sábado, 24 de agosto de 2013

Misto quente eleitoral, por Nelson Motta



Nelson Motta, O Globo
Assim como jogadores de futebol automaticamente levantam os braços em gesto de inocência depois de uma falta violenta, todo político pilhado em malfeitoria logo levanta a voz para culpar o sistema eleitoral, que praticamente os obriga a toda sorte de fraudes e roubalheiras, pela nobre causa de lutar pelo poder. Eles sabem que uma reforma eleitoral pode atrapalhar os seus negócios, mas não vai resolver os nossos problemas, porque ainda serão as mesmas pessoas, formadas na mesma cultura viciada.
Mas com o bafo das ruas no cangote e em resposta às propostas bisonhas e inviáveis do governo, o Congresso se mexeu e parece interessado, pela primeira vez em muitos anos e governos, em debater uma reforma eleitoral com a sociedade em 60 dias.

Alfredo Sirkis, deputado

O trabalho da comissão já tem um relatório informal do deputado Alfredo Sirkis e surpreende com uma boa inovação, rompendo o impasse entre o voto em lista fechada e o voto proporcional, ambos com adeptos irredutíveis que inviabilizam o debate. Para isso o eleitor votará duas vezes: primeiro em um partido, que elegeria sua lista de candidatos, escolhidos em prévias por todos os filiados; depois nos candidatos, elegendo os mais votados, sem acumular votos de legenda. Metade das cadeiras seria dos eleitos em lista e metade dos mais votados.
Outra boa novidade é a permissão de candidaturas avulsas, que seriam propostas com tantas mil assinaturas.
Já que tanto o financiamento público exclusivo como a proibição de doações de pessoas jurídicas têm muitos opositores radicais, a proposta mantém as contribuições de empresas e de indivíduos, mas estabelece limites rígidos, e penalidades, para doadores e candidatos, a serem fixados pela Justiça Eleitoral. E sugere um teto de 40% da média de gastos para o mesmo cargo nas últimas eleições, como forma gradual de diminuir o poder econômico e democratizar o processo eleitoral.
Ainda é pouco, mas já é um grande avanço. O sistema misto que divide as vagas por distritos e estados é bem complicado e merece debate. Mais complicado, e nefasto, é este sistema que alimenta e serve de álibi aos suspeitos de sempre.

Nelson Motta é jornalista.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Lembram-se? Consenso de Washington, por Carlos Alberto Sardenberg



Carlos Alberto Sardenberg, O Globo
E essa agora, hein? O motor da economia mundial está de novo nos Estados Unidos. E não porque os EUA abandonaram a prática do seu capitalismo, mas, ao contrário, porque a energia do mercado funcionou amplamente.
Ora, mas isso é óbvio, poderiam dizer. A recuperação do capitalismo só poderia vir da principal economia capitalista.
Pois é, mas não era essa a história que se contava, com ampla aceitação, há poucos quatro anos.
Lembram-se? A crise financeira de 2008/09, criação dos EUA, seria o muro de Berlim do capitalismo; a Zona do Euro desabaria com suas políticas de ajuste; os Estados Unidos seriam superados pela China ; e os emergentes triunfariam com suas próprias forças, independentemente da liderança e da vontade dos ricos.
Dirigentes chineses diziam, entre irônicos e sérios: agora nós é que daremos lições ao Ocidente, inclusive na organização política. Líderes dos emergentes, Lula à frente, celebravam a política de intervenção estatal como a “nova economia”.
Analistas resumiam: sai o Consenso de Washington, entra o Consenso de Beijing.


O panorama visto hoje é o contrário disso. Começa pela recuperação dos EUA. Sim, o governo Obama gastou dinheiro público para impedir a quebradeira de bancos e grandes empresas. E o Federal Reserve, o banco central deles, evitou a grande depressão e criou bases para a retomada com a enorme injeção de dinheiro no mercado.
Mas impedir o desastre não garante a retomada. Esta veio do ajuste feito pelas empresas e famílias, reduzindo endividamento, saneando finanças, renovando investimentos e consumo. Privados, sobretudo no setor imobiliário. E com inovações, como o extraordinário evento do gás de xisto — um resultado acabado da economia de mercado.
George Mitchell, engenheiro e geólogo, acadêmico e empreendedor no negócio de petróleo, desenvolveu, durante anos de pesquisa e experimentos, uma nova tecnologia de extração do gás de xisto. Investiu dinheiro e conhecimento para simplesmente revolucionar o setor de energia.
Quando o sistema finalmente funcionou, as imensas reservas no xisto tornaram-se economicamente viáveis e o preço do gás desabou nos EUA. Isso barateou investimentos em toda a indústria, especialmente na petroquímica, e reduziu gastos das famílias.
Tudo pelo mercado, não por políticas públicas. Mitchell teve espaço institucional para desenvolver sua livre iniciativa.

