quinta-feira, 17 de maio de 2012

Perigo a Vista...










A presidente Dilma Rousseff recebe um abraço da Rosa Maria Cardoso posse, no fundo Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, membros da comissão da verdade no palacio do Planalto
Foto: O Globo / Ailton de Freitas






A presidente Dilma Rousseff recebe um abraço da Rosa Maria Cardoso posse, no fundo Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro, membros da comissão da verdade no palacio do PlanaltoO GLOBO / AILTON DE FREITAS
BRASÍLIA - Dos sete integrantes da Comissão da Verdade, a indicação da advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha para o grupo incomodou profundamente os militares, da reserva e da ativa. Rosa foi advogada da presidente Dilma Rousseff e de suas companheiras de cela na Torre das Donzelas, no presídio Tiradentes, em São Paulo, nos anos 70. Os militares entenderam a presença de Rosa como uma postura revanchista, negada sempre nos discursos da presidente da República.
- Caiu muito mal nas Forças Armadas a presença da advogada. A comissão deveria ter um caráter de isenção e não de afronta - disse um general da ativa, que optou por não ser identificado, nesta quarta-feira, após cerimônia de posse da Comissão da Verdade.
Perguntada sobre a resistência dos militares a seu nome, Rosa Maria respondeu:
- Quando se colocar no plano da discussão, é um direito deles (militares) - disse Rosa Maria.
Presente na solenidade, o coronel da reserva João Batista Fagundes, representante das Forças Armadas na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, elogiou, com moderação, a composição da comissão e, como demais militares, receia o sentimento de revanche.
- A Comissão da Verdade é oportuna, mas não pode se enveredar pela questão criminal dos agentes do passado. A Lei de Anistia está em vigência e a própria lei que criou a comissão não prevê condenações. No meio das Forças Armadas, o receio é de que venham se abrir processos já albergados sobre o pálio refletor da anistia - disse o coronel Fagundes.
Presentes na cerimônia, os três comandantes militares se mantiveram discretos e aplaudiram os discursos, mas sem empolgação como as centenas de convidados e ministros do PT. Logo que se encerrou a solenidade, os três comandantes - Juniti Saito (Aeronáutica), Enzo Peri (Exército) e Júlio Moura (Marinha) - deixaram o salão do Palácio do Planalto e não ficaram para cumprimentos e trocas de tapinhas nas costas
O advogado e escritor José Paulo Cavalcanti, da Comissão da Verdade, disse o grupo ainda definiria que casos serão apreciados. Ele afirmou que recebeu uma lista de 119 casos de atentados e assassinatos que teriam sido praticados por militantes da esquerda.
- A comissão toda é que vai decidir o que fazer com isso - disse Cavalcanti.
A psicanalista Maria Rita Kehl, também integrante, afirmou que os atos de militantes de esquerda, no entendimento dela, não serão apreciados. Ela afirmou que não considera dois anos, prazo estabelecido para a comissão funcionar, um tempo suficiente. Maria Rita foi questionada qual o sentido de uma psicanalista compor uma comissão como esta.
- Bem, vamos apurar e ouvir muita gente. A prática de escutar de uma psicanalista terá sua utilidade sim - disse Maria Rita Kehl.

3 comentários:

Alberto disse...

Se uma coisa que deve ser feita está justificada mesmo que seja mal feita?

Cremildes T. de Hond-Durass disse...

É evidente que há um propósito de vingança, para evitar o galicismo revanche, no objetivo dessa Comissão. Alguns de seus membros parecem menos movidos por esse objetiv. Observamos que o mais moderado deles, aquele que foi Ministro da Justiça do FHC, se acautela dizendo que não haverá o apedrejamento de ninguém, ou seja, dos "culpados". Ora, isto já está sucedendo por todo lado! Tem-se notícia de um caso no Rio Grande do Sul que teve a porta de casa borrada com spray vermelho e que mal consegue sair à rua. Já nem se fale no tal coronel Brilhante Ustra. Portanto, daqui para a a frente,podem-se esperar casos até mais graves, gênero lapidações e falsas denúncias. É, de certo modo, o velho Terror pós-revolucionário, o mesmo que assistimos na França em 1789, em 1815 e cem anos depois quando os colaboracionistas foram ou mnortos ou as mulheres tiveram as cabeças raspadas. Mas, que fazer ante o ímpeto da força?

Carlos Eduardo Alves de Souza disse...

A senhora que foi advogada de Dilma durante a Ditadura disse algo no gênero de que aqueles que cometeram violências contra o regime militar já pagaram pelo que fizeram e não podem ser examinados pela Comissão. Ora, isto é um brutal contrasenso, pois passa a conferir a seus algozes capacidade e qualificação para os ter julgado e condenado e, assim, adequar a pena que lhes tenha sido inflingida. Vê-se que o Sr. Paulo Cesar Pinheiro - que é erradamente apresentado como diplomata, o que jamais foi nem será, a menos que Dilma cometa a tolice de fazê-lo seu Embaixador - apressa-se em concordar com a advogada acima mencionada.
A mim me parece que estão ambos comprometidamente errados, pois deveria ser também considerado o chamado "outro lado", até mesmo para saber da justeza e propriedade das ricas indenizações que vários conhecidos pilantras receberam à guisa de terem sido torturados