Em um discurso digno de candidato à presidência da República, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves - que disputa com o governador de São Paulo, José Serra, a indicação do PSDB para concorrer ao cargo - disse nesta sexta-feira que o país precisa de um grande projeto nacional. O governador mineiro defendeu ainda que seu partido, o PSDB, e o PT façam uma campanha "sem radicalismos" em 2010.
Em cerimônia na Associação Comercial do Rio de Janeiro, Aécio disse que é preciso reconhecer os avanços que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva trouxe para o Brasil. Segundo o governador mineiro, faltou, no entanto, vontade política do presidente Lula para ir além e fazer reformas importantes, como a tributária.
- Não se deve negar a realidade. Eu reconheço os avanços - disse Aécio, observando, no entanto, que a implementação de programas sociais no país começaram ainda no governo Fernando Henrique.
- Para fazer as reformas faltou vontade política. Ou você faz as reformas no início do governo ou não faz mais.
- Quero fazer uma reflexão que talvez muitos correligionários não gostem, assim como meus adversários políticos. Acredito que, daqui a alguns anos, distantes das paixões políticas, dos embates eleitorais e compromissos partidários, os cientistas políticos deverão analisar este longo período de governo, que se inicia com Itamar Franco, com a elaboração do Plano Real, passa pelos oito anos do governo Fernando Henrique e chega aos oito do presidente Lula, como um só período de continuidade da vida nacional.
Aécio fez ainda um balanço dos indicadores positivos conquistados por seu governo em áreas como saúde e educação. E terminou seu discurso citando Guimarães Rosa:
- O importante não é a partida ou a chegada, mas a caminhada.
Em entrevista após a cerimônia, Aécio voltou a afirmar que os programas sociais, como o Bolsa Família, avançam "de forma extremamente sólida" e que o "arcabouço econômico é responsavelmente mantido" por Lula. Mas disse que faltou vontade política para fazer reformas importantes, como a tributária:
- A grande questão agora não é reeditarmos este radicalismo, mas encontrarmos uma convergência em torno da próxima agenda. Porque, se o governo do presidente Lula trouxe avanços, e reconheço isso publicamente, deixou também de fazer algumas reformas que poderiam ser feitas num momento de expansão da economia, de estabilidade econômica e de alta popularidade do presidente. Este tripé poderia ter permitido ao governo avançar em reformas que não avançou. Então o que tenho defendido é que o PSDB percorra o país discutindo esta nova agenda.
Perguntado sobre o Bolsa Família, afirmou que o programa será mantido, pois já se incorporou à realidade econômica nacional e é um instrumento de distribuição de renda importante:
- O que temos que fazer é dar um passo além: qualificar estas pessoas para que elas possam se inserir no mercado de trabalho. Ficarei extremamente feliz se, em vez de comemorar que mais um ou dois milhões de pessoas foram incorporadas ao Bolsa Família, (comemorasse) que esta quantidade de pessoas saiu do programa porque encontrou emprego e se qualificou. O Bolsa Família não pode ser um fim. Ele é necessário e será mantido pelo governo do PSDB, mas daremos este passo adiante. Não quero que uma criança que nasça hoje seja, daqui a 20 anos, mantida pelo Bolsa Família.
Para ele, até o fim do ano o PSDB tem que viajar pelo país, mobilizando suas bases, para construir um novo projeto para o Brasil, que ele chamou de "de pós-Lula".
- Temos é que fazer nosso dever de casa, que é discutir propostas. O PSDB não pode achar que, dormindo em berço esplêndido, vai acordar em 2010 com o candidato eleito. O PSDB tem que construir um discurso, eleger quatro ou cinco bandeiras que o diferenciem do governo que está aí, e então ter um candidato. Porque este candidato vai nascer com muito mais densidade.
O governador de Minas foi homenageado em almoço na Associação Comercial do Rio, onde recebeu o diploma Visconde de Mauá. Participaram da homenagem o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Também estiveram presentes a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a atriz Christiane Torloni, o cartunista Ziraldo e a mãe de Aécio, Inês Maria.
Em cerimônia na Associação Comercial do Rio de Janeiro, Aécio disse que é preciso reconhecer os avanços que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva trouxe para o Brasil. Segundo o governador mineiro, faltou, no entanto, vontade política do presidente Lula para ir além e fazer reformas importantes, como a tributária.
- Não se deve negar a realidade. Eu reconheço os avanços - disse Aécio, observando, no entanto, que a implementação de programas sociais no país começaram ainda no governo Fernando Henrique.
