Cineasta Lúcia Murat ainda prestou homenagem aos soldados que a ajudaram na prisão
RIO — Levada para a enfermaria do Batalhão da Polícia do Exército, após mais uma sessão de torturas no prédio anexo, ocupado pelo DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna), a cineasta Lúcia Murat passaria as horas seguintes ao lado de um enfermeiro soldado, que varou a noite aplicando compressas em seus ferimentos. Este soldado e um outro recruta, que se prontificou a levar uma mensagem para os pais da presa, correndo ricos, representaram para Lúcia o único momento de humanidade na mais terrível experiência de vida da cineasta, iniciada quando ela foi presa em março de 1971, no Jacarezinho, por agentes da repressão. O depoimento de Lúcia, nesta terça-feira, emocionou o plenário lotado da Assembleia Legislativa do Rio, quando descreveu os suplícios sofridos no DOI, teve espaço para a homenagem aos dois soldados desconhecidos.
— Enquanto aplicava as compressas, esse enfermeiro me disse que, quando terminasse o serviço militar, queria esquecer tudo o que viu ali.
Os horrores na carceragem do DOI, incluindo choques elétricos, tortura sexual, pau de arara e pressão psicológica, foram descritos em detalhes por Lúcia Murat e pela historiadora Dulce Pandonfi na primeira atividade pública da Comissão Estadual da Verdade.
Dulce disse que, logo após ser presa, em agosto de 1970, na condição de militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN), e levada para o mesmo DOI, ouviu de seus algozes que ali "não existe Deus e nem pátria, só nós e você". Ela disse que uma das mais grotescas torturas a que foi submetida foi ter um jacaré andando em seu corpo nu
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Um comentário:
As torturas animalescas devem ser esquecidas na reconstrução do país.
Os torturadores, jamais!!
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