quinta-feira, 31 de maio de 2012

Uma trinca do escracho - Elio Gaspari



O que aconteceu no dia 26 de abril no escritório de Nelson Jobim, ex-ministro da Justiça, da Defesa, e ex-presidente do Supremo Tribunal Federal? Certo mesmo, só que lá se encontraram Lula, o ministro Gilmar Mendes e o dono da casa. Os repórteres Rodrigo Rangel e Otávio Cabral revelaram a lembrança de Mendes. Coisa tenebrosa. Lula recomendou que se adiasse o julgamento do mensalão: “É inconveniente julgar esse processo agora”, e contou que estava caitituando votos da Corte. Cármen Lúcia? “Vou falar com o Pertence para cuidar dela.” Referia-se ao ex-ministro Sepúlveda Pertence, por coincidência presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência. Dias Toffoli? “Ele tem de participar do julgamento.” (O ministro, como ex-advogado-geral da União, poderia dar-se por impedido.) Ricardo Lewandowski? “Ele só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão.” Joaquim Barbosa: “Complexado.” Finalmente, Lula prensou Mendes com uma pergunta. “E a viagem a Berlim?” Por trás da curiosidade estava a maledicência de que o ministro fizera uma viagem a Berlim com o senador Demóstenes Torres e parte do paganini por conta de Carlinhos Cachoeira. O ministro rebateu a insinuação e dobrou a aposta: “Vá fundo na CPI.”
O repórter Jorge Bastos Moreno ouviu a narrativa de Jobim: “Não houve nada disso.” Ele contou que o encontro ocorreu por acaso, durou cerca de uma hora, e em nenhum momento os dois estiveram a sós. Dias depois, corrigiu-se e disse que marcou o encontro a pedido de Lula. O ex-presidente, por intermédio de sua assessoria, contestou, indignado, a reconstrução de Gilmar Mendes.
Alguém está mentindo. Ou mente Gilmar, ou mentem Lula e Jobim.
Pela narrativa de Gilmar, “fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. O ministro conta que narrou o episódio ao presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, na quarta-feira da semana passada, 27 dias depois do ocorrido. Infelizmente, ambos mantiveram-no restrito ao mundo de confidências que alimentam a nobiliarquia de Brasília.
Se a narrativa de Gilmar é verdadeira, o escracho começou na própria conversa. Nem Lula poderia ter dito o que disse, nem Gilmar poderia ter ouvido. Sua perplexidade diante das “insinuações despropositadas” deveria ter sido expressa no ato. A comunicação do ocorrido ao ministro Ayres Britto deveria ter desencadeado uma imediata iniciativa pública. A essa altura era Britto quem não poderia ter ouvido o que Gilmar lhe contou. O cargo em que está investido recomendava que pedisse ao colega que narrasse o episódio na sala de sessões da Corte, ao vivo e em cores, como já fez o ministro Joaquim Barbosa quando julgou impertinente um telefonema que lhe dera um ex-ministro da Casa, advogando um caso milionário. Nessa ocasião, Barbosa começou a construir sua fama de intratável. Um Supremo Tribunal Federal com onze juízes intratáveis jamais acabaria metido numa história dessas.
P. S. A memória exige o registro de que em 2008 o ministro Gilmar Mendes, presidindo o STF, denunciou um “estado policialesco” a partir da leitura do que seria a transcrição de uma conversa que tivera com o senador Demóstenes Torres. Até hoje não apareceu o áudio desse grampo.


Gilmar Mendes: "O Brasil não é a Venezuela"


Ministro critica ex-presidente Lula e fala em ação orquestrada para enfraquecer instituição



