Anteontem em “Avenida Brasil”, Adriana Esteves, Débora Falabella e Bianca Comparato brilharam numa longa cena em que nenhuma das três personagens dizia a verdade. Nina (Débora) não é Nina, é Rita; e Betânia (Bianca) se fazia passar por Rita. Carminha, por sua vez, virou um falso anjo de candura. Rita e Betânia passaram a perna em Carminha. Ela, aparentemente a vilã do trio, ironia das ironias, foi a única a fazer uma revelação sincera: também veio do lixão. A sequência merece elogios por vários aspectos.
Primeiro, pelo desempenho das atrizes, um talento potencializando o outro; depois, pela direção, que soube manter a tensão e o clima de mal-estar, sem aliviar nada. Porém, acima de tudo isso, estava a assinatura de João Emanuel Carneiro, o autor da novela. Os diálogos das três mentirosas foi a expressão concreta do gosto dele por personagens ambíguas. Foi assim em “A favorita” também. A cena de anteontem parecia um claro aviso para o público evitar acreditar nas aparências.
Não é à toa que Nina manda tantos recados para o ingênuo Tufão (Murilo Benício). A mensagem basicamente é que nem tudo é como parece nas histórias de João Emanuel Carneiro. E outra: a doçura da inconsciência não dura para sempre. Como próxima leitura, Tufão poderia tentar “Cândido, ou o otimismo”. Fica a dica.
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