domingo, 27 de maio de 2012

As Eleições Americanas


Em busca da reeleição, presidente adota estratégia diferente das de seus antecessores



O presidente Obama com simpatizantes em Iowa, na noite de quinta-feira
Foto: Mark Kegans/Getty Images/AFP
O presidente Obama com simpatizantes em Iowa, na noite de quinta-feiraMARK KEGANS/GETTY IMAGES/AFP
DES MOINES, Estados Unidos — Com a campanha eleitoral do presidente Barack Obama em curso, uma coisa ficou clara: ele não ficará preso dentro de uma redoma na Casa Branca durante a campanha de reeleição. Se os últimos presidentes americanos foram relutantes em combater seus oponentes, agindo mais como presidentes do que como candidatos, Obama deixou de lado as convenções. Em vez de deixar a incumbência para seu vice, o presidente tem enfrentado frontalmente, e muitas vezes de maneira agressiva, seu opositor Mitt Romney.
Desde que Romney se tornou o candidato republicano oficial, o presidente tem mostrado uma estratégia clara de confronto, a mais de cinco meses da eleição. Em uma sucessão de discursos ao longo dos últimos dois dias, Obama acusou Romney de promessas que só irão reverter os ganhos frágeis da economia nos últimos dois anos.
“Pode até haver algum tipo de valor na experiência de Romney, mas não é na Casa Branca”, disse Obama a simpatizantes em Iowa, na noite desta quinta-feira. Ele usou o espaço para alfinetar um comentário controverso do opositor durante as primárias. “A visão geral de que Romney ganha na política econômica explica por que, da última vez em que ele esteve aqui, fez a famosa declaração em que confundia empresas com pessoas”.
Assessores de Romney dizem que os ataques são um sinal de desespero. “Tudo o que ele tem para oferecer agora são os ​​ataques políticos", disse Amanda Henneberg, porta-voz de Romney. "Sem ideias novas e com ataques como estes, não é nenhuma surpresa que a campanha de Obama tenha tido uma semana tão difícil"
O bate-boca precoce reflete a aceleração da política na era do Twitter, quando cada ataque deve ser combatido em tempo real. Estrategistas de Obama calculam que, se presidentes anteriores poderiam se dar ao luxo de ser mais calmos até o final do ano e deixar o vai-e-vem de insultos para o fim da campanha, tal abordagem não é mais realista.
“Não há nenhum sentido em ser tímido”, disse David Axelrod, conselheiro do presidente. “O governador Romney é o candidato. Ele vem dirigindo seus comentários para e sobre o presidente há um ano. O debate foi respondido”.
Antes, acusações eram iniciadas por vices
Isso não significa que campanha de Bush tenha sido suave em relação a seu opositor John Kerry. Mas, diferentemente de Obama, o antigo presidente deixou as acusações em grande parte para os outros, e não começou a ser direto até o verão. Na época, o vice-presidente Dick Cheney abriu a rodada de acusações com um discurso afiado, ao criticar Kerry, em março de 2004, ao mesmo tempo em que a campanha começava a exibir seus primeiros anúncios negativos. Já quando Bush criticava Kerry, geralmente usava expressões como “meu adversário”. Somente em julho ele começou a nomeá-lo regularmente.
O mesmo aconteceu com presidentes anteriores, como Ronald Reagan, em 1984, e Bill Clinton, em 1996. Clinton estava claramente em uma posição muito melhor do que o atual momento de Obama, com 15 pontos percentuais a frente do opositor — segundo uma pesquisa Gallup de maio daquele ano. Reagan, por sua vez, tinha quatro pontos percentuais a mais. Obama está virtualmente empatado com Romney, de acordo com uma sucessão de pesquisas. Isto explica muita coisa.

 

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