessoas mortas.
“Nós não iremos considerar dar consentimento a buscas de embarcações, nem à aplicação de outras medidas restritivas para eles”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Alexander Lukashevich em comunicado.
A Rússia, que fez esforços para bloquear sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e tem criticado os embargos ao país, disse que não “pretende tomar parte em medidas para implementar as decisões da UE dirigidas contra a Síria”.


  

Roberto Jefferson: o insustentável equilíbrio de um delator



Há sete anos, ele foi o pivô da queda da cúpula do governo Lula e do PT



Equilíbrio delicado: Jefferson, que montou uma miniacademia de ginástica em sua casa, afirma que procura não pensar na possibilidade de ser condenado pelos ministros do Supremo
Foto: O Globo / Eduardo Naddar
Equilíbrio delicado: Jefferson, que montou uma miniacademia de ginástica em sua casa, afirma que procura não pensar na possibilidade de ser condenado pelos ministros do SupremoO GLOBO / EDUARDO NADDAR
RIO - Sexta-feira, 13 de julho de 2012. Poucas horas após fazer o exame que confirmaria, dois dias depois, um tumor no pâncreas, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) estava longe daquele político que parecia ter nervos de aço. Abatido, mais magro, o delator do mensalão não dá mais as cartas, como costuma dizer. Há sete anos, foi o pivô da queda da cúpula do governo Lula e do PT. Hoje, apesar de negociar alianças e apoios para o partido, sofre a ojeriza de aliados que são candidatos às eleições deste ano.
— Eu era mais aguerrido, mais de luta política. Agora, é só expectativa. Antes, eu era o ator, uma espécie de Anderson Silva no tatame político. Agora, é no tapetão jurídico — analisa Jefferson, reconduzido este mês à presidência do PTB.
Entre uma caneca e outra de café preparado por sua segunda mulher, Ana Lúcia, Roberto Jefferson conversou com O GLOBO. A contragosto, diga-se de passagem. Só o fez porque foi surpreendido no portão de casa, em Comendador Levy Gasparian, cidade onde mora, a 160 quilômetros do Rio.
— Estou sereno. Entendo que está na hora de julgar o mensalão. O Brasil tem que virar a página. Tem sete anos que este processo se arrasta. A sociedade tem expectativa da decisão, e o momento é este — avalia Jefferson, operado ontem para a retirada do tumor no pâncreas. Segundo a assessoria do Hospital Samaritano, um resultado preliminar do material cirúrgico mostrou que não há sinais de malignidade.
Naquela noite, o ex-deputado ainda não sabia que o exame constataria o tumor. Com casaco de motoqueiro, ao lado de suas duas potentes Harley-Davidson, Jefferson tenta manter a serenidade, apesar do receio em relação ao que pode ocorrer no julgamento STF, cujo início está marcado para quinta-feira.
— Se você me perguntar se eu aprecio tudo isso, não aprecio, não. A tribunalização de questões políticas é a pior coisa que tem. Quando você é substituído pelo burocrata, pelo profissional burocrata do Direito, não é bom. Começa todo mundo a interpretar pela lei a conduta de cada um. É uma coisa que eu não aprecio — afirma o advogado, atualmente no banco dos réus.
Aposentadoria de R$ 30 mil mensais
A casa onde Jefferson vive com a mulher fica numa rua que abriga ainda outras cinco construções de classe média alta. Todas da família. Apesar do tamanho, diz que foi “coisa barata”. A rua virou um condomínio fechado, batizado com o nome da sogra do ex-deputado: Vila Marlene Aparecida. Um contraste com a vizinhança de moradores de baixa renda e ruas sem asfalto.
Quando não está em Levy Gasparian, Jefferson fica em Brasília, no Hotel Nacional. Com uma aposentadoria parlamentar de R$ 30 mil por mês, o ex-deputado pratica exercícios diariamente. E não abandonou as aulas de canto, outra de suas paixões. Agora, ele está com 83 quilos. Bem longe dos 170 quilos que chegou a pesar antes da cirurgia de redução de estômago, em 1999.
Os passeios de moto são o programa preferido. O roteiro é Itaipava (Petrópolis), Campos do Jordão (São Paulo) e Tiradentes (Minas Gerais). Mas, no carnaval, o presidente nacional do PTB foi a Buenos Aires com os amigos em sua clássica Road King, modelo 2009. Enfrentou três mil quilômetros de estrada. A liberdade em duas rodas, porém, está ameaçada. Se condenado, o ex-deputado pode, em tese, ser preso.
— Eu não penso nisso. Creio piamente que o Supremo fará justiça e vai me absolver — acredita Jefferson. — Não estou trabalhando com plano B. Só não posso ficar sem sossego, sem tranquilidade. Estou sereno, tranquilo e equilibrado. Não deixo de trabalhar — completa.