Penas e pênaltis


  • Casal que se chama de ‘fofo’ e ‘fofa’: banimento para a Ilha do Diabo, ou similar
Sou radicalmente contra a pena de morte, mas faço algumas exceções. Quem conversa no cinema durante todo o filme e, por uma estranha deformação da lei das probabilidades, sempre senta atrás de você, merece execução sumária.
Quem liga o seu celular no meio do filme para ver se tem alguma mensagem, e por outra cruel casualidade sempre senta do seu lado: execução sumária — se possível por garrote vil.
Gente que imita aspas com dois dedos de cada mão... Está bem, isto é só uma implicância minha. Sete anos de trabalho forçado.
Casal que se chama de “fofo” e “fofa”: banimento para a Ilha do Diabo, ou similar.
PÊNALTIS
Para um esporte tão antigo, o futebol até que mudou pouco através do tempo. Pensando bem, a única mudança significativa nas suas regras foi na que trata do que podem ou não podem os goleiros. Métodos de aferição eletrônica para ajudar o juiz cedo ou tarde serão adotados, mas não afetarão as regras do jogo. A mudança que eu proponho, sim, é radical. Seguinte: o que determinaria o pênalti não seria o local da falta, mas a sua natureza. Como no basquete.
Em qualquer lugar do campo em que acontecesse uma falta mais violenta... Priii. Pênalti. Caberia ao juiz decidir o que mereceria pênalti ou não, como hoje ele já decide o que merece cartão vermelho, cartão amarelo ou só um aviso. Isto coibiria as entradas criminosas e o jogo violento em geral. Hein? Hein?
Eu sei. Mal tive a ideia e já me ocorreram várias objeções. A nova regra aumentaria demais o poder de o juiz de influir no resultado final do jogo. E dobraria o incentivo à encenação dos jogadores para simular uma gravidade inexistente. Pelo menos nos jogadores brasileiros, que já são os mais dramáticos do mundo.
Esquece.
Luis Fernando Verissimo é escritor


Flamengo reduz preço de ingressos para ter casa cheia contra o Cruzeiro


  • Valor dos setores mais baratos cai de R$ 100 para R$ 60

Jogadores do Flamengo comemoram o gol com a torcida, na partida contra o Botafogo, no único jogo do time como mandante no novo Maracanã Foto: Agência O Globo
Jogadores do Flamengo comemoram o gol com a torcida, na partida contra o Botafogo, no único jogo do time como mandante no novo Maracanã Agência O Globo
RIO - Bastou o primeiro jogo decisivo no novo Maracanã para a diretoria do Flamengo perceber a necessidade de readequar os preços dos ingressos para contar com apoio total da torcida no jogo de volta contra o Cruzeiro, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, na próxima quarta-feira. Nesta quinta, um dia após a derrota por 2 a 1 no Mineirão, o clube da Gávea anunciou a redução de 40% no valor das entradas dos setores mais baratos do estádio.
Nas áreas centrais, mais caras, os preços também foram reduzidos. No setor Centro Superior, o ingressos custará R$ 80 (valor da entrada inteira), o Centro Inferior custará R$ 120 e o Centro Inferior, com alimentação incluída, R$ 160. Em todos os setores há o benefício da meia entrada, conforme a legislação, e também o desconto para sócio-torcedores. Os dias de venda antecipada e os postos autorlizados ainda serão anunciados pelo clube.O preço para quarta-feira, nas arquibancadas Norte e Sul (atrás dos gols e bandeirinhas de escanteio), caiu de R$ 100 para R$ 60, valor que cai para R$ 30 para quem tem meia entrada, e pode chegar até R$ 15 para sócios-torcedores que também tenham o benefício da meia entrada previsto por lei.
Apesar da derrota no Mineirão, o Flamengo precisa apenas de uma vitória por 1 a 0 para se classificar. Se sofrer gol em casa, o time carioca terá de bater o Cruzeiro por, no mínimo, dois gols de diferença.
O Flamengo já atuou duas vezes no Maracanã após a Copa das Confederações, nos clássicos contra Botafogo e Fluminense, mas apenas no primeiro tinha o mando de campo. Naquela partida, os ingressos variavam de R$ 100 a R$ 350 (valores das entradas inteiras). A redução do preço do setor mais caro para o jogo contra o Cruzeiro é superior a 50%.


