Já excitados com a chegada do MST aos 25 anos de vida, os comandantes das tropas dos sem-terra eriçaram-se de vez, na virada para 2009, com a coincidência tremenda: faz 145 anos que a Guerra do Paraguai começou. Duas efemérides tão admiráveis, somadas à recente chegada ao poder do companheiro Fernando Lugo, (foto) mereciam muito mais que festejos ortodoxos, como a depredação de fazendas produtivas ou o confisco de prédios federais. Assim nasceu a idéia de retomar o grande conflito encerrado em 1870. Só que agora com o MST a favor da potência vizinha e contra o Brasil.
Na primeira semana de janeiro, o marechal João Pedro Stedile comunicou ao presidente Lugo que os soldados entrincheirados nas barracas de lona preta estão prontos para desencadear a revanche do século com a execução de duas missões.
Primeira: invadir e ocupar as instalações da hidrelétrica de Itaipu, o que obrigaria o Planalto a reformular o tratado em vigor desde 1973.
Segunda: expulsar do Paraguai agricultores brasileiros ali infiltrados há décadas.
"A Eletrobrás paga uma bagatela pela energia comprada do país vizinho", descobriu Roberto Baggio, da coordenação nacional do MST. Quem sai lucrando, segundo a figura batizada em homenagem ao atacante italiano que ganhou a Copa de 1994 para o Brasil, são "grandes grupos econômicos estrangeiros". Como a Eletrobrás.
Marco Aurélio Garcia, conselheiro presidencial para complicações cucarachas, não vê nada demais na declaração de guerra. "Vivemos em um país democrático", ensina o assessor de Lula. "Qualquer partido político ou qualquer movimento social pode defender suas posições à vontade. Considero legítimas todas essas manifestações."
Embora agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) andem monitorando os encontros entre autoridades paraguaias e dirigentes do MST, Baggio usa o salvo-conduto concedido pelo companheiro Garcia para provocar o governo de que faz parte o assessor Garcia em entrevistas ou nos textos beligerantes que publica no site do MST.
"Nada é mais nacionalista do que defender a soberania de um povo sobre os seus recursos naturais", argumenta o artilheiro sem-terra. "Defendemos a soberania de todos os países. Somos contra o imperialismo dos Estados Unidos sobre o Brasil e do Brasil sobre qualquer país da América do Sul." É isso aí, avaliza o comandante Stedile, no momento ocupado com os retoques finais no plano de abrir uma segunda frente na Bolívia, e botar para fora todos os brasileiros proprietários de terras ou empresas no reino de Evo Morales.
No século 19, o exército imperial precisou aliar-se à Argentina e ao Uruguai, e lutar durante cinco anos, para derrotar um inimigo solitário. No início do terceiro milênio, o Paraguai tem o apoio de uma quinta coluna com a qual Solano Lopes sequer sonhou. Mas hoje as coisas parecem bem menos complicadas. Sucessor de Duque de Caxias, o general Nelson Jobim só precisa convencer o governo Lula a suspender a mesada e o rancho das tropas, além de enquadrar os recalcitrantes com pedagógicas temporadas na cadeia.
Também para o ridículo há um limite.
2 comentários:
Augusto Nunes, brilhante como sempre
Excelente, Augusto Nunes! Curioso é voltar atrás na História e ver que no Tratado da Tríplice Aliança, onde Brasil, Argentina e Uruguai se comprometeram a derrotar o govêrno instalado no Paraguai - notar bem que é ali expressa a menção a "governo" e não à nação paraguaia - havia um artigo que previa a incorporação às tropas aliadas de uma "legião paraguaia". Não há registros importantes, se é que houve algum, da existência dessa legião paraguaia. Mas, agora, já sabemos que há uma Legião Brasileira, comandada por Stédile pronta para entrar em guerra contra o Brasil. E Marco Aurélio Garcia, o "Boca de Cloaca", vibra e zurra o chavão de que vivemos uma democracia que tudo permite...A qualquer momento essa sinistra camarilha irá depositar uma coroa de estrume no monumento ao Barão do Rio Branco. Aliás, o lamentável desconhecimento da nossa História já relegou a herói de terceira linha o nosso grande patriota que consolidou não só nossas fronteiras como serviu também de instrumento de paz e respeito por toda a América Latina, fortalecebndo-a, mesmo, contra a aplicação unilateral da Doutrina Monroe pelos norte-americanos. E tudo isto sem bravatas ou fantasiado de diabo de carnaval, como o pateta Chavez. Hoje, a estátua do grande Rio Branco se encontra perdida, cheio de imundas pichações em um vago estaciobnamento no Castelo...Pobre Brasil que tem no Boca de Cloaca e em Stédile a rélica ao grande Rio Branco...
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