Com olhar fixo e distante, Jefferson pensa cada frase que diz de forma cuidadosa. Principalmente, quando trata dos desafetos, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Deputado cassado e outro réu do mensalão, Dirceu aparece no processo como “chefe da quadrilha”. Mas não recua quando provocado sobre a convocação de Dirceu à militância do partido e às entidades estudantis, como a União Nacional dos Estudantes (UNE), para irem às ruas defendê-lo.
— Isso é antidemocrático. Ele vai constranger o Supremo? Vai pôr a militância lá para quê? Vai invadir? A decisão é da Justiça. Esse negócio de envolver sociedade, entendo que é uma bobagem — critica o presidente nacional do PTB.
Jefferson não esquece o maior trauma: o escândalo dos Correios. É o dedo na ferida do ex-deputado. À época, uma fita de vídeo mostrou o então funcionário da estatal, Maurício Marinho, recebendo dinheiro de empresários. Marinho dizia ter o aval de Jefferson para cobrar propina. Acuado, o petebista se rebelou, denunciando o mensalão.
— Quer dizer que eu tenho de sair de joelhos? Entrei pela porta da frente, saí pela porta da frente. Não ia viver de joelhos. O PT é assim: quando estão ameaçando os interesses do partido, eles sempre têm uma fita, um dossiê — afirma.
Desde 2005, Jefferson sempre admite ter recebido R$ 4,5 milhões do PT para a campanha eleitoral do PTB, em 2004. Reconhece também ter feito caixa dois, o que, aliás, será uma de suas linhas de defesa. O crime, porém, já prescreveu.
— As acusações de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, eu rejeito. Não fiz. O que eu admiti, desde o início, foi crime eleitoral. O Ministério Público não denunciou à época porque não quis denunciar. Na época em que eu falei (denunciou o mensalão), não estava prescrito. Hoje, é um crime prescrito. Mas quando eu disse não era — lembra.
Jefferson não abandona as ambições eleitorais. Diz que o PTB, hoje com 420 prefeitos no país, tem a meta de eleger 600. Mas os aliados o querem longe das campanhas. A filha Cristiane Brasil (PTB) tentará se reeleger vereadora no Rio. Procurada pelo GLOBO, ela não quis dar entrevista. O pai nunca está por perto para pedir votos nas ruas. Nas vezes em que tentou, foi vaiado. O genro do petebista, o deputado estadual Marcus Vinícius, presidente regional do PTB, também prefere o silêncio.
— Não vale a pena colar minha imagem a ninguém. Para que eu vou levar para ela (Cristiane) o meu desgaste pessoal? Os meus amigos já vão votar nela. As pessoas que gostam de mim, sabem que ela é minha filha, vão votar nela. Para que eu vou pôr meu retrato ao lado dela? Para que ela sofra os ressentimentos daqueles que não gostam de mim? Não faço isso. Não é hora de fazer isso — desabafa o ex-deputado.
Antigo amigo diz que não conhece Jefferson
A ex-deputada federal Laura Carneiro (PTB), a quem Jefferson considera amiga, estranhou quando O GLOBO a procurou. Ela é candidata a vereadora na capital fluminense.
— Eu queria tentar entender no que eu posso ajudar você (repórter). Não sei da vida dele — disse Laura. — Não. Foto é demais. O que eu tenho com isso (mensalão)? — completou ela, sem permitir ser fotografada.
Amigo de Jefferson, o vice-prefeito de Paraíba do Sul, José Glicério Bento Bernardes, conhecido como Canela, afirma não conhecer o ex-deputado. Ele é candidato a vereador na cidade. O filho dele, Júlio Canelinha, concorrerá à prefeitura. Ambos são do PTB. Canela estava presente no depoimento de Jefferson na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados, em 2005. O ex-deputado o chamou de irmão em seu discurso.
— Não o conheço. Apenas conheço pessoas que o conhecem — desconversou Canela.
Os irmãos Marcos e Marconi Medeiros, candidatos a vereador e prefeito em Nova Friburgo, respectivamente, são companheiros de Jefferson desde o tempo em que o ex-deputado era integrante do programa “Povo na TV”. Os dois foram apresentados a Jefferson pelo pai, Hélio Medeiros. Apesar de defenderem Jefferson, ambos se irritaram com a presença do GLOBO no município.
— Friburgo não tem nenhuma relação com o mensalão — afirmou Marcos Medeiros.
Candidato a prefeito em Nova Iguaçu pelo PTB, Walney Rocha é outro que evita falar sobre Jefferson:
— Prefiro não falar sobre isso. Na próxima vez, eu te ajudo.
Mas Jefferson parece conformado:
— Essa fase é pesada. Para evitar danos a qualquer pessoa da minha relação, eu não faço foto em público. Eu não sei como será o dia de amanhã. Para que eu vou criar este embaraço aos amigos?