Marta Suplicy: ‘Eles não entenderam moda como cultura’


  • Ministra ignora decisão da comissão que avalia projetos e autoriza três estilistas a captarem R$ 7,4 milhões para desfiles em São Paulo, Paris e Nova York

A ministra da Cultura, Marta Suplicy Foto: André Coelho / Agência O Globo
A ministra da Cultura, Marta Suplicy André Coelho / Agência O Globo
Lourenço apostará em peças inspiradas na figura de Carmen Miranda. Herchcovitch, no “movimento de antropofagia cultural”. Já Fraga fará peças inspiradas nos escritores Mário de Andrade e João Cabral de Melo Neto, além do artesão Espedito Seleiro. As informações constam na edição de quinta-feira do Diário Oficial da União.Além de Lourenço, também receberam o sinal verde da ministra projetos apresentados ao Ministério da Cultura (MinC) por Alexandre Herchcovitch (no valor de R$ 2,6 milhões) e Ronaldo Fraga (R$ 2 milhões). Juntos, os três estilistas poderão captar mais de R$ 7,4 milhões para realizar desfiles programados para São Paulo, Nova York e Paris.
Dos três estilistas aprovados, Ronaldo é o mais envolvido com a cultura brasileira, não apenas em termos de criação e design, mas também por ter participado de projetos como exposições e livros — além de usar o Brasil como tema de boa parte de suas coleções.
A decisão de Marta de intervir na aprovação desses três projetos — revelada pelo jornal “Folha de S.Paulo” — gerou polêmica no setor da moda, tanto pelos valores quanto pelo fato de a ministra não ter respeitado o Cnic. Abaixo, Marta defende o movimento como sendo um investimento em marketing, algo ligado à aposta no soft power brasileiro.
Como a Lei Rouanet se aplica à moda?
Tem que ter quatro eixos. O primeiro é que o projeto precisa buscar a internacionalização da moda brasileira. Estamos investindo em soft power (conceito que define poder e influência exercidos por ações culturais). Essa é uma das diretrizes do governo. E a moda é um caminho. Depois, buscamos criações com simbologia brasileira. Temos que caminhar para além do carnaval, do futebol e do samba. Em terceiro lugar, buscamos formar novos agentes. Pessoas que possam virar símbolos do país. E, por fim, queremos projetos que visem a preservação de acervo.
Por que ignorou a decisão do Cnic e aprovou o projeto do Pedro Lourenço?
A votação do conselho foi muito estranha: sete votos contra o projeto e sete abstenções. Quando vi isso, percebi que eles não tinham entendido o conceito que o governo está valorizando muito agora, o conceito do soft power, que é uma das diretrizes nacionais. Temos que levar o país para fora. Temos que ir além daquilo pelo qual já somos conhecidos. Buscamos coisas que agreguem interesse ao Brasil que tragam turistas.
Mas o Cnic existe para fazer uma avaliação e emitir um parecer sobre isso, não?
Sim, mas, quando eu soube que eles tinham vetado os desfiles pensei: “Ai, meu Deus! Eles não entenderam o conceito de moda como cultura. Não conhecem as exposições feitas no Museu D’Orsai, no Museu do Louvre... Não têm visão ampla sobre a nova imagem que queremos construir para o Brasil”. Chanel é um símbolo. Dior também. Podemos ter os nossos.
E como o contribuinte brasileiro tira proveito desses desfiles em Paris?
A projeção que o Brasil vai ter com os desfiles do Pedro é algo que nunca conseguiríamos pagar. É mídia. É marketing! Na última apresentação dele, só no Youtube, ele teve 140 mil acessos. Para nós, esse evento não será só para as 480 pessoas que conseguirão convites via internet. Não são elas que nos preocupam. Estamos de olho nas milhares de pessoas que serão atraídas para o país por uma mídia extraordinária.
Um desfile no exterior custam em média US$ 200 mil (R$ 488 mil). Pedro vai captar R$ 2,8 milhões...
Nessa área, eu delego a competência aos técnicos do ministério. Quando os valores estão muito altos, eles derrubam o projeto. Mas isso acontece antes de chegar ao Cnic. Ou seja, o projeto do Pedro passou pelos técnicos e foi aprovado. Ele deve estar fazendo algo de muita sofisticação para Paris.

