Em troca, ex-presidente teria oferecido proteção ao ministro na CPI do Cachoeira
RIO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes para tentar adiar o julgamento do mensalão em troca de blindagem na CPI do Cachoeira. Segundo reportagem da revista Veja, Lula conversou com o ministro no dia 26 de abril, no escritório do ex-ministro da Justiça e ex-presidente do STF Nelson Jobim, em Brasília.
- Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula - disse à Veja Gilmar Mendes, que confirma o encontro com Demóstenes em Berlim, mas diz que pagou todas as despesas e tem como comprovar.Nos bastidores da CPI, circula a história de que Gilmar Mendes teria viajado a Berlim, na Alemanha, com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) em um avião cedido pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Como argumento para seu pedido, Lula teria dito que o mais correto seria julgar o mensalão após as eleições municipais de outubro. Além disso, teria contado que também iria conversar com outros ministros do Supremo.
Segundo a revista, Lula ainda teria dito ao ministro: “o Zé Dirceu está desesperado”. O ex-ministro da Casa Civil de Lula, na época do escândalo do mensalão, foi apontado pela Procuradoria-Geral da República como o chefe da quadrilha.
A reportagem conta também que o Gilmar Mendes ainda ouviu de Lula a estratégia que usaria para fazer o mesmo pedido a ministros do STF. De acordo com a revista, Lula encarregaria o amigo Sepúlveda Pertence, chefe da Comissão de Ética Pública da Presidência, de conversar sobre o processo do mensalão com a ministra Cármen Lúcia. Sepúlveda é padrinho da indicação da ministra ao tribunal. Quando presidente, Lula foi responsável pela indicação de seis dos onze atuais ministros do Supremo.
Sobre o ministro José Dias Toffoli, Lula teria dito: “eu já disse ao Toffoli que ele tem que participar do julgamento”. A participação do ministro, um dos indicados por Lula, é uma dúvida, porque a namorada dele é advogada de Roberta Rangel, que atuou na defesa de três réus do mensalão.
À revista, Nelson Jobim confirmou o encontro no seu escritório, mas se limitou a dizer que a conversa foi em tom amigável. Lula não respondeu à Veja.
De acordo com a reportagem, Gilmar Mendes relatou a conversa com Lula esta semana ao presidente do STF, ministro Ayres Britto. Além das eleições municipais, o adiamento do julgamento do mensalão pode significar a prescrição de vários crimes do processo. Além disso, no próximo ano, os ministros Ayres Britto e Cesar Peluso, considerados propensos à condenação dos réus, estarão aposentados.
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