 

O jogo de João Emanuel Carneiro em 'Avenida Brasil' - Patrícia Kogut



Numa entrevista recente para a jornalista Maria Lúcia Rangel, João Emanuel Carneiro contou que, quando criança, gostava de destruir e reconstruir seus brinquedos. Assim é com “Avenida Brasil”. Desde a estreia, o público vem acompanhando atento cada passo da vingança da enteada maltratada pela madrasta na infância. Em qualquer outra novela, o enredo caminharia naturalmente para a grande revanche no último capítulo. Não foi assim com essa história. Bem antes disso, no meio do caminho, o autor desconstruiu seu brinquedo e virou o jogo. Na última semana, o estratagema de Nina-Rita (Débora Falabella) foi descoberto. A megera Carminha (Adriana Esteves) então partiu para um contra-ataque eletrizante, mas que, no fim das contas, se mostrou ineficaz. A garota voltou da cova pronta para tudo. Ou seja, bem antes de seu desfecho, na hora da brincadeira armada, o autor zerou tudo.
“Avenida Brasil”, ninguém pode dizer o contrário sem ser injusto, não economiza história e é cheia de surpresas. Nos últimos dias, vimos um revezamento de papéis que funciona como uma violenta puxada de tapete para o olhar daquele público já treinado para ver novelas. Carminha e Rita embarcaram num jogo de poder ainda não experimentado. Ora uma tiraniza, a outra se submete; ora tudo se inverte. Antes da última terça-feira, ninguém tinha visto Carminha submissa nem Nina dando as ordens. Para as atrizes, tudo também é inédito. João Emanuel me contou que, antes das sequências da virada, ligou para ambas, e conversou bastante. É de se imaginar que ele tenha transmitido o segredo da quebra dos brinquedos e de sua posterior reconstrução, um treinamento que vem fazendo desde a infância. Como Freud existe, a novela tem até seu hospital de brinquedos. 
Quebrar e refazer, neste caso, são gestos bem complexos, porque é preciso manter íntegra a coluna vertebral dos personagens ou a história se perde. Carminha é uma obediente circunstancial. Continua uma víbora. Nina se mantém a mesma, só que numa posição mais favorável. Esse, aliás, é um pecado comum nos folhetins: personagens se corrompem totalmente, começam de um jeito e terminam totalmente irreconhecíveis. As consequências para a credibilidade são grandes.
“Avenida Brasil” não é definitivamente uma história que se arrasta até um último capítulo, bem mais emocionante que aqueles que passaram. Resta saber agora que brinquedos o autor vai despedaçar para colar de novo de outro jeito.

Afinal, o que é inteligência ? - Isaac Asimov


Isaac Asimov

Quando eu estava no exército, fiz um teste de aptidão, solicitado a todos os soldados, e consegui 160 pontos. A média era 100. Ninguém na base tinha visto uma nota dessas e durante duas horas eu fui o assunto principal. (Não significou nada – no dia seguinte eu ainda era um soldado raso da KP – Kitchen Police).

Durante toda minha vida consegui notas como essa, o que sempre me deu uma ideia de que eu era realmente muito inteligente. E eu imaginava que as outras pessoas também achavam isso.

Porém, na verdade, será que essas notas não significam apenas que eu sou muito bom para responder um tipo específico de perguntas acadêmicas, consideradas pertinentes pelas pessoas que formularam esses testes de inteligência, e que provavelmente têm uma habilidade intelectual parecida com a minha?

Por exemplo, eu conhecia um mecânico que jamais conseguiria passar em um teste desses, acho que não chegaria a fazer 80 pontos. Portanto, sempre me considerei muito mais inteligente que ele.

Mas, quando acontecia alguma coisa com o meu carro e eu precisava de alguém para dar um jeito rápido, era ele que eu procurava. Observava como ele investigava a situação enquanto fazia seus pronunciamentos sábios e profundos, como se fossem oráculos divinos. No fim, ele sempre consertava meu carro.

Então imagine se esses testes de inteligência fossem preparados pelo meu mecânico. Ou por um carpinteiro, ou um fazendeiro, ou qualquer outro que não fosse um acadêmico.

Em qualquer desses testes eu comprovaria minha total ignorância e estupidez. Na verdade, seria mesmo considerado um ignorante, um estúpido.

Em um mundo onde eu não pudesse me valer do meu treinamento acadêmico ou do meu talento com as palavras e tivesse que fazer algum trabalho com as minhas mãos ou desembaraçar alguma coisa complicada eu me daria muito mal. A minha inteligência, portanto, não é algo absoluto mas sim algo imposto como tal, por uma pequena parcela da sociedade em que vivo.

Vamos considerar o meu mecânico, mais uma vez. Ele adorava contar piadas. Certa vez ele levantou sua cabeça por cima do capô do meu carro e me perguntou:

“Doutor, um surdo-mudo entrou numa loja de construção para comprar uns pregos. Ele colocou dois dedos no balcão como se estivesse segurando um prego invisível e com a outra mão, imitou umas marteladas. O balconista trouxe então um martelo. Ele balançou a cabeça de um lado para o outro negativamente e apontou para os dedos no balcão. Dessa vez o balconista trouxe vários pregos, ele escolheu o tamanho que queria e foi embora. O cliente seguinte era um cego. Ele queria comprar uma tesoura. Como o senhor acha que ele fez?”