Barbosa enxerga erro em multa aplicada a Marcos Valério


  • Ministros debatem critérios por cerca de 40 minutos e encerram sessão sem consenso sobre pena do operador do mensalão
  • Enivaldo Quadrado, da corretora Bônus Banval, teve pena de prisão trocada por prestação de serviços e multa. É o primeiro condenado a ter recursos acolhidos pela Corte
  • Mais cedo, os ministros do STF rejeitaram por unanimidade os recursos de Delúbio Soares e Ramón Hollerbach


Quarta sessão do julgamento do mensalão acontece hoje, com análise de embargos declaratórios
Foto: André Coelho / O Globo
Quarta sessão do julgamento do mensalão acontece hoje, com análise de embargos declaratórios André Coelho / O Globo
RIO - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram nesta quinta-feira os embargos declaratórios apresentados à Corte pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo publicitário Ramon Hollerbach, ex-sócio de Marcos Valério. Com relação aos recursos de Enivaldo Quadrado, dono da corretora Bônus Banval, os magistrados decidiram acolhê-los parcialmente. Foi a primeira vez que o plenário do STF concordou com um pedido formulado por um dos 25 condenados no processo do mensalão. Por volta das 18h30, os ministros resolveram, no entanto, encerrarar a sessão. Eles debatiam os embargos apresentados por Valério e não chegaram a uma conclusão sobre o assunto. A decisão sobre os recursos do publicitário só será tomada na semana que vem.
Em seus embargos declaratórios, Valério ressaltou uma possível contradição na fixação das multas que lhe foram atribuídas. Ao comentar o assunto, o ministro Joaquim Barbosa reconheceu o erro material e propôs a mudança dos valores em relação a dois crimes: corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Segundo a equipe de professores da Fundação Getulio Vargas (FGV) que acompanha o julgamento do mensalão com O GLOBO, a dúvida recai sobre “qual teria sido o voto final do ministro Lewandowski” — motivo pelo qual ele terá que apresentar à Corte na próxima semana sua posição final. Segundo os juristas, essa posição será essencial para definir se a pena de multa aplicada a Valério será de 30 ou de 93 dias-multa.Durante mais de 40 minutos, os ministros debateram os critérios adotados para calcular as multas, mas não chegaram a um acordo. Barbosa decidiu então encerrar a sessão, solicitando que o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do processo, prepare para a próxima semana uma justificativa detalhada sobre a fixação dos valores impostos a Valério.
O operador do mensalão foi condenado a 40 anos, quatro meses e seis dias de prisão mais multa de R$ 2,7 milhões pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Troca de pena
Mais cedo, o STF trocou a pena de prisão de Enivaldo Quadrado por prestação de serviços e multa. A medida, no entanto, apenas corrige um erro no acórdão (texto que reúne todos os votos do julgamento realizado no ano passado). Agora, o dono da corretora Bônus Banval, condenado por lavar dinheiro repassado do PT ao PP, terá que trabalhar para a comunidade, por uma hora por dia, ao logo de 3,5 anos (tempo previsto em sua condenação original) e pagar 300 salários mínimos.
Embargos de Delúbio
Os advogados de Delúbio Soares pediram, por sua vez, que a pena que foi imposta a seu cliente — de oito anos e onze meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha, mais multa de R$ 325 mil — fosse atenuada, uma vez que ele confessou ter feito caixa dois para o PT. Também enxergaram “desproporcionalidade no valor da multa” aplicada e consideraram que o STF não era a Corte certa para julgar o ex-tesoureiro. Nos embargos de declaração, os advogados de Delúbio disseram ainda que o ministro Joaquim Barbosa ignorou provas e testemunhos favoráveis a ele.
Como relator do processo e presidente do STF, Barbosa refutou todos os argumentos e foi acompanhado por todos os ministros da casa. Assim, por unanimidade, o STF manteve tanto a condenação quanto a pena de Delúbio.
Recursos de Hollerbach
Em seus embargos de declaração, Ramon Hollerbach afirmou que, no julgamento do mensalão, não havia provas para condená-lo e pediu que as punições fossem reconsideradas. Solicitou que o ministro Barbosa fosse afastado da relatoria por ser o atual presidente da Corte.
O plenário do STF também rejeitou os recursos dele por unanimidade e manteve sua pena.
Hollerbach foi sócio de Marcos Valério e Cristiano Paz e assinou os empréstimos simulados destinados a abastecer financeiramente o esquema do mensalão, além de documentos contábeis considerados fraudulentos. Foi beneficiado com os contratos de publicidade obtidos irregularmente com a Câmara dos Deputados e o Banco do Brasil. Também teve participação na remessa irregular de divisas para o exterior, que teve como beneficiários o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes. Hollerbach foi condenado a 29 anos, sete meses e vinte dias mais multa de R$ 2,79 milhões pelos crimes de corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha.
Depois de quatro sessões completas, os ministros do STF rejeitaram os embargos declaratórios de 13 dos 25 reús condenados pelo mensalão. São eles: Carlos Alberto Quaglia, Emerson Palmieri, Jacinto Lamas, Valdemar Costa Neto, José Borba, Romeu Queiroz, Roberto Jefferson, Bispo Rodrigues, Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinícius Samarane, Delúbio Soares e Ramón Hollerbach.
Em todos os casos, as penas e as condenações estão mantidas.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Estudo critica falta de personagens gays nos filmes de Hollywood em 2012


