domingo, 5 de maio de 2013

Dilma tem problemas para armar palanque de 2014


Temer tenta contornar resistências no PMDB, mas setores do partido defendem exame da aliança por estado


Presidente Dilma Rousseff deve tentar a reeleição em 2014
Foto: Gustavo Miranda / Agência O Globo
Presidente Dilma Rousseff deve tentar a reeleição em 2014 Gustavo Miranda / Agência O Globo
BRASÍLIA — Ainda falta mais de um ano para o início da campanha da reeleição, em 2014, mas o PT e a presidente Dilma Rousseff já estão convivendo com enormes dificuldades para a composição do palanque eleitoral. Os problemas estão principalmente no PMDB, mas também no PDT e no PR.
Eleito como parceiro prioritário da chapa da reeleição, o PMDB do vice-presidente Michel Temer está rachado de Norte a Sul do país, com muitas dúvidas sobre ter palanque próprio ou simplesmente apoiar a presidente Dilma. Nos últimos meses, a presidente despachou Temer para uma missão delicada: percorrer os estados problemáticos para promover a reaproximação com governadores rebelados do PMDB, como André Puccinelli (MS), ou para minar possíveis palanques competitivos de adversários, como em Goiás, onde Temer atraiu para o PMDB o megaempresário José Batista Júnior, do frigorífico JBS/Friboi, afastando-o do palanque do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
Situação é crítica com PMDB no Rio
O problema mais acirrado está no Rio de Janeiro, onde o PMDB de Sérgio Cabral não aceita o chamado palanque duplo para Dilma no estado. Cabral exige que o senador petista Lindbergh Faria renuncie à pré-candidatura para apoiar o vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
— No Rio, ainda não arriamos a bandeira. Temos que dar tempo ao tempo — afirmou o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).
Peemedebistas que dizem que Dilma enfrenta problemas semelhantes na Bahia, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e em Santa Catarina defendem a liberação do partido na convenção nacional que decidirá sobre a eleição presidencial de 2014. O PMDB, assim, ficaria fora da coligação formal, para ir compondo com diferentes partidos, de acordo com a realidade de cada estado, o que Temer não concorda, pois perderia seu posto.
Na Bahia, se repete a situação do Rio. O grupo dos irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima não se acerta com o PT do governador Jaques Wagner e deve lançar candidatura própria. E pior, com grande possibilidade de apoiar Eduardo Campos.
Puccinelli, que sempre fez dobradinha no Mato Grosso do Sul nas últimas eleições com o PSDB, mas rompeu a aliança na disputa municipal do ano passado, indica, por enquanto, que Temer conseguiu um armistício. Depois de uma conversa franca em que o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) contou a presidente Dilma as dificuldades de composição com o PT no seu estado, ela foi a Campo Grande e prometeu investimentos bilionários ao lado do governador.
PDT e PR não asseguram alinhamento automático
As dificuldades enfrentadas com o PMDB se repetem com outros partidos aliados ao governo. Com o mesmo objetivo de implodir possíveis apoios ao provável adversário Eduardo Campos, a presidente Dilma fez gestos de reaproximação com o PDT e o PR, que estavam distantes desde a “faxina ética” do primeiro ano de mandato. Mas os partidos aliados pretendem cobrar caro para não mudarem de lado. Mesmo com a reforma ministerial promovida para contemplar esses dois partidos, seus dirigentes continuam vendendo dificuldades para apoiar a reeleição e oferecer palanques a Dilma nos estados.
Em reunião recente com o presidente do PDT, Carlos Lupi, o presidente do PT, Rui Falcão, ouviu que em Pernambuco o PDT permanecerá com Eduardo Campos, e, em Minas, com o senador Aécio Neves, presidenciável do PSDB. No Rio Grande do Sul, os pedetistas vão lançar Vieira da Cunha contra a candidatura à reeleição do governador petista Tarso Genro, deixando o palanque presidencial em aberto.
Já no Rio, para apoiar a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo, o PDT quer a vice ou a vaga para o Senado. Na manga, o partido tem a possibilidade de candidatura própria do deputado Miro Teixeira ou do prefeito Sandro Matos, de São João de Meriti. Na Bahia, pelo menos, os dois partidos caminharão juntos. Quanto à eleição nacional, Lupi afirma:
— Quando há esse gesto da presidente de nomear alguém que tem vínculo histórico com o partido, retoma o diálogo. Mas a eleição está muito distante. A questão nacional é reflexo desses arranjos (regionais) — disse Lupi, salientando que a meta do partido é aumentar sua bancada de deputados federais de 27 para 50.
O PR vai pelo mesmo caminho. Mesmo depois de ter abandonado a propagada independência e voltado para a base do governo, ao ser acolhido novamente no Ministério dos Transportes com Cesar Borges, o partido não cogita alinhamento automático.
A deputada estadual Clarissa Garotinho, por exemplo, afirma que, no Rio, não há compromisso de o PR apoiar a reeleição da petista:
— Não existe compromisso com eleição presidencial. O palanque está aberto para Aécio ou qualquer outro — disse Clarissa, depois de tête-à-tête com o tucano no plenário do Senado, há algumas semanas.
A declaração de Clarissa foi chancelada por seu pai, o líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho, que pretende disputar o governo do Rio:
— É isso mesmo. Nosso compromisso é nacional.


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