Eu levantei minha mão e “cortei o ar” com dois dedos, como uma tesoura.

“Mas você é muito burro mesmo! Ele simplesmente abriu a boca e usou a voz para pedir”

Enquanto meu mecânico gargalhava, ele ainda falou: “Tô fazendo essa pegadinha com todos os clientes hoje.”
“E muitos caíram?” perguntei esperançoso.
“Alguns. Mas com você eu tinha certeza absoluta que ia funcionar”.
“Ah é? Por quê?”
“Porque você tem muito estudo doutor, sabia que não seria muito esperto”

E algo dentro de mim dizia que ele tinha alguma razão nisso tudo.

(tradução livre do original “What is inteligence, anyway?”)

"Conversation piece’,- Veríssimo



Esses americanos... Lá existe o que eles chamam de conversation piece, que vem a ser qualquer coisa que sirva para começar uma conversa. Digamos que você vai receber na sua casa uma pessoa com a qual não tem nenhuma intimidade, afinidade e, principalmente, assunto.
Para que a visita não transcorra em constrangedor silêncio, você coloca em cima da mesa de centro alguma coisa — um livro, uma escultura, uma cabeça mumificada — que despertará a curiosidade do visitante, que indagará a respeito e lhe permitirá dissertar sobre o seu significado e sua história.
Com sorte, e com um conversation piece bem escolhido, a conversa sobre este tópico único pode durar a visita
inteira e dispensar a busca de outros assuntos.
— Esse fuzil...
— Fabricação japonesa. Comprei quando eu estava pensando em me tornar um serial killer. Depois, comecei com as aulas de sapateado e fui para outro caminho, mas o arsenal ficou. Tenho o porão cheio de armas, se você quiser vê-las depois...
— Sim, sim. Gostaria. Você parece ter tido uma vida muito interessante.
— Tive. Tudo começou quando mamãe me colocou na máquina de lavar roupas por engano, junto com minhas fraldas, e só me retirou no fim do ciclo.
Não deixa de ser admirável e lamentável ao mesmo tempo uma sociedade tão prática que prevê o embaraço social e inventa maneiras de evitá-lo e precisa de acessórios para começar uma conversa.

Comentários dos Leitores

Luterzi deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Dilma diz que setores que recebem incentivo devem ...": 
Somente o "bolsa IPI" não resolve. O governo deveria observar outros tipos de bolsa, tais como: "bolsa infraestrutura", "bolsa de redução de encargos trabalhistas", entre outras necessárias a nossa indústria cujo custo final é elevado e não competitivo. Se observamos, desde idos tempos, esse segmento sempre teve inexpressivo desempenho dado a elevada carga tributária, o que torna o governo seu principal sócio que somente usufrui através da arrecadação de impostos e pouco acresenta em sua participação. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Dilma em Londres": 
Aos desavisados, o convite à Marina não foi por ser brasileira nem por ser da oposição mas sim por chefiar órgão da ONU que se destacou na defesa do meio ambiente.
Caso alguma consulta fosse feita seria dirigida à ONU e não aos políticos imbecis que ficaram ofendidos.


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A Defesa de José Dirceu": 
O Dirceu não está sozinho, todos os acusados do mensalão se dizem inocentes. O pobre STF terá que julgar a todos. Que maldade!! 

domingo, 29 de julho de 2012

Londres: As primeiras Medalhas do Brasil


Felipe Kitadai conquistou o bronze após vencer o italiano Elio Verde



Mostra o ouro, Sarah! Brasil no alto do pódio logo no primeiro dia de distribuição de medalhas
Mostra o ouro, Sarah! Brasil no alto do pódio logo no primeiro dia de distribuição de medalhas

LONDRES — Saíram as primeiras medalhas do Brasil nas Olimpíadas de Londres. E o judô faz história. Sarah Menezes é ouro. A judoca brasileira, de 22 anos, da categoria ligeiro, aplicou um yuko e um wazari na romena Alina Dumitru e se tornou a primeira mulher brasileira a conquistar uma medalha de ouro na modalidade. Minutos antes, Felipe Kitadai, aniversariante do dia, derrotou o italiano Elio Verde com um yuko, no golden score, e garantiu a medalha de bronze para o país. Agora o judô têm 17 medalhas nos Jogos Olímpicos, ultrapassando a vela (16) como o esporte que mais ganhou medalhas para o país na história das Olimpíadas.
- Vocês não sabem o que estou sentindo. Está tudo leve, estou flutuando. Estou muito contente - comemorou Sarah. - Quando iniciei no judô, entrei por brincadeira. Depois de Pequim, eu imaginava que poderia chegar a um pódio olímpico. O judô está crescendo muito. Tenho certeza que todos aqui vão ganhar medalha.
Pela primeira vez na história, o Brasil conquista uma medalha de ouro no primeiro dia de competições. Com o bronze de Kitadai, o país foi para o topo do quadro de medalhas provisoriamente, ao lado da China.
- São tantas coisas que tive que abdicar. Saí de casa com 15 anos, fui morar no projeto Futuro em São Paulo. Em 2010, fui a Porto Alegre e fiquei mais longe ainda dos meus pais. Tenho muito a agradecer. Todos acreditaram muito em mim. E hoje é meu dia, aqui, fazendo aniversário hoje - disse Felipe, aos prantos. - É uma conquista que não dá para expressar. Não consigo pensar em nada. Acho que ainda estou sonhando - completou, muito emocionado.


