Andei lendo a respeito do medo que o crescimento do Islã no Brasil tem despertado em algumas pessoas. Não gosto de discutir temas religiosos mas o problema é que, como disse alguém, quando os bons se calam o Mal prevalece.
O medo infundado leva ao ódio.
Mesmo não concordando com uma série de preceitos religiosos e sociais islamitas defendo a liberdade de adotá-los ou não. Quando os muçulmanos começarem a nos atacar, se um dia nos atacarem, teremos motivos para temê-los, não antes!
Dizem que a situação está se tornando perigosa porque os seguidores do islamismo têm chamado a si pessoas menos privilegiadas economicamente o que pode trazer ameaça à população brasileira por dar lugar à intolerância religiosa. Alguns prevêm sequestros em sinagogas na saida do shabat, ataques a terreiros de Umbanda, formação de grupos do tipo Comando Vermelho e por aí vai. Li em uma reportagem de revista da semana passada que detentos, dentro das nossas prisões, se convertidos, podem passar a acreditar que são presos políticos qualquer que tenha sido o seu crime. Quando se pensa que a um assassino condenado em outro país foi dado aqui estatus de refugiado político e que os casos de crimes contra a sociedade brasileira cometidos por gente engravatada terminam com os acusados em férias em algum paraíso fiscal, temos que pelo menos entender que possam pensar assim, mesmo que não concordemos. Os menos privilegiados podem tornar-se um perigo quando se juntam a determinada religião? Não acho! Acho que os privilegiados donos do poder são mais letais, considerando que para manterem seus privilégios tiram dos menos privilegiados aquilo que lhes é de direito, fazendo permanecer a injustiça social em níveis assustadores neste país e dando a eles motivos para juntarem-se a facções criminosas, estas sim amedrontadoras.
Tenho medo é da intolerância e das idéias pré-concebidas de que pessoas que seguem determinada religião ou pertencem a determinada etnia sejam perigosas e ameaçadoras apenas porque querem espalhar o seu credo.
Devo me assustar e pensar em "homem bomba" se alguém com pele mais escura e nariz adunco exclamar "Deus é grande!" perto de mim quando eu estiver passeando no Shopping? Por enquanto vou me dar o direito de apenas olhar e seguir o meu caminho.
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(foto: Mesquita em Medina)
7 comentários:
Não tem homem-bomba, não tem mulher-bomba, não tem nem bomba. Como escreveu Oduvaldo Viana Filho na peça Os Campeões do Mundo, "a única coisa que faz barulho neste país é a barriga do trabalhador com fome".
Perigosos mesmo são aqueles que tentam te contaminar com esse medo.
Imagina agora se desconfiassem de todo judeu que se aproximasse da seção de gravatas de uma loja?!
Não consigo parar de rir do comentário das gravatas! O humor é a melhor das armas contra a babaquice!
Nesta cidade maravilhosa não tem homem-bomba, mas tem PM e traficante. E tem (muitas) balas perdidas. Seja você judeu, muçulmano ou cristão, tome cuidado porque a bala perdida não discrimina ninguém, é democrática, e um dia pode te achar.
Texto muito bom refletindo com rara felicidade a posição de absoluta inexistência de qualquer discriminação. Usando a expressão da moda, um texto politicamente correto (no bom sentido).
Parabéns à Senhora Meirelles.
Nossa! Existe vida inteligente na internet!
Parabéns pelo texto.
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