segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sem samba-enredo, Lula é um perigo - Elio Gaspari


O processador de Lula está sobrecarregado. Têm sido frequentes os seus momenstos de impaciência e mau humor na rotina do palácio. Obrigado a trocar o triunfalismo do pré-sal e da "marolinha" pelas dificuldades da crise econômica, Nosso Guia está sem agenda.
Há um indicador seguro para medir o aquecimento da placa de Lula. Sem assunto, ele retoma o discurso do nós-contra-eles e vai-se embora pra Pasárgada, onde a existência é uma aventura.
Durante seu discurso para cerca de quatro mil prefeitos reunidos em Brasília, Nosso Guia ofendeu a inteligência alheia duas vezes. Na primeira fez uma piada à la Maria Antonieta: "Nós cortaremos o batom da Dona Dilma, o meu corte de unhas, mas não cortaremos nenhuma obra do PAC".
Lula estava num evento onde estima-se que o governo gastou R$ 240 mil.
Uma manicure de Lula contou que cortava suas unhas duas vezes por mês.
Estimando-se que deixei boas gorjetas, Nosso Guia queima R$ 1 mil anuais nesse conforto. Se Dona Dilma usar um batom caro (Sisley), gastará, no exagero, outros R$ 1 mil. Portanto, só para custear o convescote dos prefeitos, Lula e Dilma precisariam cortar 120 anos de bem-estar.
A vinheta foi apenas uma tirada boba, mas o segundo atentado foi malélovo e enfático. Dirigindo-se ao prefeito Gilberto Kassab, de São Paulo, disse o seguinte: "Você vai cair da cadeira. Você não sabe e eu não sabia, mas no Estado de São Paulo nós ainda temos 10 % de analfabetos no Brasil."
A taxa de analfabetismo em São Paulo está em 4,6 %, metade do índice nacional. Lula viajou na planilha. São Paulo abriga 10 % dos analfabetos do país, o que, pelo tamanho do estado, não chega a ser motivo para cair da cadeira. (São Paulo tem 36 % da frota nacional de veículos.)
Essa foi a quarta vez que o governo de Lula atropelou a boa norma para criticar a rede de ensino paulista. Ela não é uma esquadra inglesa, mas o governo insiste nos golpes baixos. Já divulgou indicadores misturando metodologias, embaralhou notas da Prova Brasil e apresentou listas de desempenho contaminadas por dados errados. Em duas ocasiões as lorotas coincidiram com as campanhas eleitorais.
Um companheiro dizendo tolices não é um grande problema. Um presidente capaz de fazer campanha dizendo não importa o que indica que 2010 será um ano feroz.
(O Globo, 15/2/09)
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Obs - A foto de Lula não faz parte do artigo de Elio Gaspari.

3 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto isso,as "pesquisas" indicam popularidade crescente do guia de vocês. Onde ficam os "pesquisados"?Qual o perfil da amostra? Num governo trapalhão e mentiroso, será que esses índices são verdadeiros? Não demora muito a aprovação vai passar dos 100%.

Anônimo disse...

Concordo com Jorge Eduardo! A mim nunca perguntam nada. Algumas pesquisas têm que ser reais, como as eleitorais, já que as urnas desmentem as mentirosas, mas outras, essas de popularidade, quem pode garantir?

Anônimo disse...

Meu professor de estatística na Faculdade contava sempre a mesma piada: o presidente do sindicato nacional dos estatísticos morreu afogado num rio de profundidade média de 25 centímetros. E também dizia que estatística era a arte de errar com precisão. Estou com Alzheimer ou meu comentário tem alguma coisa a ver com esta matéria ?