quarta-feira, 22 de abril de 2009

História dos Bairros do Rio de Janeiro - Leblon


O nome do bairro vem de Charles Leblon, francês dono de um grande lote no areal - o chamado “Campo do Leblon” -, que, em 1845, ali instalou uma fazenda de gado.
No início do século XX, o Leblon era constituído por chácaras desmembradas da Fazenda Nacional da Lagoa e tinha poucas ruas, entre as quais se destacava a Rua do Sapé ou do Pau (atual Dias Ferreira). Nas décadas de 1910 e 1920, a Companhia Industrial da Gávea promoveu o loteamento inicial do Leblon e foram implantadas praças, avenidas e diversas ruas. Como sempre, a promoção imobiliária era articulada à implantação do bonde que, em 1914, interligaria o bairro com o resto da Cidade.
Ao longo do canal aberto entre mar e lagoa, o Prefeito Henrique Dodsworth implantou, em 1937, setenta mil metros quadrados de jardins, ficando o lugar conhecido popularmente como Jardim de Alah. Nas proximidades, em 1957, surgia no bairro a Cruzada São Sebastião, composta por dez blocos habitados por seis mil pessoas de baixa renda.
Poucos anos depois, na década de 1960, as grandes favelas do bairro foram removidas e sua população remanejada para bairros distantes na Zona Oeste. A produção imobiliária se intensificou, o bairro se elitizou, cresceu, adensou e virou referência noturna com seus bares e restaurantes.
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Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280 de 23 de agosto de 1985

2 comentários:

AAreal disse...

Ivanildo, muito bom. Como o Leblon é jovem.

carlos eduardo alves de souza disse...

Ivanildo amigo, permita-me uma digressão, mesmo que possivelmente longa demais, em torno ao que nos diz o Roberto e que é confirmado pelo excelente "História das ruas do Rio de Janeiro", de Brasil Gerson. Aproximando-se a data da Abolição, ganha relevo o que nos conta o capítulo "Leblon, a caminho da Barra", à página 311: que,ao final da rua do Pau, haveria que subir de charrete morro acima pela, hoje, rua Sambaíba - algo menos íngreme que a Igarapava - para chegar a duas chácaras que existiam na encosta do morro. Uma na Sambaíba, que ainda conheci nas mãos de um português, Coelho Duarte, hoje repartida em numerosos edifícios à esquerda e à direita da Sambaíba. Quase ao seu final, algo antes do que hoje se chama o condomínio Quintas e Quintais, havia a chácara de um rico comerciante português , José Magalhães Seixas, ferrenho abolicionista, companheiro de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e dos irmaos Rebouças, que ali se encontravam para tramar suas ações. Seixas, no seu ardor abolicionista chegava a esconder escravos fugidos em sua chácara, que,por esse motivo, era chamada de Quilombo Leblon. Diz-nos o livro que dessa chácara, no dia 13 de maio de 88, partiu uma numerosa leva de escravos, ali já libertos, levando camélias brancas a serem entregues à Princesa Isabel. A digressão que me seja permitida é para contar que meu pai construiu em 1936 uma das primeiras casas da Sambaíba, então um êrmo distante de tudo. Nossa casa, um belíssimo prédio paladiano, como meu pai tanto admirava, era quase ao lado do Coelho Duarte,cuja chácara era o meu Eden frutífero, onde vastas mangueiras, cambucás, abios, jamelões e grumixamas derramavam seus frutos ao alcance de minhas mãos de menino de sete ou oito anos, não fossem eles guardados por um imenso jardineiro que brandia uma escopeta que se dizia carregada de cartuchos de sal. Meu irmão, Jorge Eduardo, e eu passamos toda nossa meninice naquela área que conhecíamos como a palma de nosass mãos. Assim, lembramo-nos bem da casa de cômodos em que se convertera a Chácara do Seixas,o Quilombo do Leblon, que guardava vestígios do amplo e belo prédio que fôra. Ainda, há dez ou quinze anos, havia ruínas do que fora o imóvel que, me lembro bem, tinha sua cimalha ou beiral em madeira recortada lembrandro os chalés do século XIX que ainda se tem a sorte de ver alhures. Da mesma forma, até esses dez ou quinze anos atrás, quando se passava de carro pelo São Conrado, havia um homem vendendo camélias brancas, imagem perdida que se esfumaça na memória da cidade, hoje tão bem evocada pela matéria do nosso Roberto.