O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes
Foto: O Globo / Gustavo Miranda
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar MendesO GLOBO / GUSTAVO MIRANDA
BRASÍLIA- Indignado com o que afirma ser uma sórdida ação orquestrada para enfraquecer o Supremo, levar o tribunal para a vala comum, fragilizar a instituição e estabelecer a nulidade da Corte, o ministro Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira, em entrevista no seu gabinete no início da noite, que o Brasil não é a Venezuela de Chávez, onde o mandatário, quando contrariado, mandou até prender juiz. Gilmar acredita que por trás dessa estratégia está a tentativa de empurrar o julgamento do mensalão para pegar o STF num momento de transição, com três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão. Gilmar, que afirma ter ótima relação pessoal com Lula, conta que se surpreendeu com a abordagem recente do ex-presidente na casa do ex-ministro Nelson Jobim. Gilmar afirma que há estresse em torno do julgamento do mensalão e diz que os envolvidos estão fazendo com que o julgamento já esteja em curso. Ironicamente, diz, as ações para abortar o julgamento estão tendo efeito de precipitá-lo.
O GLOBO: Como foi a conversa com o presidente Lula?
GILMAR MENDES: Começou de forma absolutamente normal. Aí eu percebi que ele entrava insistentemente com tema da CPMI, dizendo do controle, do poder que tinha. Na terceira ou quarta vez que ele falou, eu senti-me na obrigação de dizer pra ele: “Eu não tenho nenhum temor de CPMI, eu não tenho nada com o Demóstenes”.
Isso soou a ele como provocação?
GILMAR: Isso. A reação dele foi voltar para a cadeira, tomou um susto. E aí ele disse: “E a viagem a Berlim? Não tem essa história da viagem a Berlim?” Aí eu percebi que tinha uma intriga no ar e fiz questão de esclarecer.
Antes disso ele tinha mencionado o mensalão?
GILMAR: É. Aqui ocorreu uma conversa normal. Ele disse que não achava conveniente o julgamento e eu disse que não havia como o tribunal não julgar neste ano. Visões diferentes e sinceras. É natural que ele possa ter uma avaliação, um interesse de momento de julgamento.
Isso é indício de que o presidente Lula não se desprendeu do cargo?
GILMAR: Não tenho condições de avaliar. Posso dizer é que ele é um ente político, vive isso 24 horas. E pode ser que ele esteja muito pressionado por quem está interessado no julgamento.
Na substituição de dois ministros, acha que as nomeações podem atender a um critério ideológico?
GILMAR: É uma pressão que pode ocorrer sobre o governo. Toda minha defesa em relação ao julgamento ainda este semestre diz respeito ao tempo já adequado de tramitação desse processo. O presidente Ayres Britto tem falado que o processo está maduro. Por outro lado, a demora leva à ausência desses dois ministros que participaram do recebimento da denúncia e conhecem o processo, que leva à recomposição do tribunal sob essa forte tensão e pressão, o que pode ser altamente inconveniente para uma corte desse tipo, que cumpre papel de moderação.
A partir da publicação da conversa do presidente Lula com o senhor, os ministros do STF estariam pressionados a condenar os réus, para não parecer que estão a serviço de Lula?
GILMAR: Não deve ser isso. O tribunal tem credibilidade suficiente para julgar com independência (...) O que me pareceu realmente heterodoxo, atípico, foi essa insistência na CPMI e na tentativa de me vincular a algo irregular. E de forma desinformada.
Quem está articulando o adiamento do mensalão dá um tiro no pé?
GILMAR: Acho que sim. E talvez não reparar que o Brasil não é a Venezuela de Chávez... ele mandou até prender juiz. Um diferencial do Brasil é ter instituições estáveis e fortes. Veja a importância do tribunal em certos momentos. A gente poderia citar várias. O caso das ações policialescas é o exemplo mais evidente. A ação firme do tribunal é que libertou o governo do torniquete da polícia. Se olharmos a crise dos jogos, dos bingos, era um quadro de corrupção que envolvia o governo. E foi o Supremo que começou a declarar a inconstitucionalidade das leis estaduais e inclusive estabeleceu a súmula. Eu fui o propositor da súmula dos bingos.
Depois que o ministro Jobim o desmentiu, o senhor conversou com ele?
GILMAR: Sim. O Jobim disse que o relato era falso. Eu disse: “Não, o relato não é falso”. A “Veja” compôs aquilo como uma colcha de retalhos, a partir de informações de várias pessoas, depois me procuraram. Óbvio que ela tem a interpretação. O fato na essência ocorreu. Não tenho histórico de mentira.
O julgamento já está em curso?
GILMAR: Sim, de certa forma. Por ironia do destino, talvez essas tentativas de abortar o julgamento ou de retardá-lo acabou por precipitá-lo, ou torná-lo inevitável.
O momento é de crise?
GILMAR: Está delicado. O país tem instituições fortes, isso nos permite resistir, avançar.
Tem uma ação deliberada de tumultuar processos em curso?
GILMAR: Ah, sim.
Existe fixação da figura do senhor?
GILMAR: Isso que é sintomático. Ficaram plantando notícias.
Qual o motivo disso?
GILMAR: Tenho a impressão de que uma das razões deve ser a tentativa de nulificar as iniciativas do tribunal em relação ao julgamento desse caso.
Mas por que o senhor?
GILMAR: Não sei. Eu vinha defendendo isso de forma muito enfática (o julgamento do mensalão o quanto antes). Desde o ano passado venho defendendo isso. O tribunal está passando por um momento muito complicado. Três juízes mais jovens, recém-nomeados, dois dos mais experientes para sair, uma presidência em caráter tampão. Isso enfraquece, debilita a liderança. Já é um poder em caráter descendente.
Um tribunal com ministros mais recentes é mais fraco que um com ministros mais experientes?
GILMAR: Não é isso. Mas os ministros mais recentes obviamente ainda não têm a cultura do tribunal, tanto é que participam pouco do debate público, naturalmente.
Dizem que os réus do mensalão querem adiar o julgamento para depois das substituições.
GILMAR: Esse é um ponto de ainda maior enfraquecimento do tribunal. Sempre que surge nova nomeação sempre vêm essas discussões acerca de compromissos, que tipo de compromissos teria aceito. Se tivermos esse julgamento, além do risco de prescrição no ano que vem, vamos trazer para esses colegas e o tribunal esta sobrecarga de suspeita.
Haverá suspeita se a indicação deles foi pautada pelo julgamento?
GILMAR: Vai abrir uma discussão desse tipo, o que é altamente inconveniente nesse contexto.
O voto do senhor na época da denúncia não foi dos mais fortes...
GILMAR: Não. É uma surpresa. Por que esse ataque a mim? Em matéria criminal, me enquadro entre os mais liberais. Inclusive arquei com o ônus de ser relator do processo do Palocci, com as críticas que vieram, fui contra o indiciamento do Mercadante, discuti fortemente o recebimento da denúncia do Genoino lá em Minas. Ninguém precisa me pedir cautela em termos de processo criminal. Combato o populismo judicial, especialmente esse em processos criminais, denuncio isso.
Todas as figuras que o senhor citou são petistas proeminentes. Por que querem atacar o senhor agora?
GILMAR: Desde o início desse caso há uma sequência de boatos, valendo-se inclusive desse poder perverso, essa associação de vazamentos, Polícia Federal, acesso de CPI. Como fizeram com o (procurador-geral da República, Roberto) Gurgel, de certa forma.
Um ex-presidente empenhado em pressionar o STF não mostra alto grau de desespero com a possibilidade de condenação no mensalão?
GILMAR: É difícil classificar. A minha indignação vem de que o próprio presidente poderia estar envolvido na divulgação de boatos. E a partir de desinformação, esse que é o problema.
Ele pode ter sido usado?
GILMAR: Sim, a sobrecarga... Ele não está tendo tempo de trabalhar essas questões, está tratando da saúde. Alguém está levando esse tipo de informação. Fui a Berlim em viagem oficial. Por conta do STF. Pra que ficar cultivando esse tipo de mito? São historietas irresponsáveis. Qualquer agente administrativo saberia esclarecer isso.
Esses ataques não atingem o STF?
GILMAR: Claro, evidente. O intuito, obviamente, não é só me atingir, é afetar a própria instituição, trazê-la para essa vala comum.

