sexta-feira, 29 de maio de 2009

A CPI da CPI...


Dos onze senadores escalados para investigar supostos desvios de verba e de conduta na Petrobras, oito respondem a processos criminais no Supremo Tribunal Federal (STF) ou receberam doações de campanhas de empresas ligadas à estatal por contratos ou parcerias. O senador Romero Jucá (foto), provável relator da CPI da Petrobras, teve quase metade de sua campanha (R$ 200 mil) para o Senado, em 2002, bancada pela OPP, empresa petroquímica que foi incorporada à Braskem, da qual a Petrobras é sócia.
Além disso, Jucá é acusado pelo Ministério Público Federal, com base em investigações da Polícia Federal, de compra de voto e desvio de recursos federais para obras. O inquérito tramita em segredo de Justiça. A investigação começou a partir de gravação que teria supostamente flagrado o então prefeito de Cantá (RR), Paulo Peixoto, pedindo propina em convênios de obras no estado. O senador teve seu sigilos bancário e fiscal quebrados. As provas embasaram a denúncia do Ministério Público.
A defesa de Jucá alega que os dados não podem ser usados, já que a gravação inicial era ilícita, o que contaminaria as provas subsequentes. O processo está parado há três anos, quando o ministro Gilmar Mendes pediu vista. Já são sete os votos favoráveis à licitude das provas, contra um voto, do relator.
Outra empresa que aparece na lista de doadores oficiais dos titulares da CPI é a Ipiranga, comprada por Petrobras e Braskem em 2007. A empresa contribuiu com R$ 50 mil para Jucá, e com R$ 50 mil para Sérgio Guerra (PSDB-CE), além de R$ 60 mil para a campanha de Antonio Carlos Magalhães, já falecido - seu filho Antonio Carlos Júnior, que era suplente e assumiu o mandato, representará o DEM na CPI.
Já a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que chegou a ser cotada para presidir a comissão, recebeu uma pequena doação eleitoral, R$ 5 mil, da Conenge, empreiteira contratada pela Petrobras por R$ 52 milhões para construir uma estação de tratamento de efluentes em Mossoró (RN).
Entre as empreiteiras com vultosos contratos com a Petrobras, surgem como doadoras a Camargo Corrêa e a Norberto Odebrecht. A primeira repassou R$ 100 mil para o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE), em 2006. A segunda doou R$ 50 mil para o tucano Álvaro Dias (PSDB-PR).
Além de Jucá, também estão com pendências no STF os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Leomar Quintanilha (PMDB-TO). O ex-presidente é réu em duas ações penais, uma por corrupção ativa e passiva, peculato, falsidade ideológica e tráfico de influência, e outra por crimes tributários. Já o peemedebista responde a inquérito por formação de quadrilha e sonegação.
Paulo Duque (PMDB-RJ), Jefferson Praia (PDT-AM) e João Pedro (PT-AM) são suplentes que exercem o mandato e não têm processos.

2 comentários:

Alberto del Castillo disse...

Se a composição da comissão representa, como deveria ser, a imagem do Senado, estamos diante da estarrecedora informação que 73% dos membros da casa respondem a processos criminais no STF.

AAreal disse...

Ivanildo, hoje estou bem musical. Lá vai:
"se gritar pega ladrão
não fica um
meu irmão"