Decisão ainda será formalizada com reunião com todos os países-membros da organização
GENEBRA e BRASÍLIA - O brasileiro Roberto Azevêdo vai assumir o comando da Organização Mundial do Comércio (OMC). O diplomata disputava com o candidato mexicano Herminio Blanco, ex-ministro do Comércio de seu país, e ganhou nesta terça-feira indicação formal da entidade ao cargo. Sua vitória será formalizada em 14 de maio, em reunião com todos os países-membros da organização. Azevêdo substituirá o diretor-geral Pascal Lamy. O Itamaraty confirmou no início da tarde desta terça-feira a indicação. É a primeira vez que um latino-americano assume a organização internacional. O brasileiro assume o posto a partir de 1º de setembro.
Os europeus, que nesta segunda-feira haviam decidido votar em bloco contra o candidato do Brasil, votaram hoje com os americanos, que não revelaram seu voto. Nos bastidores, no entanto, representantes dos EUA revelaram que o estilo de Azevêdo os agradava.Até o início da manhã de hoje, já haviam sido contabilizados 93 votos a favor de Azevêdo. Para vencer, é preciso ter 80 votos, ou seja, maioria do total de 159 países-membros. Além disso, tem peso fundamental a representatividade do candidato em todos os continentes. O Brasil tem voto de grande parte das Américas, dos Brics (bloco de países formado por Brasil, Rússia, China e África do Sul) e dos países africanos.
A campanha da União Europeia (UE) não surpreendeu o Brasil, que já não contava com os votos da região. À frente do Brasil, Azevêdo foi responsável pelo ganho de causa do país contra os subsídios concedidos pelo governo dos Estados Unidos aos produtores de algodão e contra a UE aos produtores de açúcar.
“DG” é como todo mundo na OMC se refere ao diretor geral da instituição. Mas a abreviação ganhou outra conotação depois que Roberto Azevêdo lançou sua candidatura ao comando da organização. “DG” virou também a sigla para “Damn Gourgeous”: algo como “lindo para caramba”, em inglês. Baiano de olhos verdes, com porte atlético (adora nadar), simpatia e inteligência para esbanjar, Azevêdo, de 55 anos, casado com a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Azevêdo, com quem tem três filhas, já tem seu fã clube na organização.
Sua campanha, no entanto, se concentrou no essencial: embaixador do Brasil na OMC desde 2008, especialista em comércio, ele é considerado o homem que conhece profundamente os meandros da instituição. E mais: tem fama de bom negociador “de consenso”. A palavra pode parecer dispensável, mas na OMC — uma organização onde cada um dos 159 países-membros tem o mesmo voto e tudo que ser decidido por consenso — ter esta distinção faz toda a diferença.
A Organização Mundial do Comércio foi criada em 1994, mas suas raízes nasceram no pós-guerra, com a celebração do chamado Gatt 47, o Acordo Geral de Tarifas e Comércio, na sigla em inglês, que consolidava princípios gerais de comércio internacional. O acordo tinha caráter provisório e precederia a Organização Internacional do Comércio, que fora prevista na Conferência de Bretton-Woods, de 1944, mas não foi criada. Apenas em 1994, após a Rodada de Comércio do Uruguai, fundou-se a Organização Mundial do Comércio, uma verdadeira organização internacional, para solucionar as fragilidades do Gatt.
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