Segundo arcebispo do Rio, ele caminhará por uma rua da comunidade de Varginha e não haverá grades em seu caminho
- Neste sábado, Dom Orani celebrou missa na capela que será visitada pelo pontífice
- Papa irá a Manguinhos dia 25 de julho, durante a Jornada Mundial da Juventude
RIO - O arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, celebrou missa na manhã deste sábado na capela de São Jerônimo Emiliani, em Varginha, uma das comunidades mais pobres de Manguinhos. A capela será visitada pelo Papa Francisco, em 25 de julho, durante a Jornada Mundial da Juventude. O pontífice rezará uma missa no local, terá poucos minutos de conversa com cerca de três jovens e, em seguida, caminhará por alguns metros da rua em frente à capela, até o campo de futebol da comunidade, onde haverá um palco para ele discursar aos fiéis. No caminho, segundo Dom Orani, não haverá grades cercando o papa, que ficará livre para entrar em algumas casas e conversar com moradores.
— Este é o tempo da juventude, da Igreja que se renova e que está cada vez mais aberta ao diálogo. A Igreja, na figura do papa, quer estar mais e mais próxima de seus fiéis — afirmou o arcebispo.
Segundo o Padre Márcio Queiroz, responsável pela capela de São Jerônimo há quatro anos, a escolha dela com um dos pontos de visita papal foi providencial.Extremamente pequena, a capela de São Jerônimo Emiliani abrigou mais de 150 pessoas na manhã deste sábado, boa parte delas assistindo à missa do lado de fora. Ela é a menor das três capelas que integram a Paróquia Nossa Senhora do Bonsucesso de Inhaúma, que fica em Bonsucesso. O templo já carrega, no entanto, um fato marcante em sua história: foi visitado por Madre Teresa de Calcutá em 1972.
— Eu acredito que o papa nem sabia que esta é uma das comunidades mais pobres do Rio e que passou pelo processo de pacificação há bem pouco tempo. O que muitos chamam de coincidência eu chamo de obra de Deus. A visita dele nos dá mais força para continuar o trabalho silencioso de toda a arquidiocese aqui. É uma oportunidade de mostramos o quanto a Igreja está viva e quantos desafios nós ainda temos que enfrentar — diz Padre Queiroz.
Religioso não quer estimular “maquiagem” em favela
O padre afirmou, ainda, não estimular entre os fiéis uma “maquiagem” na comunidade apenas para receber o papa:
— Não tem sentido criar algo que não somos. Temos de mostrar é nossa simplicidade mesmo.
Os fiéis podem evitar “maquiagem”, mas o asfalto colocado pela prefeitura em frente à capela não é o mesmo de semanas atrás. Há asfalto novo, com piche ainda bem fresco, da entrada de Varginha, onde fica a capela, até o campo de futebol onde Papa Francisco irá discursar. Daí em diante, mantém-se o velho asfalto conhecido dos moradores.
Para a maioria dos fiéis da comunidade, o que interessa mesmo é se preparar para a chegada do papa. A aposentada Amara Oliveira, de 82 anos, que mora a cinco minutos a pé da capela, pretende chegar cedo no dia da visita, mesmo arrastando a inseparável bengala.
— Vou fazer de tudo para chegar bem perto do papa. Hoje, nesta missa, já me emocionei muito. Nem sei como vai ser no dia em que eu encontrar o Papa Francisco. É o tipo de coisa que acontece apenas uma vez na vida. Ainda mais na minha, que já passa dos 80 — brinca Amara.
A missa celebrada pelo arcebispo neste sábado faz parte do "Rio celebra", no qual ele preside missas mensais em diversas igrejas da cidade, desde 2008. Esta é a segunda vez que ele celebra na capela de Varginha, comunidade que reúne cerca de 400 famílias.
Na saída da igreja, Dom Orani comentou ainda o mascote da Jornada, desenhado por Ziraldo: um anjo que segura uma mala em uma das mãos e faz sinal de positivo com a outra:
— Achei que representa bem o espírito carioca. Muito criativo — disse.
Um comentário:
Aguardamos com muita esperanca a visita do arauto de Cristo.
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