sexta-feira, 18 de maio de 2012

A CPI do Cachoeira


Comissão aprova quebra de sigilo de subsidiárias da Delta no Centro-Oeste, desde 2002



O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e o senador Fernando Collor (PTB-AL) durante debate sobre a convocação do jornalista da revista Veja para depor na CPMI.
Foto: André Coelho / O Globo
O deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e o senador Fernando Collor (PTB-AL) durante debate sobre a convocação do jornalista da revista Veja para depor na CPMI.ANDRÉ COELHO / O GLOBO
BRASÍLIA - Apesar de quebrar o sigilo telefônico, bancário e fiscal de 36 pessoas e empresas e convocar outras 51 testemunhas e acusados para depor, a CPI do Cachoeira não votou a convocação de governadores nem do ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish. Também ficou para ser apreciado na próxima reunião administrativa, em 5 de junho, requerimentos que tratam da quebra dos sigilos da empresa em nível nacional. Nesta quinta-feira, os parlamentares da comissão aprovaram apenas o pedido ao acesso de dados da Delta Centro-Oeste.
- Vamos votar o sobrestamento (adiamento) da quebra do sigilo da matriz, dos governadores e do Cavendish. Proponho que esses temas sejam analisados em outro momento. Concordo que os contratos da Delta devem ser investigados. E que não deve ganhar contorno partidário. Devemos propor que as assembleias dos estados e as câmaras municipais criem CPIs específicas para analisar esses contratos - disse Cunha.A oposição, ajudada por alguns deputados e senadores que apoiam o governo, se manifestou contra. Para eles, não há sentido de investigar apenas a empresa na região Centro-Oeste. Eles argumentaram que há interceptações telefônicas em que o nome de Carlos Pacheco, ex-diretor executivo da empreiteira, aparece com certa frequência. Mesmo assim, os argumentos não convenceram o relator Odair Cunha (PT-MG), que adiou a votação do requerimento.
A CPI aprovou hoje apenas a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico, desde 1º de janeiro de 2002, de cinco subsidiárias da construtora Delta, no Centro-Oeste: Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal. De responsáveis pela construtora, foi aprovada apenas a quebra de sigilo do ex-diretor para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu.
Família de Cachoeira e membros mais próximos do grupo são chamados a depor
Nesta quinta-feira, 77 requerimentos de oitivas foram aprovados, para que falem à CPI as pessoas mais próximas a Cachoeira. Foram chamados para depor sua ex-mulher, Andréa Aprígio, e o ex-cunhado, Adriano Aprígio. Os requerimentos para ouvir o pai do contraventor, Sebastião de Almeida Ramos, e o irmão, Marcos Antonio de Almeida Ramos, também foram aprovados hoje. Além disso, o irmão do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o procurador Benedito Torres, também foi chamado a falar para a CPI. A atual mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, no entanto, não foi convocada.
A CPI também se aproxima do governo do Distrito Federal: o chefe de gabinete do governador Agnelo Queiroz, Claudio Monteiro, é mais um dos que a Comissão quer ouvir.
Outros membros do grupo de Cachoeira foram chamados para depor. Os delegados da Polícia Federal, Fernando Byron e Deuselino Valadares dos Santos, também foram chamados.
A quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de diversas empresas vinculadas ao esquema do contraventor também foi aprovada nesta sessão. Os parlamentares também vão requisitar informações ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da movimentação suspeita de várias empresas e pessoas. No entanto, até agora a CPI não aprovou nenhum requerimento referente à construtora Delta ou ao seu ex-administrador, Fernando Cavendish. Também ficou de fora a convocação dos governadores.
A comissão autorizou na sessão de hoje a divulgação de dados bancários telefônicos e fiscais de Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, ex-sargento da Aeronáutica preso pela operação Monte Carlo da Polícia Federal, sob acusação de ser informante e braço direito de Cachoeira. A CPI também quer ter acesso às informações de Geovani Pereira da Silva, suposto contador responsável pela movimentação de todo o dinheiro da organização chefiada por Cachoeira. Ainda foi aprovada quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico do sobrinho do Cachoeira, Leonardo Ramos.

Um comentário:

Carlos Eduardo Alves de Souza disse...

Miro Teixeira, a cada dia que passa,se consagra como um dos poucos políticos que se salvam desse chiqueiro infecto que é o Congresso. Basta ver para o rito nervoso do rosto do Collor para ver o tamjanho da peia queb está levando por sua associação com a petelhada.