  • Relatório de ONG indica que, em 101 produções, apenas 14 tinham personagens LGBT


Javier Bardem (à direita) como o vilão Silva, em ‘007 - Operação Skyfall’
Foto: Divulgação
Javier Bardem (à direita) como o vilão Silva, em ‘007 - Operação Skyfall’ Divulgação
NOVA YORK — Em seu primeiro estudo sobre filmes lançados pelos grandes estúdios, a ONG Glaad critica Hollywood pelo baixo número de personagens gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros no ano passado. Oestudo, publicado nesta quarta-feira sob o título “Indíce de responsabilidade dos estúdios 2013”, descobriu que entre os 101 filmes lançados pelos quatro grandes estúdios (Sony, Warner, Universal e Fox) em 2012, apenas 14 traziam personagens identificados como lésbicas, gays ou bissexuais e nenhum deles era transgênero.
A Glaad, antigamente conhecida como “Gay and Lesbian Alliance Against Defamation” (“Liga gay e lésbica contra a difamação”), reprovou a 20th Century Fox, sem nenhuma representação nos 15 filmes lançados ano passado; e a Walt Disney, que trouxe apenas o apresentador da MSNBC abertamente gay Thomas Roberts, que interpreta a si mesmo em “Os Vingadores”.
A Paramount ficou na média (há um casal de mães lésbicas na comédia adolescente “Pequeno problema, mega confusão”), assim como a Universal (personagens gays e lésbicas nos filmes “A escolha perfeita” e “Ted”) e a Warner Brothers (personagens gays em “A viagem” e “Rock of ages”).
A Sony Columbia ganhou uma nota adequada no estudo, que cita o vilão bissexual de Javier Bardem em “007 - Skyfall”. A Glaad ressalta, entanto, que “se por um lado é bom ver um personagem LGBT num papel tão importante em uma grande franquia, retratar um bissexual como vilão é uma triste tradição do cinema e deixa em dúvida se o estúdio algum dia mostraria um protagonista masculino numa franquia de ação que não fosse heterossexual.”
A Glaad, que também publica uma análise anual dos personagens em séries de televisão, criticou a indústria cinematográfica por não acompanhar a ritmo da mídia irmã.
“A televisão vem se tornando cada vez mais inclusiva — com uma porcentagem recorde de personagens LGBT na temporada 2012/2013 — e a indústria cinematográfica está ficando para trás”, diz o relatório. “Apesar dos filmes alternativos ainda trazerem algumas das mais ousadas histórias LGBT, os grandes estúdios relutam em incluir personagens LGBT em papeis significativos ou em franquias”.
Muitas mortes
Mesmo com a baixa quantidade de personagens gays nos filmes, o "The Guardian" lembrou que o número, atualmente, é bem maior do que o de décadas atrás. Há, porém, uma ressalva: quando um homossexual aparece na tela em um papel relevante, é quase certo que ele vai morrer em algum ponto da trama. Baseando-se em uma análise das produções indicadas ao Oscar desde "Filadélfia" (1993), pela qual Tom Hanks levou uma estatueta, o jornal faz as contas: houve 257 representações de personagens heterossexuais, e 23 de gays, bissexuais ou transexuais. Do montante LGBT, 56.5% (13) morrem. Dos dez sobreviventes, só quatro, em todos esses 19 anos, têm um final feliz.