A trajetória brasileira no primeiro dia do judô
Sarah Menezes (-48kg) entrou no tatame do Excel Centre às 6h em ponto (horário de Brasilia). Com uma animada torcida brasileira a incentivá-la, que contava também com a presença de suas duas irmãs, Samia e Samira, a piauiense venceu com facilidade sua primeira luta, contra a vietnamita Ngoc Tu Van. No segundo combate, ela encontrou uma rival mais difícil, mas derrotou a francesa Laetitia Payet com um yuko a 18 segundos do fim.
Valendo a vaga nas semifinais, Sarah Menezes enfrentou a chinesa Shugen Wu. A vitória veio com um yuko graças a duas punições por falta de combatividade aplicadas contra Wu. Na semifinal, a vitória foi sobre a belga Charline Van Snick, com um yuko aplicado a dois minutos do fim. Na final, vitória sobre a romena Dumitru e muita festa.
Felipe Kitadai (- 60kg) estreou derrotando o mongol Tumurkhuleg Davaardorj com um wasari e um yuko. Logo em seguida, foi a vez de Kitadai pegar o saudita Eisa Majrashi. Um yuko com dois minutos de luta e um wasari faltando 1m25s abriram caminho para mais uma vitória brasileira.

Nas quartas, Kitadai caiu diante do primeiro do ranking, o uzbeque Rishod Sobirov, que venceu por ippon. Uma vitória sobre o coreano Gwang-Hyeon manteve o brasileiro na briga pela medalha de bronze, que veio com o triunfo sobre o italiano Enio Verde.

A Defesa de José Dirceu


Em documento entregue a jornalistas, ex-ministro da Casa Civil culpa Delúbio por caixa dois



O ex-ministro da Casa Civil e réu do mensalão, José Dirceu
Foto: O Globo / Eliária Andrade
O ex-ministro da Casa Civil e réu do mensalão, José DirceuO GLOBO / ELIÁRIA ANDRADE
SÃO PAULO - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu negou a existência do mensalão em um documento de 11 páginas que está sendo distribuído a jornalistas. No texto, ele colocou a culpa no ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares pela prática de caixa dois para pagar compromissos assumidos em campanha eleitoral.
“A defesa de José Dirceu entregue ao Supremo desmonta ponto a ponto as acusações feitas há sete anos. Os advogados mostram que nunca houve o chamado mensalão. O que de fato existiu foi a prática de caixa dois para cumprimento de acordo eleitoral, conduta irregular prontamente assumida por Delúbio Soares e o PT sobre a relação com partidos aliados em 2004”, diz o texto, destinado a jornalistas que vão cobrir o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir de quinta-feira.
Em entrevista publicada pelo GLOBO na quinta-feira, o advogado de Delúbio, Arnaldo Malheiros Filho, disse que o seu cliente era executor de decisões da Executiva Nacional do PT. Em seguida, Malheiros recuou e disse que o ex-tesoureiro agiu sozinho ao usar os empréstimos contraídos pelo empresário Marcos Valério em nome do partido. Dirceu deixou a presidência do PT em 2002 e foi substituído pelo ex-deputado José Genoino.
No texto, o ex-ministro da Casa Civil afirma ainda que o ex-deputado Roberto Jefferson, presidente nacional do PTB, valeu-se da sua experiência como advogado criminalista para criar “a fantasia do mensalão”.
“A denúncia levada ao Supremo Tribunal Federal (pelo Ministério Público Federal) pressupõe que a compra de votos é provada tão somente pelas acusações do ex-deputado Jefferson.”
O documento nega ainda que Dirceu tenha interferido em nomeações de cargos para o governo e diz que a denúncia do Ministério Público é “sem fatos, sem provas e confusa”. Dirceu vai acompanhar o julgamento de São Paulo.

Vanessa: Laranja de Cachoeira ?


Ela negociou fazenda de R$ 20 milhões no interior de Goiás; Procuradoria quer abrir inquérito



Mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, passa por detector de metais ao chegar à Justiça Federal
Foto: Agência O Globo / Givaldo Barbosa
Mulher de Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, passa por detector de metais ao chegar à Justiça FederalAGÊNCIA O GLOBO / GIVALDO BARBOSA
BRASÍLIA - Andressa Mendonça, a loira que provocou alvoroço na CPI do Cachoeira, pode ser mais do que uma simples namorada do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na última quarta-feira, o Ministério Público Federal pediu à Polícia Federal que abra inquérito para apurar o suposto uso de Andressa como laranja de Cachoeira. Documentos apreendidos na Operação Monte Carlo indicam que Cachoeira negociou a compra de uma fazenda de R$ 20 milhões entre Luziânia e Santa Maria, a cem quilômetros de Brasília, e passou para o nome da namorada.

