Dois dias depois de revelar, em entrevista coletiva, que teve um câncer no sistema linfático, a ministra Dilma Rousseff acompanhou o presidente Lula a Manaus, para cumprir extensa programação político-eleitoral.
E, lamentavelmente, a ministra não passou no primeiro teste de palanque. Não por sua culpa, mas em razão da já tradicional incontinência verbal do presidente da República.
Lula é conhecido por se deixar embriagar pela vertigem do palanque. As impropriedades que tem falado ao longo dos anos já pertencem ao folclore político brasileiro.
Embalado pela adrenalina de palanque, Lula já declarou que sua mãe nasceu analfabeta, já afirmou que não pode ser um médico que diz ao doente que ele “sifu”, já beijou a mão de Jader Barbalho (?!), já abençoou Severino Cavalcanti.
O presidente chegou mesmo a revelar aspectos de sua vida íntima, ao declarar em palanque que “nordestino não nega fogo” e que tinha engravidado dona Marisa já na noite de núpcias.
Isto faz parte da personalidade do presidente.
Mas ontem ele errou feio, ao levar o câncer da ministra Dilma para o palanque e pedir à população que ore pela ministra.
Lula é um intuitivo, não é um maquiavélico. Em outras palavras: diz impropriedades mais por incontinência do que por maquinação. Não faz de caso pensado, em geral.
Seus assessores mais próximos, ao contrário, já articulam as formas de explorar a doença da ministra para aumentar sua popularidade.
O ministro alternativo das Relações Exteriores, Marco Aurélio Garcia, declarou mesmo que a doença de Dilma vai reforçar sua candidatura.
Confesso que não sei se isto é bom para a candidatura da ministra. A situação por que ela está passando é séria, e sua postura positiva pode atrair muita solidariedade e simpatia.
Mas explorar a luta contra a doença para aumentar seu cacife eleitoral me parece uma crueldade desnecessária.
3 comentários:
Ivanildo, lembra dessa minha preocupação de explorarem a doença da Dilma? Ta ái.
O pior é que a própria ministra, sem a menor noção de como funciona (funciona??) o Sistema Unico de Saúde para a maioria da população, tenta usar a sua doença para conscientizar o povo da importância da prevenção. O cidadão comum, quando chega a ser atendido, de modo geral, tem um grande tumor, com poucas chances de cura. Os 90% só existem para quem tem como pagar, ou para quem tem quem pague.
Essa abominável mulher, conhecida por ser uma chefe insuportável, cruel e impiedosa com quem se atreva a contrariar sua razão - sim, porque ela tem sempre razão, ou ao menos assim se apresenta - está enfrentando uma realidade da vida à qual terá de submeter-se. Ela se compraz de passar a inmpressão de ter sido diplomada em Awschwitz, de ter feito mestrado em Dachau e concluído seu doutorado nas masmorras da Lubyanka. Mas, agora, sua vida não será mais dirigida por ela e pobre do médico que terá a responsabilidade de tentar tratá-la.
Postar um comentário