segunda-feira, 21 de maio de 2012

E o Raio, hein ? - Veríssimo





Ninguém ainda se aprofundou no significado do raio que atingiu o avião do recém-eleito presidente da França, François Hollande, a caminho de um encontro com Angela Merkel na Alemanha. Foi um bom agouro, foi um mau agouro, foi um sinal dos deuses ou o quê?
Hollande se elegeu prometendo, ou pelo menos deixando entender, que trazia uma alternativa para a submissão da França e do resto da Europa à receita de frau Merkel para resolver a crise, que se resumia na frase “sejamos todos alemães” — frugais e disciplinados — mesmo que doa.
Certa vez alguém disse que os três segredos da cozinha francesa eram: manteiga, manteiga e manteiga. Os três ingredientes da receita de frau Merkel são: austeridade, austeridade e austeridade.
Hollande, como as massas de manifestantes em Madri e em várias outras cidades da Europa, sem falar nos gregos que não saem das ruas, seria parte da reação à política monocórdia imposta pela Alemanha. Sua eleição foi o mais importante avanço do movimento contra a austeridade, fora das ruas, até agora.
O que ele fazia naquele avião era o que os deuses queriam saber quando lhe deram o susto. Ou os deuses estranharam que sua primeira viagem oficial fosse para conversar com a Merkel, que durante toda a sua campanha simbolizara o caminho que estava levando a comunidade europeia ao esfarelamento e a graves consequências sociais, ou os deuses estavam o advertindo a não assumir o papel de anti-Merkel e concordar com a chanceler em tudo, para o bolo não desandar.
O raio foi para lembrar a incoerência de ir beijar a mão da Merkel como seu primeiro ato presidencial ou um aviso de que os deuses wagnerianos estavam com ela, e que tomasse cuidado.
No fim não se sabe se houve um beija-mão ou se os dois já trocaram sutis pontapés por baixo da mesa.
O fato é que, nos seus últimos pronunciamentos, como resultado da eleição do Hollande e das suas próprias derrotas em eleições locais ou não, a Merkel tem soado como uma neokeynesiana, defendendo o estímulo do governo ao crescimento e falando em flexibilizar suas próprias regras.
O ingrediente principal do bolo ainda é a austeridade, mas agora com farelo de açúcar.

Um comentário:

Alberto disse...

Raios não derrubam aviões. O projeto prevê a comum ocorrência destes eventos no transporte aéreo. A volta para a França deve ter sido precaução ou algum defeito em sistemas secundários. Se houve alguma intervenção divina seu objetivo seria apenas de um alerta aos governantes que se preocupam tão pouco com as agruras do povo.