domingo, 17 de maio de 2009

História dos Bairros do Rio de Janeiro - Glória




O bairro teve início no alto de um desabitado outeiro à beira-mar, onde, em 1671, o Capitão Antônio Caminha ergueu uma ermida rústica em louvor a Nossa Senhora da Glória. No mesmo lugar, em 1714, surgiu uma igreja de pedra e cal, em forma poligonal, projeto do arquiteto José Cardoso Ramalho, a bela Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, uma jóia do barroco brasileiro, que ficou pronta em 1740, em terras doadas por Cláudio Gurgel do Amaral. Em baixo, na orla, havia plantações e um caminho precário em direção ao Catete, que passava pelo alagado Boqueirão da Glória, aterrado, mais tarde, para a construção do Largo da Glória. Ali desembocava um braço do Carioca, o Rio Catete.
No governo do Vice-rei Marquês do Lavradio, entre 1769 e 1779, foram feitas várias melhorias na área, como o alargamento do caminho para o Catete, guarnecido com uma grossa amurada para protegê-lo contra as ondas da Baía de Guanabara e a Fonte ou Chafariz da Glória, que trazia água do morro de Santa Teresa, e é tombado pelo patrimônio federal. A amurada foi ampliada e reforçada, em 1905, quando o Prefeito Pereira Passos a dotou da balaustrada de bronze e do relógio, ambos em estilo “Art Nouveau”. Pereira Passos criou, também, a chamada Rua Augusto Severo, precursora da Avenida Beira Mar.
O Largo da Glória foi remodelado, em 1857, com a instalação de um cais com trapiche e do Mercado da Glória que, mais tarde, se transformou em um “cortiço” e foi demolido pelo prefeito Pereira Passos, e substituído por uma praça, a de Pedro Álvares Cabral. Próximo ao conjunto, ficava a Fábrica da City, com sua alta chaminé, onde o esgoto da Cidade era tratado e levado mar adentro, por barcos. Esse serviço foi inaugurado em 1864. Atualmente, o prédio da antiga City abriga a Sede da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro – SEAERJ.
Ao pé do outeiro da Glória ficava a Praia do Engenheiro Russel, no Saco da Glória que, mais tarde, foi aterrado para fazer surgir a Praça Luis de Camões. Junto a ela foi construído, na década de 1920, o luxuoso Hotel Glória que hospedou e ainda hospeda presidentes e celebridades.
A Glória foi um bairro aristocrático no fim da monarquia: foi sede do poder eclesiástico que se localizava no Palácio São Joaquim. Também lá estava o do Templo da Humanidade, da Igreja Positivista e, em 1929, ganhou a Praça Paris, área de 48 mil metros, inspirada no paisagismo francês da “belle époque”.
As ruas Dona Luísa (Cândido Mendes) e Santa Isabel (Benjamim Constant) surgiram para a criação de um novo bairro residencial junto a Santa Teresa. Outro marco é o Hospital da Beneficência Portuguesa, fundado em 1840, para atender à numerosa comunidade lusa da Cidade.
A construção do aterro e implantação do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes ou Parque do Flamengo, na década de 1960, fez com que a Glória incorporasse parte dessa extensa área de lazer, incluindo a Marina da Glória, o Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial e o importante Museu de Arte Moderna – MAM, projeto do arquiteto Affonso Eduardo Reidy. Também é destaque o recém instalado Memorial Getúlio Vargas na Praça Luis de Camões.
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Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

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