domingo, 20 de maio de 2012

Fala, Dilma, por Cristovam Buarque



Em debate na UnB, o Embaixador Correa do Lago pediu dez sugestões para o discurso que a Presidenta Dilma fará na abertura da “Rio + 20”. As minhas sugestões foram:
1. O discurso deve começar pela frase: “A Humanidade está em risco”. As crises ambiental e financeira estão mostrando que se esgotou o casamento promovido pela civilização industrial entre a Democracia Política, a Justiça Social, o Crescimento Econômico e o Avanço Técnico-Científico. Durante a Guerra Fria havia forças que tentavam parar a marcha da insensatez para a guerra nuclear. Agora, a marcha da insensatez parece não ter adversários. A voracidade do lucro e do consumo se alinha, conduzindo o mundo para o aquecimento global, o desemprego, a migração e a desigualdade.
2. Se nesta reunião os chefes de Estado e de Governo pensarem apenas como políticos, olhando para os problemas do curto prazo e do local, e não como líderes da humanidade, olhando adiante, estaremos sacrificando uma imensa oportunidade. A humanidade não pode continuar definindo seu futuro com base no tamanho do PIB de seus países. É preciso redefinir o conceito de progresso, encontrar novos critérios e índices que meçam de fato o Bem-Estar, a Paz, o Emprego e a Harmonia entre os seres humanos e deles com a Natureza.
3. Precisamos de uma Política Fiscal Verde Internacional. Não faz sentido que impostos sobre produtos fósseis tenham as mesmas alíquotas que produtos harmônicos com a natureza. Mas a gravidade de um mundo global exige que a Política Fiscal Verde seja resultado de um acordo mundial. A Rio+20 deve ser o momento para esta ideia ser considerada.
4. Certos patrimônios naturais, como grandes florestas, oceanos e os polos geográficos devem ser protegidos da ganância econômica e ficar livres de depredação. Nossos países são partes do grande Condomínio Terra. Acordos internacionais devem limitar a própria soberania nacional no que se refere ao uso dos patrimônios nacionais que tenham impacto sobre a vida e o bem-estar das futuras gerações.

Nenhum comentário: