- Para ele, ainda existem muitas dúvidas sobre o caso
- Paes voltou a se desculpar com a população
- Confusão aconteceu na madrugada de domingo, após o prefeito ter sido agredido verbalmente por um casal
RIO - “Uma história mal contada com coisas estranhas que precisam ser esclarecidas”. A declaração é do delegado Orlando Zaccone, titular da Delegacia da Gávea (15ª DP), que investiga o episódio envolvendo agressão física entre o prefeito Eduardo Paes e o músico Bernardo Botkay, conhecido como Botika, na madrugada de domingo no restaurante de culinária japonesa Yumê, no Horto. O músico, que diz ter levado dois socos de Paes após agredi-lo verbalmente com palavrões, aparece como testemunha e não vítima no registro de ocorrência (RO) feito na delegacia. No IML, quem fez exame de corpo de delito foi a mulher de Botika e não ele. Além disso, o prefeito vem a público e pede desculpas à população admitindo que excedeu limites e partiu para agressão.
O delegado pretende ouvir o músico e a mulher dele, além de testemunhas que estavam no restaurante na hora da confusão para tentar esclarecer as dúvidas existentes. O escritor e filósofo Francisco Bosco, que estava na mesa do Eduardo Paes, confirmou no Facebook que o prefeito perdeu a cabeça após ser ofendido.— Existem várias questões que precisam ser esclarecidas para nós. No mínimo é esquisito o músico não ter dito na delegacia que levou dois socos do prefeito. No RO ele aparece como testemunha. Outra coisa estranha: ele diz que fez exame de corpo de delito, mas a verdade é que quem fez foi a mulher dele, que teria machucado o joelho por truculência dos seguranças de Paes. Já o prefeito assume publicamente que agrediu o músico e pede desculpas. Está tudo muito estranho — afirmou Orlando Zaccone.
"As agressões verbais com xingamentos não paravam, então eu pedi ao Botikay (que conheço, sem intimidade, há anos) que parasse com aquilo. E as agressões eram destituídas de qualquer argumentação; puro xingamento e ironia pretensamente superior. Temendo que a situação se agravasse, me levantei para conversar com Botikay. Segundos depois eu vi, para minha perplexidade, o prefeito agredindo Botikay fisicamente. De minha parte, só o que fiz foi separar", relatou na rede social.
Para a polícia, é preciso esclarecer qual foi a forma que se deu a agressão e se efetivamente houve ou não ação do prefeito. Segundo o delegado Orlando Zaccone, as imagens das câmeras de segurança do restaurante não registraram o episódio, que ocorreu do lado de fora do estabelecimento.
— Soube que só há câmeras dentro do restaurante, mas por meio de novos depoimentos tenho como descrever de fato o que aconteceu. Preciso que o músico e a mulher dele descrevam minuciosamente como foi a postura de cada um dos envolvidos. Sem me certificar sobre quem agrediu e quem foi agredido não tem como definir a participação do prefeito Eduardo Paes — explicou ele, ressaltando que ainda é muito cedo para “absolver ou condenar sumariamente o prefeito”.
Caso se confirme na delegacia a agressão, como o prefeito tem foro privilegiado, o caso passa a ser investigado diretamente pelo Tribunal de Justiça.
Um dia após a confusão, o músico Bernardo Botkay disse ao GLOBO que não se arrepende de ter agredido verbalmente o prefeito.
— Não sei se eu faria o que fiz novamente, mas não me arrependo do que fiz. Consultei uma advogada que me orientou a não dar mais entrevistas neste momento. Só falo agora com orientação.
Prefeito pede desculpas à população
Em entrevista à Radio Band News, o prefeito Eduardo Paes se desculpou com cidadãos e a cidade. Ele, no entanto, negou que os seus seguranças tenham agredido o músico e sua namorada, mas reconheceu que não podia ter reagido desta forma.
— Os seguranças só chegaram muito depois, para intervir. Se eu estivesse com seguranças ali, desde o início, ele provavelmente não teria passado dez minutos xingando todas as gerações da minha família. Não deve ser uma pessoa equilibrada (o músico Bernardo Botkay), mas isso não justifica a minha atitude — afirmou à rádio, e acrescentou: — Todo cidadão pode cobrar muito de mim, mas tudo tem limite. Reagi como o Eduardo em uma situação inusitada como essa. Estava ao lado de minha mulher. Confesso que não deveria ter tido a reação, pois sou prefeito da cidade.
O prefeito estava no Yumê com a mulher, Cristine; o secretário da Casa Civil, Pedro Paulo Carvalho, e a mulher dele; o filósofo Francisco Bosco e duas amigas. Clientes do restaurante contaram que Paes tinha saído para fumar numa mesa do lado de fora quando ocorreu a confusão no restaurante de culinária japonesa. O delegado da 15ª DP (Gávea) informou que policiais civis foram ao local da confusão, na manhã de domingo, em busca de registros feitos por câmeras de segurança.
Um comentário:
O delegado está sendo mais realista que o rei. Não havendo nenhuma denúncia contra o Prefeito o delegado só deverá proceder a uma investigação em casos de real ameaça à segurança pública. Evidentemente não é razoável esperar que o Prefeito saia pelas ruas agredindo indiscriminadamente a população carioca.
Caso seja uma compulsão incontrolável de chamar atenção, sugiro que o Delegado ponha uma jaca na cabeça.
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