Diálogos interceptados na operação mostram que Cachoeira planejava fracionar e revender pequenos lotes da propriedade. A venda de todos os lotes, perto de Luziânia, poderia render R$ 58 milhões ao bicheiro. Ou seja, o negócio renderia lucro de quase R$ 40 milhões. Um dos documentos obtidos pela polícia indica que Cachoeira ofereceu como entrada três carros Mitsubishi, e o restante seria parcelado até a legalização da fazenda. A terra está sendo pleiteada pelos supostos proprietários por usucapião.
“Tal aquisição já foi objeto de relatório específico o qual demonstrou que no caso da compra da fazenda Santa Maria integrantes da ORGCRIM (organização criminosa) confiaram que o investimento de milhões de reais seria viabilizado mesmo com dificuldades, que seriam barreira para qualquer investidor sem ramificações ou influência no setor público uma vez que a fazenda Santa Maria encontra-se sub-judice”, informa relatório da Polícia Federal obtido pelo GLOBO. O processo para a legalização da fazenda tramita na Justiça, em Brasília.
A polícia começou a desconfiar do uso de Andressa como laranja da organização de Cachoeira depois de apreender, no computador de Gleyb Ferreira, a cópia de um contrato particular “de compra e venda com recibo de sinal” em nome da namorada do bicheiro. Pelo documento, a fazenda seria comprada de Dinah Cardoso Mendes e Norgente Pereira Mendes e repassada para a namorada de Cachoeira. Como sinal, foram oferecidos três veículos automáticos da Mitsubishi.
O restante seria dividido em parcelas de R$ 65 mil por mês a partir de março deste ano até a legalização da terra, com o julgamento final da ação de usucapião. O negócio era de alto risco. Afinal, não seria possível antecipar o resultado de uma decisão judicial. Mas, ainda assim, a organização de Cachoeira apostou alto no negócio. Em 2 de fevereiro, 26 dias antes de ser preso, Cachoeira tratou da compra da fazenda com Andressa. O diálogo foi gravado na Operação Monte Carlo.
Cachoeira orientou conversa com contador
Depois de um rápido cumprimento, Cachoeira orienta a namorada a passar alguns dados pessoais para Geovani Pereira da Silva, contador da organização.
— Pega a empresa sua, passa pro Geovani o nome, CPF, tudo, praescriturar 25% de uma área que nós compramos aqui, e põe ela no ramo imobiliário, ! Loteamento, essas coisas, ok? — orienta o contraventor.
— Ok! Então tem que sentar com o meu contador, né? Mas eu já vou passar os dados, pra ele agora, pedir pra minha secretária passar — obedece Andressa.
—  bom, faz isso agora que passa a escritura aqui, tchau! — encerra Cachoeira.
Num outro diálogo, também interceptado na Monte Carlo, Cachoeira acerta com Gleyb o fracionamento da propriedade em 570 lotes. A venda dos lotes, numa área em que a urbanização avança celeremente, renderia R$ 58 milhões, pelos cálculos da organização. Procurada pelo GLOBO, Andressa se defendeu com o argumento de que o contrato de compra e venda, com data de 30 de janeiro deste ano, não está assinado.
— Este contrato está assinado? Não está. Não existe imóvel nenhum. Não tem nada no meu nome. Eu bem que gostaria de ter uma fazenda para lazer com meus filhos no fim de semana, mas não tenho. Provavelmente era uma vontade do Carlos — disse.
Andressa também negou que tivesse conversado com Cachoeira sobre a compra da fazenda. Depois, confrontada com os diálogos interceptados na Monte Carlo, mudou a versão.
— Ele (Cachoeira) foi grampeado durante dois anos. Não meu lembro (de falar sobre a fazenda). Conversava com o Carlos todos os dias — afirmou.


   

Dilma em Londres


Presidente passeia pelo Hyde Park e promete que cerimônia de abertura do Rio será melhor