  

Juntos num só ritmo


Lema servirá de base para a elaboração de músicas-tema de eventos ligados ao Mundial


Ronaldo, Jérôme Valcke, Aldo Rebelo e Bebeto apresentarão oficialmente o novo slogan da Copa do Mundo nesta terça-feira Foto: Divulgação
Ronaldo, Jérôme Valcke, Aldo Rebelo e Bebeto apresentarão oficialmente o novo slogan da Copa do Mundo nesta terça-feiraDIVULGAÇÃO
RIO - Foi apresentado oficialmente na noite desta terça-feira o slogan oficial da Copa do Mundo de 2014: 'Juntos num só ritmo' ('All in one rhythm', em inglês). O lema, criado pela agência Aktuell, servirá de base para a elaboração de músicas-tema de eventos relacionados ao Mundial, como o Fifa Fan Fest, as cerimônias de abertura e encerramento, e as campanhas feitas pela Fifa, pelo Comitê Organizador Local (COL), pelas cidades-sede e pelos governos estaduais e federal (clique aqui e assista ao vídeo de apresentação do slogan no canal da Fifa no YouTube).
- O slogan oficial é o resultado de um esforço conjunto entre o Brasil e o mundo do futebol para encontrar uma mensagem unificadora que represente o toque único que o país oferecerá à Copa do Mundo da FIFA. Com base na ideia central do 'ritmo', ele unirá as torcidas no Brasil e no exterior em torno do que será uma celebração colorida e vibrante em um ritmo exclusivamente brasileiro - declarou durante a apresentação o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, de acordo com o site do órgão máximo do futebol mundial.
- O futebol é tudo para o povo brasileiro. É por isso que ele tem um potencial tão grande de unir as pessoas e de ser uma influência positiva. O ritmo do futebol está por todas as partes no Brasil, unindo gente de todas as idades e de todas as classes sociais - destacou o bicampeão mundial Ronaldo, integrante do Conselho de Administração do COL.
O slogan foi escolhido entre as 26 propostas apresentadas por seis agências brasileiras pré-selecionadas, e o processo de escolha durou cerca de um ano e meio. Na manhã desta quarta-feira, será apresentada no Rio a tabela da Copa das Confederações, que será disputada no Brasil em 2013 como evento preparatório para o Mundial de 2014.