Ariano Suassuna é internado em Recife após sofrer infarto


  • Escritor deu entrada no Real Hospital Português na manhã desta quarta e foi submetido a exames
  • A notícia foi dada pela primeira mão pelo colunista Ancelmo Gois, mas no primeiro momento foi negada pela família

O escritor Ariano Suassuna Foto: Marco Antônio Teixeira
O escritor Ariano Suassuna Marco Antônio Teixeira
RIO - O escritor e assessor especial do governo de Pernambuco Ariano Suassuna foi internado no Real Hospital Português, em Recife (PE), após sofrer um infarto. A notícia foi confirmada por sua assessora, que informou que ele está "consciente e conversando com a família". Na manhã desta quarta-feira, o colunista do GLOBO Ancelmo Gois noticiou em primeira mão o infarto, mas o filho do escritor, Dantas Suassuna, e o genro, Alexandre Nóbrega, desmentiram a informação, explicando que ele estava realizando apenas exames de rotina. Por volta das 14h, houve a confirmação, por parte da assessoria, de que o escritor realmente sofreu um infarto e está internado.
Em seguida, o governo do estado de Pernambuco divulgou a seguinte nota:— Nos últimos três dias ele não estava muito bem. Vinha reclamando do cansaço e foi internado para exames. Foi realmente confirmado um princípio de infarto, que teria acontecido há uns dois dias — disse Adriana Victor, secretária executiva do escritor e amiga da família.
"O escritor Ariano Vilar Suassuna, 86 anos, está internado no Hospital Português, no Recife, onde chegou às 9h desta quarta-feira (21/08), depois de sentir-se indisposto. Por recomendação médica, submeteu-se a exames. Foi diagnosticado um infarto. O escritor, que é secretário da assessoria especial do Governo de Pernambuco, está consciente, conversando com a família e bem-humorado. Ele deve permanecer internado, à espera de resultados de alguns exames. Um boletim médico será divulgado até o final do dia pela equipe médica do Hospital Português."
Suassuna é o escritor mais popular de Pernambuco, e tem obras marcantes encenadas, transformadas em filmes e em especiais de TV, como "O auto da compadecida" e "A Pedra do Reino".


A Petrobras vai ficando para trás?, por José Aníbal



Em outubro a Petrobras completa 60 anos. Depois de realizar o mais difícil, que era crescer e se internacionalizar, a gigante brasileira voltou a andar para trás. Toda semana sai notícia sobre um novo pedaço da estatal sendo faturado no exterior.
Sacrificada por administrações temerárias, a Petrobras encolheu, endividou-se, perdeu força e mercado. Sem resultados reais para mostrar, decidiu alterar subitamente seu regime de contabilidade.
No ano 2000, um corajoso plano de internacionalização da empresa foi colocado em andamento. Competitiva, eficiente e com saúde financeira crescente, a Petrobras adquiriu ativos no exterior que fizeram dela líder em exploração e produção de petróleo na América Latina.
Em 2007, os negócios da Área Internacional cobriam 26 países em três continentes -- da Argentina à Angola, dos Estados Unidos ao Senegal, de Cingapura ao Paquistão. A Petrobras detinha 13.174 poços produtores, 112 plataformas, 189 navios e quase seis mil postos de venda.
Então veio a euforia paralisante do pré-sal. O país suspendeu o ritmo de expansão da atividade, congelou investimentos em produção, desligando da tomada a vibrante companhia. Pararam tudo para repensar as regras que fizeram da estatal dinâmica e agressiva.
Poços se esgotaram, encomendas atrasaram, investimentos propagandeados como estratégicos tornaram-se sacos sem fundos de recursos públicos. Pior: fizeram da Petrobras parceira de grandes loroteiros internacionais.


