quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dilma na TV


Pronunciamento em homenagem ao Dia do Trabalho foi gravado no último sábado e exibido em rede nacional nesta segunda-feira


Dilma, que na segunda à noite criticou os bancos privados em rede nacional, participou de evento no Palácio Guanabara, no Rio, semana passada
Foto: Rudy Trindade / Agência O Globo
Dilma, que na segunda à noite criticou os bancos privados em rede nacional, participou de evento no Palácio Guanabara, no Rio, semana passadaRUDY TRINDADE / AGÊNCIA O GLOBO
BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff usou o pronunciamento em homenagem ao Dia do Trabalho para cobrar do sistema financeiro nacional a redução das taxas de juros. Dilma disse que o Brasil tem hoje um dos mais sólidos e lucrativos sistemas financeiros e, portanto, não há justificativa para que, numa economia estável, o país tenha "um dos juros mais altos do mundo".
Segundo a presidente, com a redução da taxa Selic - atualmente, 9% ao ano -, o sistema financeiro não tem como explicar "a lógica perversa" de manter altos juros nas prestações de empréstimos, no cheque especial e nos cartões de crédito.
— Nosso sistema bancário é um dos mais sólidos do mundo, está entre os que mais lucraram. Isso tem lhes dado força e estabilidade, o que é bom para toda a economia, mas isso também permite que eles deem crédito melhor e mais barato aos brasileiros. É inadimissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Estes valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isso — disse a presidente.
O pronunciamento, de sete minutos e 20 segundos, foi gravado no último sábado, e a presidente abordou um tema cobrado com frequência pelas centrais sindicais em reuniões no Palácio do Planalto. Dilma afirmou que o governo está se esforçando para reduzir os juros. Segundo a presidente, a economia brasileira só será "plenamente competitiva" quando as taxas de juros para o produtor e o consumidor forem iguais às praticadas no mercado internacional. Somente nessas condições, afirmou a presidente, "os produtores vão poder produzir e vender melhor e os consumidores vão poder comprar mais e pagar com mais tranquilidade".
— Os bancos não podem continuar cobrando os mesmo juros para empresas e para o consumidor, enquanto a taxa básica Selic cai, a economia se mantém estável e a maioria esmagadora dos brasileiros honra, com presteza e honestidade, os seus compromissos. O setor financeiro, portanto, não tem como explicar esta lógica perversa aos brasileiros: a Selic baixa, a inflação permanece estável, mas os juros do cheque especial, das prestações ou do cartão de crédito, não diminuem — completou a presidente.
Dilma afirmou que o governo está empenhado em equilibrar a economia e permitir a queda dos juros:
— Vem daí também a posição firme do governo para que bancos e financeiras diminuam as taxas cobradas dos clientes nos empréstimos, nas compras a prazo e nos cartões de crédito.
A presidente afirmou ainda que a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil estão dando "o bom exemplo e da saudável concorrência de mercado" e provando que é possível baixar os juros cobrados de seus clientes em empréstimos, cartões, cheque especial e crédito consignado. Para ela, é importante que os bancos privados acompanhem essa iniciativa para que "o Brasil tenha uma economia mais saudável e mais moderna". Também convocou o consumidor a colaborar nesse processo.
— É bom também que você consumirdor faça prevalecer seus direitos escolhendo as empresas que lhe ofereçam melhores condições — afirmou.
Dilma disse ainda que, para o fortalecimento da economia nacional, também é preciso reduzir a carga fiscal para produtores e consumidores, além de adequar a taxa de câmbio para garantir competitividade à indústria e à agricultura brasileiras. Reconheceu ainda que o governo tem de utilizar bem os recursos dos impostos pagos pela população.
— É importante que tenhamos uma taxa de câmbio que defenda nossa indústria e nossa agricultura, em suma, os nossos empregos, e que o governo utilize bem os recursos públicos, sempre de forma eficiente e honesta, para que a população sinta de forma mais efetiva possível o bom retorno do imposto que paga. Por sinal, acabamos de retirar os impostos da folha de salários, para que essa carga fiscal deixasse de punir o emprego. Isso está dando mais alívio ao empregador e ao empregado — afirmou.
Por fim, a presidente prometeu cuidar da aplicação do dinheiro público e punir os responsáveis por irregularidades:
— Vamos continuar buscando os meios de baixar impostos, de combater os maus feitos e os maus feitores e cada vez mais estimular as coisas bem feitas e as pessoas honestas de nosso país. Não vamos abrir mão de cobrar com firmeza, de quem quer que seja, que cumpra o seu dever, que faça a sua parte para que o Brasil cresça e todos os brasileiros cresçam juntos, para que nossas trabalhadoras e nossos trabalhadores melhorem sua capacidade de produzir e de consumir, sua capacidade de viver bem de ser feliz e de fazer seus irmãos igualmente felizes.
Dilma disse ainda que toda a produção do país é resultado do "esforço do trabalhador", que "tem o direito de usufruir de tudo o que o país produz". Para isso, segundo a presidente, o brasileiro precisa de melhores empregos, salário digno, educação de qualidade e formação profissional adequada. Segundo a presidente, o Brasil atenderá a essas necessidades à medida que "consolidar seu crescimento, equilibrar a sua economia, diminuir as desigualdades, proteger sua indústria e sua agricultura, desenvolver novas tecnologias".
— Não quero ser a presidente que cuida apenas do desenvolvimento do país, mas aquela que cuida em especial do desenvolvimento das pessoas. Cuidar do desenvolvimento das pessoas significa lutar por uma saúde melhor para os brasileiros pobres e de classe média, significa prover educação de qualidade em todos os níveis, inclusive cursos técnicos e universitários no Brasil e no exterior para brasileiros de talento de qualquer classe social — disse a presidente, citando o programa "Ciência sem Fronteiras", que oferece bolsas de estudo para 100 mil estudantes nas melhores universidades do mundo, mas que ela chamou de "Brasil sem Fronteiras".


  

Um comentário:

Alberto disse...

A intervenção do governo na formação de preços de bens e serviços é sempre desastrosa.Vide as consequências da molecagem do Governo Sarney ao congelar preços.
No caso dos juros e custos de serviços bancários o oligopólio montado neste setor impede a formação competitiva de preços e a atuação do governo se faz necessária.