Márcio Moreira Alves amou o Brasil. Por este amor enfrentou os militares e foi para o exílio. Por este amor voltou ao país de coração aberto. O ex-deputado entrou para os livros de História do país quando muito jovem e fez um discurso arrebatado e irreverente conclamando os brasileiros e as brasileiras a isolar o militarismo. Era apenas um cidadão apaixonado pelo país e pela liberdade, mas foi confundido com um perigoso inimigo da pátria pela intolerância daquele tempo maluco. Meus netos estudarão nos livros que seu discurso levou o governo a editar o AI-5. Tomara que os livros contem a história inteira como a história foi.
Quando voltou e não conseguiu o mandato, Márcio encontrou o caminho de juntar o jornalismo, que tinha sido seu primeiro ofício, e a política, sua vocação natural. E no jornalismo político, pensar, fiscalizar e aplaudir o Brasil. Sua coluna publicada no jornal O Globo tinha estilo próprio. Era capaz de corajosas provocações a políticos e partidos envolvidos em escândalos, e ao mesmo tempo enternecia o leitor nas colunas de sábado contando histórias de brasileiros comuns que resgatavam a vida de outros brasileiros. Seus sábados azuis, como ele chamava as colunas de sábado, contavam histórias de heróis anônimos, de programas sociais notáveis, de pessoas. Nelas ele exibia seu otimismo em relação ao futuro do país.
No jornalismo virou interlocutor frequente dos militares. As vezes escrevia defendendo questões como a necessidade de investimento nas Forças Armadas, ou exaltando o trabalho do Exército em regiões remotas do país. Sem nenhum traço de rancor, sem sequer mostrar que se lembrava do sofrimento de perder o mandato, viver escondido e sair do país. Não se indispôs com as Forças Armadas, mas com a supressão da democracia.
Eu tive o privilégio de conviver com ele nesta fase da volta ao jornalismo. Descrevê-lo é dificil. Tentarei umas palavras: Marcito era surpreendente, jovial, generoso, espantosamente franco, engraçado, culto, inteligente. Mas sobretudo, o que vi nas conversas, nas preocupações, nas reuniões em sua casa foi um brasileiro que nunca parou de amar, se preocupar e torcer pelo Brasil.
Quando voltou e não conseguiu o mandato, Márcio encontrou o caminho de juntar o jornalismo, que tinha sido seu primeiro ofício, e a política, sua vocação natural. E no jornalismo político, pensar, fiscalizar e aplaudir o Brasil. Sua coluna publicada no jornal O Globo tinha estilo próprio. Era capaz de corajosas provocações a políticos e partidos envolvidos em escândalos, e ao mesmo tempo enternecia o leitor nas colunas de sábado contando histórias de brasileiros comuns que resgatavam a vida de outros brasileiros. Seus sábados azuis, como ele chamava as colunas de sábado, contavam histórias de heróis anônimos, de programas sociais notáveis, de pessoas. Nelas ele exibia seu otimismo em relação ao futuro do país.
No jornalismo virou interlocutor frequente dos militares. As vezes escrevia defendendo questões como a necessidade de investimento nas Forças Armadas, ou exaltando o trabalho do Exército em regiões remotas do país. Sem nenhum traço de rancor, sem sequer mostrar que se lembrava do sofrimento de perder o mandato, viver escondido e sair do país. Não se indispôs com as Forças Armadas, mas com a supressão da democracia.
Eu tive o privilégio de conviver com ele nesta fase da volta ao jornalismo. Descrevê-lo é dificil. Tentarei umas palavras: Marcito era surpreendente, jovial, generoso, espantosamente franco, engraçado, culto, inteligente. Mas sobretudo, o que vi nas conversas, nas preocupações, nas reuniões em sua casa foi um brasileiro que nunca parou de amar, se preocupar e torcer pelo Brasil.
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(foto: Marcio Moreira Alves recebe do Presidente Lula a medalha da Ordem da Inconfidência em Ouro Preto, em 24/4/2003)
2 comentários:
O inspirado discurso do Márcio, um marco para a História Republicana, provocou o endurecimento da ditadura.
Uns dizem que a represália tinha como alvo a sugestão para as mulheres de militares abandonarem o leito matrimonial.
Outros dizem que o real perigo estava na citação da peça "Lisistrata" de Aristophanes capaz de reacender idéias de contestação e democracia da velha Atenas.
Morre um ótimo sujeito. Dessses que farão imensa falta, sobretudo porque o Marcito, até que a doença se abateu sobre nele, creio que no último ano e meio, estava no apogeu de sua inteligência, cultura e sense of humour que, se é verdade que sempre foram muito agudos, com a idade foram amadurecendo e ganhando contornos de genialidade. Imensa perda!
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