segunda-feira, 28 de maio de 2012

A Marcha das Vadias


Mulher entrou em igreja com os seios à mostra, e polícia usou spray de pimenta contra os manifestantes



Indianara Siqueira, organizadora da Marcha das Vadias: “até freiras sofrem com violência”
Foto: Pedro Teixiera / O Globo
Indianara Siqueira, organizadora da Marcha das Vadias: “até freiras sofrem com violência”PEDRO TEIXIERA / O GLOBO
RIO - A Marcha das Vadias, evento contra a violência sexual que levou cerca de 400 pessoas às ruas de Copacabana neste sábado, acabou em confusão. Ao passar em frente à Igreja Nossa Senhora de Copacabana, na Rua Hilário Gouveia, uma mulher que estava com os seios à mostra entrou na congregação. Ela foi seguida por parte dos manifestantes, que passaram a gritar pela liberação do aborto. Alguns fiéis sairam da igreja revoltados, e um bate-boca começou. Rapidamente, a polícia interveio e usou spray de pimenta para retirar os manifestantes do local.
O protesto começou pacificamente. Por volta das 13h, os manifestantes se concetraram em frente ao Posto 4 e passaram a pintar o corpo e a confeccionar cartazes com frases de efeito contra o estupro e o machismo. Às 15h30m, elas começaram a marchar pela Avenida Atlântica em direção a Rua Hilário Gouveia. Depois da confusão na igreja, elas seguiram para a 12ª Delegacia de Polícia, onde realizaram um ato-protesto, uma alusão ao policial canadense que deu origem ao movimento.
A organizadora Indianara Siqueira, vestida de freira, chamou a atenção para os casos em que a própria mulher violentada é vista como culpada por causa de suas roupas, ou profissão. A marcha também é a favor da legalização da profissão de prostituta e da descriminalização do aborto.
- Já denunciamos o triste índice de dez mulheres estupradas por dia no Rio de Janeiro. E isso são só as que dão queixa! Então, esta marcha é um basta contra qualquer tipo de violência às mulheres - esclarece Indiara, que justifica a fantasia afirmando que até as freiras sofrem com a violência contra as mulheres.
Outros dois pontos abordados pelas manifestantes foram a legalização do aborto e a suspensão da Medida Provisória nº 557, de dezembro do ano passado, que instituiu o Sistema Nacional de Cadastro, Vigilância e Acompanhamento da Gestante e Puérpera (mulher que deu à luz recentemente) para Prevenção da Mortalidade Materna, no âmbito do SUS.
— A MP é discriminatória e ofensiva e tem caráter de criminalizar as mulheres que optarem por não continuar com a gestação, além de controlar essas mulheres — diz Daniela Montper, também uma das líderes do protesto.
Seguidas de perto pela polícia e pela Guarda Municipal, as manifestantes voltaram para a praia, dessa vez sem passar pela igreja, e terminaram em frente a Praça do Lido.
Este ano a Marcha das Vadias acontece simultaneamente em mais de 20 cidades do Brasil e do mundo, como São Paulo, Salvador e Toronto. Foi na cidade canadense que ocorreu a primeira Marcha das Vadias, organizada em fevereiro de 2011 por estudantes de universidade local, estimulados pela declaração de um policial que afirmou, em palestra no local, que o fato de as mulheres se vestirem como “vadias” poderia estimular o estupro.

Um comentário:

Alberto disse...

A Marcha das Vadias, ao tentar escandalizar e desqualificar, sem debates, a postura de seus opositores, esta mais para uma manifestação nazista do que o pacifismo da Praça Tian'anmen.
O problema das moças foi confundir a Praça do Lido com a Praça da Paz Celestial.