Por ter a característica inédita de os fatos estarem todos supostamente investigados, a CPI do Cachoeira começa a ser superada pela dinâmica da divulgação de novidades para o grande público.
A peculiaridade se agrava porque grupos de deputados e senadores se dedicam mais a executar missões partidárias de varejo do que a perseguir o que seria a missão óbvia numa CPI: a verdade, esquadrinhar os responsáveis pelos delitos, para depois encaminhá-los ao Ministério Público; e, por fim, sugerir mudanças de legislação, a fim de evitar a repetição das delinquências.
Nada disso. O jogo enfadonho de briga partidária, praticado com gestos teatrais quando a sessão é transmitida pela TV, ficou à vista de todos no confronto entre tucanos e o relator, o deputado petista mineiro Odair Cunha.
Na terça, oposicionistas destilaram veneno em perguntas a um Cachoeira mudo apenas para atingir aliados do governo. Era este mesmo o objetivo.
O troco foi dado por Odair, na inquirição, quinta, do ex-vereador goiano Wladimir Garcez, preso como Cachoeira, e personagem da polêmica venda de uma casa pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ao contraventor.
Enquanto oposicionistas e situacionistas se digladiam, fatos vão sendo conhecidos e comprovam que a CPI atolou na briga político-partidária.
Reportagem do GLOBO de ontem, por exemplo, revelou a existência no Rio de pelo menos duas empresas laranja, parte de uma provável plantação de firmas fantasmas criadas por Cachoeira para receber dinheiro da Delta.
Por óbvio, a direção da empreiteira — pelo menos Fernando Cavendish, o ex-dono, e Cláudio Abreu, diretor da construtora no Centro-Oeste — era conivente.
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