Entre entrevistados, 13% estão mais propensos a votar no democrata; 23% se desestimulam
LOS ANGELES — Apesar de todo o alarde com a histórico apoio do presidente Barack Obama ao casamento gay, 60% dos eleitores afirmaram que a questão não pesará em seu voto, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Gallup. Dos 40% que mudaram de opinião, 26% classificaram a declaração como negativa, e 13% afirmaram que passaram a gostar mais de Obama. Entre os eleitores independentes, 23% disseram estar menos propensos a votar no Democrata. Esse é o primeiro levantamento desde que Obama endossou publicamente seu apoio ao matrimônio entre pessoas do mesmo sexo, na quarta-feira.
Para o analista Jeffrey Jones, à primeira vista a declaração pode dar uma clara desvantagem à Obama, mas pode mudar de acordo com os rumos da campanha. “É importante observar que os resultados da sondagem são reações imediatas dos americanos sobre a posição de Obama. É possível que o impacto da declaração acabe por ser maior ou menor, de acordo com a atenção dada à questão durante a campanha presidencial”, escreveu em sua análise.
Em geral, os entrevistados aprovaram o apoio do presidente do casamento gay, 51% contra 45%, o que espelha a divisão entre os eleitores em geral encontrada nas pesquisas anteriores. A pesquisa foi realizada em uma amostra aleatória de 1.013 adultos em todos os 50 estados e no Distrito de Columbia, na última quinta-feira, e tem uma margem de erro de mais ou menos 4%.
Aplausos efusivos em festa de gala
Diante de um público predisposto a lhe apoiar, o presidente americano nem precisou mencionar explicitamente seu recente apoio ao casamento gay para conseguir ser ovacionado durante a festa de gala oferecida por George Clooney, na última quinta-feira. Foram quatro horas de sorrisos e charme, nas quais Obama distribuiu afagos a 150 estrelas de Hollywood e foi correspondido: encerrou a noite de quinta-feira, na mansão do ator George Clooney, com US$ 15 milhões arrecadados para a campanha pela reeleição — um recorde para esse tipo de evento. Obama foi ovacionado desde a entrada, onde dezenas de pessoas o esperavam com cartazes agradecendo o apoio à causa do casamento gay, e ganhou mais aplausos ao mencionar o assunto: “Obviamente, fizemos notícia”.
— Somos um país que aceita todo mundo, que dá uma chance a todos e trata cada um com justiça? Somos acolhedores com imigrantes? Somos acolhedores com pessoas que não são iguais a nós? Isso nos faz mais fortes? Acho que sim. É isso o que está em jogo — disse Obama a uma plateia amplamente favorável ao casamento gay, que incluía os atores Robert Downey Jr., Barbra Streisand, Salma Hayek, Tobey Maguire, além de diretores e produtores, como Jeffrey Katzenberg, do DreamWorks, encarregado de arrecadar as doações.
O acesso ao jantar, na mansão em estilo Tudor de George Clooney, custava US$ 40 mil, o que garantia, de saída, uma arrecadação de US$ 6 milhões. Os restantes US$ 9 milhões vieram de cheques dos presentes e da receita de uma rifa para pequenos doadores, com valores como US$ 3. Duas ganhadoras da rifa foram convidadas para o jantar, no qual Obama distribuiu seu tempo entre as 14 mesas.
Para o presidente, a diversão começou já na manhã de quinta-feira, quando jogou basquete com Clooney, Maguire e alguns de seus assessores. Ao fazer um tour pela casa, Obama reparou que o ator tem o célebre poster “Hope”, de sua campanha presidencial de 2008. O presidente disse que a foto na qual o artista plástico Shepard Fairey se baseou para seu desenho foi feita no Senado, durante uma audiência sobre o Sudão na qual ele e Clooney estavam sentados lado a lado.
— Foi a primeira vez que George Clooney foi cortado de uma foto usando Photoshop — brincou Obama. — Nunca aconteceu antes, nunca acontecerá de novo.
Clooney ficou amigo de Obama naquela época, quando ia regularmente ao Congresso para pressionar por ajuda ao Sudão, e esteve na Casa Branca diversas vezes na gestão do presidente. A agência de notícias Associated Press afirma que Fairey se baseou em outra foto, de sua propriedade, e que o artista teria alegado o uso de outra para escapar do pagamento de direitos autorais. Fairey admitiu ter cometido erros e destruído provas.
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