- Para fazer as reformas faltou vontade política. Ou você faz as reformas no início do governo ou não faz mais.
- Quero fazer uma reflexão que talvez muitos correligionários não gostem, assim como meus adversários políticos. Acredito que, daqui a alguns anos, distantes das paixões políticas, dos embates eleitorais e compromissos partidários, os cientistas políticos deverão analisar este longo período de governo, que se inicia com Itamar Franco, com a elaboração do Plano Real, passa pelos oito anos do governo Fernando Henrique e chega aos oito do presidente Lula, como um só período de continuidade da vida nacional.
Aécio fez ainda um balanço dos indicadores positivos conquistados por seu governo em áreas como saúde e educação. E terminou seu discurso citando Guimarães Rosa:
- O importante não é a partida ou a chegada, mas a caminhada.
Em entrevista após a cerimônia, Aécio voltou a afirmar que os programas sociais, como o Bolsa Família, avançam "de forma extremamente sólida" e que o "arcabouço econômico é responsavelmente mantido" por Lula. Mas disse que faltou vontade política para fazer reformas importantes, como a tributária:
- A grande questão agora não é reeditarmos este radicalismo, mas encontrarmos uma convergência em torno da próxima agenda. Porque, se o governo do presidente Lula trouxe avanços, e reconheço isso publicamente, deixou também de fazer algumas reformas que poderiam ser feitas num momento de expansão da economia, de estabilidade econômica e de alta popularidade do presidente. Este tripé poderia ter permitido ao governo avançar em reformas que não avançou. Então o que tenho defendido é que o PSDB percorra o país discutindo esta nova agenda.
Perguntado sobre o Bolsa Família, afirmou que o programa será mantido, pois já se incorporou à realidade econômica nacional e é um instrumento de distribuição de renda importante:
- O que temos que fazer é dar um passo além: qualificar estas pessoas para que elas possam se inserir no mercado de trabalho. Ficarei extremamente feliz se, em vez de comemorar que mais um ou dois milhões de pessoas foram incorporadas ao Bolsa Família, (comemorasse) que esta quantidade de pessoas saiu do programa porque encontrou emprego e se qualificou. O Bolsa Família não pode ser um fim. Ele é necessário e será mantido pelo governo do PSDB, mas daremos este passo adiante. Não quero que uma criança que nasça hoje seja, daqui a 20 anos, mantida pelo Bolsa Família.
Para ele, até o fim do ano o PSDB tem que viajar pelo país, mobilizando suas bases, para construir um novo projeto para o Brasil, que ele chamou de "de pós-Lula".
- Temos é que fazer nosso dever de casa, que é discutir propostas. O PSDB não pode achar que, dormindo em berço esplêndido, vai acordar em 2010 com o candidato eleito. O PSDB tem que construir um discurso, eleger quatro ou cinco bandeiras que o diferenciem do governo que está aí, e então ter um candidato. Porque este candidato vai nascer com muito mais densidade.
O governador de Minas foi homenageado em almoço na Associação Comercial do Rio, onde recebeu o diploma Visconde de Mauá. Participaram da homenagem o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. Também estiveram presentes a ministra Ellen Gracie, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, a atriz Christiane Torloni, o cartunista Ziraldo e a mãe de Aécio, Inês Maria.
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(Foto: Aécio Neves entre Sérgio Cabral e Eduardo Paes)
5 comentários:
É Ivanildo, o Aécio está certo. O grande candidato do autal governo é a bolsa família. Os outros terão que vencer dele.
Como bom mineiro, neto de Tancreto, o Aécio tinha mesmo de encerrar com uma citação de Guimarães Rosa.
Hélio, vc, do alto dos seus 80 anos, admirador dos mineiros, consegue entender pq, de uns tempos pra cá, muitos usam a expressão "vontade política"?
Qual o verdadeiro significado dela, segundo a língua usada pelo Guimarães Rosa?
Como bom político mineiro o Aécio discursa de cima do muro.
Caro Antônio, Não sou propriamente admirador dos mineiros e sim de alguns nomes importantes da literatura mineira, como Guimarães Rosa (o hors-concours), Fernando Sabino, Carlos Drummond de Andrade...
Quanto à vontade política, a definição clássica é "a capacidade de satisfazer as necessidades de uma sociedade, de forma reconhecida pela maioria
dos seus integrantes". Mas, como sempre, tem sido usada por quem não tem a menor idéia do que está falando.
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