Também tiveram a genial ideia de fabricar o preço da gasolina. Não bastasse a bolha inflacionária gestada, os prejuízos com importação de combustível bateram R$ 23 bilhões em 2012 (e seguem crescendo).
Com a maior alavancagem de sua história e com o Real derretendo diante do dólar (no momento em que escrevo este artigo a cotação ultrapassou R$ 2,40), a Petrobras preocupa.
De Petrossauro, a gigante brasileira passou a ser vista como a companhia que reinventou o setor. A regressão que se seguiu é lamentável neste mundo de alternativas e oportunidades cada vez mais escassas.
Quem conhece a história sabe. Primeiro vieram o aço, a energia elétrica e o petróleo. Depois deles veio a indústria e então nasceu o Brasil contemporâneo.
A Petrobras é um dos motores do desenvolvimento econômico que tanto melhorou a vida dos brasileiros. E seu papel para o futuro será ainda mais decisivo.
Vítima de irracionalidades próprias do uso político que se fez da companhia, a Petrobras vai se afastando cada vez mais das líderes mundiais, a despeito dos esforços genuínos empreendidos pela atual diretoria.

José Aníbal é economista e secretário de Energia de São Paulo.

A Frase do Dia



FRASE DO DIA
Ela (Dilma) lançou pela quinta vez o mesmo programa anunciado pela primeira vez em 2009, quando eu era governador do Estado e Lula, presidente da República.
Senador Aécio Neves (PSDB-MG),

Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Presidente da Câmara não recorrerá contra determin...": 
Entenda-se:
Os diretores da Câmara não têm nada a ver com o pagamento ilegal de salários mas já que a fiscalização pegou vamos cumprir a lei. 
"Tudo está como antes no Quartel de Abrantes." 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Presidente da Câmara não recorrerá contra determinação do TCU para corte de supersalários

Levantamento do GLOBO mostrou que 1.677 servidores estão recebendo acima de R$ 28 mil



O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMD-RN) Foto: Alexandra Martins / Agência Câmara
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMD-RN) Alexandra Martins / Agência Câmara
BRASÍLIA. O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), disse ontem ao GLOBO que não recorrerá contra a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) para que a Casa corte os supersalários pagos a 1.677 servidores. Este é o total de funcionários da Câmara com remunerações superiores ao teto constitucional do funcionalismo público, de R$ 28 mil, valor pago a um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Questionado se iria apresentar um embargo contestando a decisão do TCU, Alves respondeu:
– De jeito nenhum. Estou esperando o acórdão para checar valores e servidores e cumprir a decisão do TCU.
Em sessão na última quarta-feira, 14, a maioria dos ministros presentes em plenário decidiu que os salários devem ser cortados num prazo de 60 dias. Uma auditoria iniciada em 2010 concluiu que 1,1 mil empregados da Câmara recebiam acima do teto, o que se configura uma ilegalidade.
A Câmara só divulga tabelas com todos os salários pagos e os respectivos cargos, sem identificar os nomes dos servidores. Também é possível fazer consultas individuais. Por essas duas formas, é impossível saber quem são os recordistas em supersalários na Casa, em contraposição à Lei de Acesso à Informação.Um novo pente-fino identificou o dobro de servidores recebendo remunerações superiores à de um ministro do STF. Com base nos critérios utilizados pelo TCU para determinar a adequação ao teto, O GLOBO analisou a folha de pagamento do último mês de julho e encontrou 1.677 funcionários da ativa e aposentados recebendo supersalários de até R$ 49,4 mil. Vinte e dois receberam mais de R$ 40 mil naquele mês.
Mesmo aplicando um abate-teto – um desconto aplicado para reduzir os salários e teoricamente adequá-los ao teto –, 1.677 servidores continuam recebendo mais do que um ministro do STF. Isso ocorre porque a Câmara deixa de fora do cálculo alguns componentes do salário, como os pagamentos por exercício de função comissionada. A Casa entende que essa parcela não deve ser incluída no cálculo. O TCU decidiu pelo contrário.
Se, ao fim dos 60 dias, os cortes de salários não tiverem ocorrido, o diretor-geral da Câmara e os servidores que receberam acima do teto poderão ser responsabilizados. Na decisão na última quarta, prevaleceu o voto do relator do processo, ministro Raimundo Carreiro, que defendeu a não-devolução dos valores pagos a mais. O Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal (Sindilegis) já anunciou que vai recorrer contra a decisão do TCU de aplicar um corte de salários.