Em nota, assessoria de imprensa chama de "inverídica" versão divulgada da conversa
SÃO PAULO - Às vésperas do julgamento do mensalão e em plena investigação da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes (foto) entraram nesta segunda-feira numa guerra aberta de versões. Pressionado pela oposição e por outros ministros da Corte, Lula foi forçado a soltar notanegando ter pressionado Gilmar Mendes para adiar o julgamento do mensalão. Lula se disse indignado.
Na nota, a assessoria de imprensa confirma que o líder petista teve um encontro, em 26 de abril, com o ministro Gilmar Mendes, em visita ao ex-ministro Nelson Jobim, mas chama de “inverídica” a versão da conversa divulgada. A assessoria de imprensa ressalta que o ex-presidente “jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do STF ou da Procuradoria Geral da República em relação à ação penal do chamado mesalão”. “A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público”.- Meu sentimento é de indignação. O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao Supremo Tribunal Federal (STF). E depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do STF e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja - afirmou o ex-presidente.
Segundo a revista “Veja”, Gilmar Mendes foi convidado para um encontro com Lula no qual o líder petista teria dito ao ministro que é inconveniente julgar o processo do mensalão antes das eleições municipais, que tem o controle político da CPI do Cachoeira e que poderia protegê-lo das investigações. Lula, segundo Gilmar, teria mencionado uma viagem do ministro a Berlim em que se encontrou com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), supostamente paga pelo bicheiro Carlos Cachoeira — o que foi negado por Gilmar.
— O presidente disse da importância do julgamento do mensalão de que, se possível, não se julgasse este ano, que não haveria objetividade. Eu objetei então que não me parecia possível adiar esse julgamento, dada a repercussão, dada a possibilidade de dois colegas não mais participassem, colegas que participaram do recebimento da denúncia — afirmou, em referência aos ministros Cesar Peluzo e Ayres Britto, que devem se aposentar neste ano.
No confronto de versões, Lula lembrou, na nota que divulgou, que o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza foi reconduzido ao cargo por ele após apresentar a denúncia do mensalão e que como presidente da República indicou oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) “e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja":
— Meu sentimento é de indignação. O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao Supremo Tribunal Federal (STF). E depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do STF e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja — afirmou o ex-presidente, em nota distribuída pelo Instituto Cidadania, que preside.
Na nota, a assessoria de imprensa de Lula confirmou que o líder petista se encontrou com Gilmar, mas chamou de “inverídica” a versão da conversa divulgada. A assessoria ressaltou que o ex-presidente “jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do STF ou da Procuradoria Geral da República” em relação à ação penal do mensalão. No texto, é destacado que, durante os seus dois mandatos, o ex-presidente respeitou “rigorosamente” a autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público. “O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público”, acrescentou a nota.
Gilmar Mendes confirma teor da conversa
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, reafirmou na noite desta segunda-feira, durante participação de um evento em Manaus, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu o adiamento do julgamento do mensalão. Mendes falou sobre o assunto logo depois da divulgação de uma nota oficial do ex-presidente sobre o caso.
O ministro não quis comentar a nota emitida pela assessoria de Lula, mas reafirmou que em meados de abril ele e o presidente se encontraram no escritório do ex-ministro Nelson Jobim.
- Não vou ficar discutindo nota a essa altura. Houve o encontro, houve a conversa, que é uma conversa de velhos conhecidos. Repassamos os diversos assuntos em comum ao nosso meio e o presidente insistia em falar sobre a CPMI. Falou várias vezes sobre isso. Falamos sobre a questão do julgamento do mensalão e ele disse que na sua opinião o julgamento este ano seria precipitado. Eu disse não via como o tribunal não julgar este ano – destacou Gilmar.
De acordo com o ministro, Lula durante o encontro insistia na conversa e retomou o mesmo assunto mais de três vezes.
- O presidente falou da CPMI mais de uma vez e na terceira ou quarta vez eu quis esclarecer a ele, que para deixar claro para não ter nenhuma confusão na sua cabeça, que eu não tenho nenhuma relação indevida com o senador Demóstenes. Se lhe passaram essa informação houve algum equivoco – explicou.
Ainda segundo o Gilmar Medes, a reação do ex-presidente foi de assustado e para blindá-lo falou de sua viagem a Berlim.
- Ao voltar-se para a cadeira, como num susto, ele falou da tal viagem de Berlim. Aí eu percebi que ele realmente estava mal informado e que estava se valendo daquele momento pra que eu tivesse algum tipo de constrangimento. Eu estranhei. Não era a relação que tínhamos durante tantos anos. Era algo realmente atípico. O Nelson Jobim ouviu a conversa e ainda interviu. Complementou dizendo que o que ele (Lula) estava querendo dizer é que o deputado Protógenes podia querer levá-lo a CPI. E eu ainda ironizei dizendo que a essa altura ele (Protógenes) é quem precisava de proteção na CPMI – ressaltou.
O ministro é próximo do senador Demóstenes Torres (sem partido) e há rumores sobre um encontro dos dois em Berlim, supostamente pago por Carlinhos Cachoeira. Lula teria perguntado sobre a viagem e comentado que tem controle sobre a CPI.
- Eu tive uma viagem a Granada, passei por Praga e a fui a Berlim onde mora minha filha, que faz doutorado. Até brinquei com presidente dizendo que ia a Berlim como ele vai a São Bernardo.
Gilmar Mendes não quis comentar sua atuação relação com o ex-ministro Nelson Jobim, mas rebateu as declarações que ele deu negando a conversa.
- Estou lhe dizendo o que de fato ocorreu. É uma conversa longa de mais de duas horas. Ele (Nelson Jobim) esteve presente. Ele não tem nenhuma responsabilidade nesse encontro – destaca Gilmar Mendes.
Um comentário:
Este "affair" Mariquinha e Maricota deve aguardar a solução do Mensalão e da CPI do Cachoeira. A tática diversionista do Demóstenes esta sendo adotada pelos meios de comunicação para aumentar o faturamento e ajudar os mensaleiros.
Acorda Brasil!!!!
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