A presidente Dilma Rousseff com a filha, Paula
Foto: Paul Hackett/Reuters
A presidente Dilma Rousseff com a filha, PaulaPAUL HACKETT/REUTERS
LONDRES - A presidente Dilma Rousseff aproveitou o início da tarde deste sábado em Londres para passear pelo Hyde Park, a maior área de lazer da capital inglesa, e fazer compras com a filha, Paula, por ruas próximas ao parque. A caminhada durou 50 minutos. Dilma comentou a presença da ex-ministra Marina Silva como convidada de destaque na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. A presidente disse que não havia sido informada sobre o convite para a adversária das eleições de 2010:
— Não sabia e não preciso saber de tudo. Foi um orgulho.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), admitiu que o convite surpreendeu o governo. O deputado, que também está em Londres, contou que só soube na manha deste sábado, pela imprensa, que o convite partiu do Comitê Olímpico Internacional (COI):
— Ninguém sabia de onde havia partido o convite. É obvio que teria sido mais adequado ao COI consultar o Brasil, mas a decisão é do comitê, que pode convidar quem desejar. Não considero uma gafe.
O deputado, porém, reconheceu o papel da ex-senadora e ex-candidata a presidente na luta pelo Meio Ambiente:
— Meu orgulho é saber que uma pessoa do caráter da Marina foi escolhida para representar o Brasil na causa ambiental.
Já outro ministro, que pediu para não ser identificado, considerou o convite uma gafe:
— Se fosse nas Olimpíadas brasileiras seria como convidar um integrante do Partido Trabalhista Britânico, que faz oposição ao governo Cameron, para ter uma posição de destaque na cerimônia de abertura.
Durante o passeio, Dilma disse que gostou muito da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, mas, para ela, a festa no Rio em 2016 será ainda melhor:
— Gostei, mas vamos fazer muito melhor. Vamos colocar uma escola de samba e abafar.
Com agenda livre em Londres, Dima deixou o Hotel Ritz de carro por volta das 12h30m (8h30m, no horário de Brasília). A presidente foi caminhar pelo Hyde Park em por algumas ruas do entorno, acompanhada da filha e de seguranças da Presidência. Depois de tirar fotos com brasileiros, entrou numa loja da "National Geografic", comprou um documentário produzido pela BBC, uma camiseta e um globo terrestre. A loja foi fechada para a presidente ser atendida.
Dilma disse que já esteve dez vezes em Londres, mas apenas uma vez como turista. Durante a caminhada, Dilma também passou em frente ao British Museum.
— É bom visitar para ter um pouco de cultura — comentou a presidente.

 

A Charge de Amarildo


A Charge de Amarildo 

Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Russomano, ironia do destino? - Sandro Vaia": 
É um grande equívoco pensar que as eleições Municipais de São Paulo são uma grande prévia para as eleições de 2014. 


Paulo Moraes deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Russomano, ironia do destino? - Sandro Vaia": 
Seria interessante que este blog explorasse mais o que aconteceu com o Russomano.Só pra dar uma dica ele perdeu a esposa numa daquelas merdas que fazem os hospitais. Bem, sei lá se le mudou de partido muitas vezes, se está com pastores, mas será que não é a hora de MUDAR? Os paulistas podem se fud........como aconteceu com o Collor, mas se não houver mudanças......Já se teve experiencia coma Erundina e com a Marta. Porque não fazer com o Russomano? Com o Serra, com o Maluf todos já sabem o que vai acontecer. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Dilma diz que setores que recebem incentivo devem ...": 
Em inglês "wishfull thinking" traduz a atitude de pensarmos ser real as coisas que gostaríamos que fossem.
Na doutrina socialista os governos acreditam que podem inverter tendências de retração econômica no mercado livre promovendo rebates fiscais a setores selecionados a seu critério. No Brasil este equívoco é ampliado quando exigem como contrapartida a geração de novos empregos em uma atividade que necessita reduzir custos de mão de obra para sobreviver. 


Paulo Moraes deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A TIM e Gabriela...": 
Sacanearam só a TIM. É valido, mas deveriam fazer o mesmo com a Claro e com a VIVO. Eu mesmo já troquei duas vezes de operadora por causa do sinal. E sabem o que aconteceu? NADA.
Continuo na mesma. 

