Dona Dilma é uma figura curiosa. A impressão que dá é que ela em seus momentos de profunda meditação sobre os problemas do país que gerencia, tem uma ideia, elabora sobre o que pensou, estala os dedos e, pimba!, dá tudo como resolvido.
Os próximos passos são comunicar o que bolou aos seus assessores e depois, ao distinto público.
Os assessores, que querem tudo menos perder os cargos, ou ficam mudos ou, interpelados, acham a ideia magnífica.
O distinto público ouve estarrecido e se divide em crentes e não crentes.
Durante sua campanha para presidente da República, dona Dilma se apercebeu que um dos nossos maiores problemas era a falta de creches onde estacionar as crianças enquanto as mães trabalham. Como mãe, solidarizou-se com o problema e após sopesar os prós e os contras, prometeu a construção de seis (6) mil creches.
Estalou os dedos, aguardou a posse e seguiu a rotina acima mencionada. Pronto, para ela esse problema deixou de existir.
Quando da tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro, sensível ao horror que via por toda a parte, estalou os dedos, etc. etc., e prometeu seis mil (6) casas. Mais um problema resolvido.
Pelo visto, dona Dilma gosta muito desse número...
Não sei quantas outras seis mil coisas ela prometeu, mas, agora, acompanho, com muita atenção, a promessa dos seis (6) mil médicos que vai contratar para resolver o angustiante problema dos municípios sem médicos.
Albert Schweitzer, em Lambaréné, Gabão
Não há, da minha parte pelo menos, nenhuma apreensão quanto à contratação de médicos cubanos. (Só peço que não enviem nenhum dos que trataram o indigitado Chávez. Mas o geriatra do Fidel seria até muito bem vindo!).
Podem vir médicos portugueses, franceses, búlgaros, poloneses, a nacionalidade é o que menos importa.
O que importa é que tipo de infraestrutura os médicos encontrarão para exercer seu trabalho.
Encontrarão saneamento básico? Água encanada? Energia farta? Acesso à Internet, hoje fundamental para qualquer médico? Laboratórios? Equipe de enfermagem preparada para auxiliá-los? Material hospitalar de fácil reposição? Enfermarias bem montadas? E salas de cirurgia? Transporte para os casos de pacientes que tenham que ser enviados para grandes centros?
Tenho para mim que dona Dilma andou lendo ‘Entre a água e a selva’, de Albert Schweitzer (1875/1965), o grande médico de Lambaréné, no Gabão. Ao fechar o livro estalou os dedos e imediatamente resolveu: importo seis (6) mil médicos e nosso problema está resolvido.
Ah! Se fosse possível clonar Schweitzers, médico, filósofo, teólogo, músico, humanista, um homem em um bilhão!
Com isso, o Brasil ficaria pequeno para o número de doentes do mundo inteiro que viria para nossas Lambarénés.
Sonhar ainda é possível.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa escreve semanalmente para o Blog do Noblat desde agosto de 2005. Ela também tem um blog – Maria Helena RR de Sousa
Um comentário:
As aspirações dos brasileiros não têm limites.
Procurar um Albert Schweitzer brasileiro para resolver nossos problemas de saúde equivale a sonhar com um Shakespeare escrevendo peças em português ou um Buffett para gerir nossos investimentos.
Se a cultura fosse um bem compartilhado por alguma "Bolsa Família" os brasileiros poderiam recorrer aos exemplos de Osvaldo Cruz e Carlos Chagas, Nelson Rodrgues e o Barão de Mauá para superar nossos problemas.
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