Mais uma Pesquisa...


Após dois procedimentos, marcadores de risco cardiovascular e colesterol diminuíram

RIO - Apesar de a prática de retirar sangue do organismo do indivíduo para tratar determinadas doenças ter sido abandonada no século XIX, por não apresentar grandes efeitos, uma nova pesquisa publicada na revista "BMC Medicine" demonstra que a sangria tem benefícios reais para pessoas obesas com síndrome metabólica. Duas sessões de retirada de sangue foram suficientes para melhorar a pressão sanguínea e marcadores de doença cardiovascular.
Síndrome metabólica é o nome dado a um grupo de problemas que afetam as pessoas que são obesas. Isso inclui resistência à insulina, intolerância à glicose, dislipidemia (níveis elevados ou anormais de lipídios no sangue) e hipertensão, e aumenta o risco de diabetes e doença cardiovascular. Sabe-se ainda que a acumulação de ferro no corpo também está associada à hipertensão e à diabetes, o que levou pesquisadores alemães a recrutarem pacientes com síndrome metabólica e os dividirem em dois grupos: um que passaria por retirada de sangue e outro de controle.
Os pacientes que tiraram sangue tiveram 300ml removidos no começo da triagem e entre 250ml e 500ml removidos quatro semanas depois. Seis semanas depois, tempo suficiente para o volume de sangue ser reposto pelo organismo, os pacientes apresentaram uma redução significativa na pressão arterial sistólica (de 148 mmHg para 130 mmHg), assim como uma diminuição dos níveis de glicose e da frequência cardíaca, além de uma melhoria nos índices de colesterol.
- A redução consecutiva dos estoques de ferro foi capaz de promover uma melhora nos marcadores de risco cardiovascular e controle glicêmico. Consequentemente, a doação de sangue pode prevenir não apenas o diabetes mas também doenças cardiovasculares para os obesos. Obviamente, este tratamento não pode ser aplicado em pessoas com anemia. Mas, para quem pode passar pelo procedimento, a doação de sangue pode prevenir a progressão de suas doenças - diz o professor Andreas Michalsen, do Charité-University Medical Centre, em Berlim e que liderou a pesquisa.

http://oglobo.globo.com/saude/retirada-de-sangue-pode-ter-beneficios-para-obesos-com-sindrome-metabolica-5061337#ixzz1wMDnjxvQ
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Para Relaxar: Avenida Brasil - Patrícia Kogut



Anteontem em “Avenida Brasil”, Adriana Esteves, Débora Falabella e Bianca Comparato brilharam numa longa cena em que nenhuma das três personagens dizia a verdade. Nina (Débora) não é Nina, é Rita; e Betânia (Bianca) se fazia passar por Rita. Carminha, por sua vez, virou um falso anjo de candura. Rita e Betânia passaram a perna em Carminha. Ela, aparentemente a vilã do trio, ironia das ironias, foi a única a fazer uma revelação sincera: também veio do lixão. A sequência merece elogios por vários aspectos.
Primeiro, pelo desempenho das atrizes, um talento potencializando o outro; depois, pela direção, que soube manter a tensão e o clima de mal-estar, sem aliviar nada. Porém, acima de tudo isso, estava a assinatura de João Emanuel Carneiro, o autor da novela. Os diálogos das três mentirosas foi a expressão concreta do gosto dele por personagens ambíguas. Foi assim em “A favorita” também. A cena de anteontem parecia um claro aviso para o público evitar acreditar nas aparências.
Não é à toa que Nina manda tantos recados para o ingênuo Tufão (Murilo Benício). A mensagem basicamente é que nem tudo é como parece nas histórias de João Emanuel Carneiro. E outra: a doçura da inconsciência não dura para sempre. Como próxima leitura, Tufão poderia tentar “Cândido, ou o otimismo”. Fica a dica.

Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Depoimento de Demóstenes Torres": 
O que está em julgamento é a quebra do decoro parlamentar. O "santinho" para enrolar a CPI se defende de crimes pelos quais não está sendo julgado. Deve ser condenado pela Comissão -voto aberto- mas em plenário -voto secreto- os Collors, Sarneys e similares têm grande chance de salvar o pilantra. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Pai dos Pobres - CarlosTautz": Pelo teor do artigo o coordenador do "INSTITUTO MAIS DEMOCRACIA - TRANSPARÊNCIA E CONTROLE CIDADÃO SOBRE GOVERNOS E EMPRESAS está mais perdido do que nós para compreender o que faz o Instituto pomposo. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Lula e Mendes: Guerra de Versões": 
Este "affair" Mariquinha e Maricota deve aguardar a solução do Mensalão e da CPI do Cachoeira. A tática diversionista do Demóstenes esta sendo adotada pelos meios de comunicação para aumentar o faturamento e ajudar os mensaleiros.
Acorda Brasil!!!!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O Depoimento de Demóstenes Torres


Senador responde a processo por quebra de decoro parlamentar por ligação com contraventor


Senador responde a questionamentos no Conselho de Ética do Senado Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo
Senador responde a questionamentos no Conselho de Ética do SenadoGIVALDO BARBOSA / AGÊNCIA O GLOBO
BRASÍLIA - O senador Demóstenes Torres sustentou sua defesa e foi interpelado por parlamentares por cerca de cinco horas, nesta terça-feira, no Conselho de Ética do Senado, onde responde a processo por quebra de decoro parlamentar. Em seu depoimento, Demóstenes confirmou a amizadade com Cachoeira, mas negou as acusações de envolvimento com os negócios ilícitos do bicheiro e que tenha atuado no Senado em seu benefício. O senador chegou a ler trechos de gravações da Polícia Federal, para mostrar que estão sendo usadas fora de contexto. E explicou que não viajou de avião com o ministro do STF Gilmar Mendes.

Confira abaixo os principais trechos do depoimento:
Depressão e fé
- Vivo o pior momento da minha vida desde fevereiro: depressão, remédio para dormir que não faz efeito, fuga de amigos. Passei a enfrentar talvez a campanha mais orquestrada do Brasil - foram as primeiras palavras do senador na comissão..
Demóstenes também falou sobre sua fé:
- Só pude chegar aqui hoje porque redescobri Deus. Parece um fato pequeno, mas acho que minha atuação era pautada mais pelos homens do que por Deus. E, se eu cheguei até aqui, é porque readquiri a fé.
Indagado pelo senador Anibal Diniz (PT-AC) sobre ter citado “reencontrado Deus” no início do depoimento, Demóstenes negou que fosse uma estratégia para sensibilizar os colegas.

- Ninguém pode usar o nome de Deus como estratégia de defesa. Sou um carola, senador. Já era antes por causa da minha mãe. Confesso que nesse tempo fiquei meio perdido – disse Demóstenes, que pouco antes tinha feito a seguinte declaração:

- Posso dizer a vossa excelência que nunca sofri tanto na minha vida. Sou homem que tem vergonha na cara. Eu levei um mês para entrar no Senado e olhar na cara dos senadores.

