Angel Merkel não Vem

Chanceler alemã cancela participação na conferência e é alvo de críticas

A chanceler alemã Angela Merkel: chefe de governo é mais uma que dá adeus à sua participação na conferência ambiental de junho no RioAFP/MICHAEL GOTTSCHALK

BERLIM – Embora a Alemanha se defina como o país pioneiro na proteção ao meio ambiente, a chanceler federal Angela Merkel resolveu cancelar a sua participação na Rio+20, conferência ambiental que será realizada de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro. Segundo um porta-voz do governo alemão, ela teria comunicado a sua decisão pessoalmente à presidente Dilma Rousseff, por telefone, na última quinta-feira. Na Alemanha, a decisão de Merkel foi bombardeada de críticas.

- Merkel mostrou, com a sua decisão de não ir ao Rio, que meio ambiente e desenvolvimento não são uma prioridade do seu governo - afirmou Michael Frein, encarregado de meio ambiente do Serviço de Desenvolvimento Evangélico (EED, na sigla em alemão), que planeja participar da conferência de junho.

Também Claudia Roth, presidente do Partido Verde, reagiu indignada:

- A ex-rainha do clima Angela Merkel arquivou definitivamente o assunto proteção do meio ambiente.

Roth chamou de absurdo o plano de designar o ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, como chefe da delegação alemã. Röttgen, da União Democrata Cristã (CDU, o partido da chefe do governo), é candidato ao governo do estado da Renânia do Norte-Vestfália (NRW) no próximo dia 13. Se Röttgen ganhar nessas eleições estaduais, deverá, por sua vez, cancelar a viagem ao Rio, transferindo a chefia da delegação alemã ao ministro da Cooperação Econômica (encarregado das relações com os países do Terceiro Mundo), Dirk Kniebel.

- A política de meio ambiente deixou de ser carro-chefe do governo alemão - lamentou Roth.

Merkel não será a única chefe de governo de um país desenvolvido a cancelar sua participação. Segundo Alexander Egit, chefe da organização Greenpeace na Áustria, é provável que nenhum chefe de governo de países do Primeiro Mundo participe da conferência, o que mostra como a Rio+20 é vista como muito menos importante do que a Rio-92, a primeira Cúpula da Terra, que teve a participação de mais de 170 chefes de governo ou de Estado.