sábado, 28 de julho de 2012

Dilma diz que setores que recebem incentivo devem garantir emprego



Fala da presidente foi um recado à indústria automobilística



A presidente Dilma Rousseff e Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na inauguração da Casa Brasil, em Londres.
Foto: SERGIO MORAES / REUTERS
A presidente Dilma Rousseff e Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na inauguração da Casa Brasil, em Londres.SERGIO MORAES / REUTERS
LONDRES — A presidente Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira, em Londres, que o governo anunciará em agosto e setembro medidas anticíclicas (de combate à crise) para estimular a economia, e afirmou que os setores que recebem incentivos governamentais devem garantir a manutenção do emprego no país. A fala parece ter sido um recado para a indústria automobilística, que, apesar de ter recebido incentivos fiscais, tem sinalizado com o fechamento de postos em sua linha de montagem.
— Todos os setores que receberem incentivos do governo têm que saber que nós fazemos isso por um único motivo no mundo: garantir o emprego e a renda do brasileiro — disse ela em entrevista à imprensa no hotel onde está hospedada em Londres por ocasião da abertura dos Jogos Olímpicos, nesta sexta-feira. — Nós iremos, no mês de agosto e um pedaço de setembro, tomar algumas medidas, continuando nosso programa contracíclico. Estamos muito preocupados em reduzir o custo do país — acrescentou ela, citando planos do governo de reduzir o custo da energia elétrica.
Na terça-feira, a General Motors dispensou, sob licença remunerada, todos os seus funcionários em São José dos Campos (SP). Segundo a empresa, os trabalhadores ameaçavam invadir a fábrica em meio às negociações sobre o destino dos 1.500 operários da unidade, que será fechada. De acordo com o sindicato, haveria demissão em massa. Na quinta, a companhia se comprometeu a manter aberto setor de fábrica pelo menos até 4 de agosto, quando a montadora e sindicato de metalúrgicos da região terão nova reunião.
A GM foi chamada pelo Ministério da Fazenda para esclarecer, na próxima terça-feira, a situação da fábrica de São José dos Campos. O ministério, segundo sua assessoria de imprensa, quer uma explicação da montadora sobre os últimos acontecimentos, como o encerramento da produção de três modelos — Zafira, Meriva e Corsa. A pasta também vai cobrar explicações da Anfavea, entidade que representa a indústria automobilística nacional.
Governo anuncia investimento em infraestrutura de transporte
Dilma ainda afirmou que o governo fará uma política de investimentos nas áreas de portos, aeroportos, ferrovias e rodovias, o que incluirá concessões e outros marcos regulatórios, como parcerias público-privadas.
— Temos certeza de que estamos no caminho da estabilidade. Nós vamos fazer tudo isso mantendo a solidez fiscal, a inflação sob controle e continuando nossas políticas sociais — disse Dilma.
A presidente reconheceu que o Brasil tem sofrido os impactos da crise da zona do euro, e que todos os países do Brics — grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — vêm sendo afetados. Dilma, no entanto, disse esperar a recuperação da taxa de crescimento do país nos próximos meses.
— Acredito que nós iremos, nos próximos meses, crescer a uma taxa maior. Mas mesmo hoje nós estamos segurando o nível de crescimento, que é bastante significativo considerando a situação internacional — disse ela.
O governo vem buscando adotar medidas de estímulo diante da dificuldade da economia brasileira em deslanchar depois de o Produto Interno Bruto (PIB) ter crescido apenas 0,2% no primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2011.
Entre as medidas já adotadas, o governo anunciou benefícios fiscais a indústrias e consumidores, além de aumento das compras federais. Em outra frente, o Banco Central realizou oito cortes seguidos na taxa básica de juros desde agosto passado, para a atual mínima recorde de 8% ao ano.

 

Russomano, ironia do destino? - Sandro Vaia



Enquanto o país se prepara para divertir-se com as Olimpíadas, que já começaram, e o julgamento do mensalão, que começa na semana que vem, as picuinhas da política provincial ganham seu tempero de pimenta de biquinho: não ardem muito, não queimam a língua e nem ajudam muito no sabor.
Mas servem para divertir e fazer passar o tempo.
São Paulo, que é de longe, por tamanho, poder econômico e vocação, o cenário mais importante das eleições municipais de outubro, tem um cenário inusitado: um líder que não sai do lugar, um concorrente oficial que apesar de ungido pelos santos óleos da maior divindade política surgida entre o final do século passado e o começo deste, empacou em um dígito, e um personagem popularizado pela tv e pela defesa do consumidor que corre por fora e ameaça tornar-se um inesperado protagonista dessa disputa.
Celso Russomano é aquele que na TV proclamava que “estando bom para ambas as partes”, os conflitos provocados por divergências entre vendedores e compradores estavam encerrados. E todos iam para casa felizes.
Ele é uma espécie de Procon “avant la lettre” e isso não o tornou nenhum portento político.
Vagou por cinco partidos, entre os quais PFL e PSDB (nunca foi do PT) e foi parar no quase fictício PRB, que foi fundado pelo falecido vice-presidente José de Alencar e que é uma espécie de vitrine política da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo. Não à toa o bispo senador Marcelo Crivella é seu expoente máximo.
Ele vem subindo lenta e consistentemente nas pesquisas Datafolha e já está com 26%, tecnicamente empatado com o líder José Serra e com uma rejeição de apenas 12% contra 37% do ex-governador.
No começo do ciclo de pesquisas de intenção de votos dedicava-se a ele (inclusive de minha parte, confesso) um meio sorriso entre o escárnio e o desprezo, pois afinal de contas não é o nome dos grandes partidos nem das grandes batalhas. Um coadjuvante. Quem dá bola a coadjuvantes?
Recall por causa dos programas de TV, logo ele volta ao seu lugar, escreveram (ou por pudor só pensaram) os “especialistas” em análise política.
Quem resistiria, afinal, ao infalível criador e animador de postes que transforma em ouro tudo o que toca, e o outro, que carrega nas costas os 44 milhões de votos que os opositores do governo não encontram onde despejar?
Uma eleição que nasceu parecendo carregar em si a fatalidade de transformar-se na mãe de todas as batalhas e o destino de tornar-se a infalível prévia eleitoral de 2014, pode ir parar nas mãos de um palavroso repórter que zela pelo bom funcionamento das geladeiras e dos fogões que o comércio relapso vende a seus desavisados clientes.
Não seria uma impagável ironia do destino?

Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br