- Os meus juízes são meus colegas senadores. Quem cassa senador é senador, ou o Supremo Tribunal Federal. Confio nos meus colegas – disse Demóstenes, ressaltando que saberá perdoar “com certeza” os colegas senadores caso tivesse seu mandato cassado.
"Jogava verde"
Demóstenes contou que falou muito mais por celular com Cachoeira do que até agora foi veiculado pela imprensa. Ele alegou que nas conversas com o contraventor "jogava verde". Ou seja: dizia, mas não fazia. E fez um pedido.
- Eu peço à Vossa Execelência que eu seja julgado pelo o que eu fiz, e não pelo que falei.
Jogos ilegais
O senador negou saber do envolvimento de Cachoeira com jogos ilegais.
- Eu não tinha lanterna na popa, o que eu sabia é que me relacionava com um empresário que se relacionava com outros cinco governadores, tinha vida social. Naquela ocasião, quem poderia saber o que sabemos hoje? Reafirmo que tinha amizade com ele, sim.
Madato a serviço da contravenção
Sobre a conversa entre Cachoeira e ele, na qual o contraventor pedia para que o senador pautasse a votação de um projeto, Demóstenes negou que tenha atendido ao pedido feito bicheiro.
- Antes dessa conversa, o projeto, onde ele se encontrava? E depois, onde ele se encontra? Exatamente no mesmo lugar. O que podemos dizer é que ele me ligou para ver o andamento de um projeto de lei acerca dos bingos. E esse projeto de lei, ele ainda pergunta: mas qual a importância disso? (Eu disse) 'Inclusive te pega, porque você quer legalizar o jogo'. Ele estava bem mais informado que eu. É o que disse antes: Nem tudo o que se diz se faz. Eu não fiz nada, e repito, a prova maior são os senhores senadores que aqui se encontram, e que foram meus colegas. Qual Senado procurei aqui, para legalizar jogo? Nenhum. E conversar com alguém que atua na área e tenha interesse, não quer dizer absolutamente nada – disse Demóstenes que respondeu ao relator da CPI, ao ser questionado se ficou decepcionado ao saber que Cachoeira estava envolvido em atividades ilegais.
- Acho que todo mundo que se relacionou com ele (se sentiu traído).
Demóstenes entregou ainda cópia de suas contas bancárias e negou que tenha recebido R$ 1 milhão de Carlinhos Cachoeira, conforme cita o inquérito da Polícia Federal, ou R$ 3 milhões, como sustenta a Procuradoria-Geral da República.
- Em nenhum momento foi depositado R$ 1 milhão em minha conta. Nem R$ 1 milhão, nem R$ 1 mil, nem R$ 3 milhões, em nenhum momento isso entrou na minha conta ou me foi dado de qualquer outra maneira.
Clube Nextel
Demóstenes negou que tenha recebido o telefone Nextel porque era sigiloso. Segundo a PF, os telefones foram comprados por Cachoeira e entregue a amigos para evitar o grampo.
- Nunca achei que o aparelho fosse anti-grampos. Recebi o rádio para a minha comodidade, pois falava no Brasil, nos EUA e na Argentina. Se era sigiloso, como foi grampeado? Hoje é fácil verificar que foi um erro, mas na época eu não tinha lanterna na popa e nem sabia que isso era utilizado para outras finalidades.
Em seguida, citou entrevista ao jornal o "Estado de S. Paulo" da suprocuradora Cláudia Sampaio que diz que não é crime receber Nextel.
- Eu não poderia imaginar jamais que 40 ou mais pessoas tinham esses mesmos rádios - ressaltou.
Ao ser questionado por Humberto Costa, ele confirmou que Cachoeira pagava a conta do telefone Nextel. Segundo o senador, a conta era de R$ 40, R$ 50 por mês. O aparelho foi devolvido após o escandâlo.
Escutas telefônicas
Ao ler os trechos das gravações telefônicas do inquérito da PF, o senador ressaltou que o Supremo Tribunal Federal (STF) deveria ter sido acionado, por ele ter foro privilegiado. O senador frisou que todos foram unânimes em dizer que ele não está envolvido com Cachoeira.
- Fiz questão de ler todos os documentos para dizer que os procuradores, delegados, subprocuradores, podem até brigar, mas num ponto eles convergem: eu jamais tive participação em jogos ilegais.
Demóstenes afirmou que o vazamento das escutas foi “seletivo”, e que teria o objetivo de desmoralizá-lo. Além disso, as tentativas de traçar um relacionamento entre ele e ministros do Supremo, Demóstenes afirma terem o objetivo de amedrontar os juízes da Corte.
- Vivemos um perigo. E a função principal é amedrontar os ministros do Supremo. Dá impressão que o senador é um bandido, que mexia com contravenção e se aproximou dos ministros até para fazer aproximação do contraventor com ministro do Supremo.
Gilmar Mendes e aviões particulares
Segundo Demóstenes, ele não viajou de avião com o ministro Gilmar Mendes. A viagem teria sido citada por Lula em conversa para pressionar o ministro a adiar o julgamento do mensalão, porque corria nos bastidores da CPI a história de que o ministro e o senador teriam usado avião pago por Cachoeira.
- Nos encontramos em Praga, pegamos um trem e fomos a Berlim. Eu voltei em um voo, e ele em outro. Cachoeira não estava conosco em Berlim, e o avião era de São Paulo pra cá e eu usei sozinho o avião e não o ministro – disse, ressaltando que o caso está esclarecido no processo.
O senador admitiu que usou aviões de empresários goianos, mas ressaltou que nunca utilizou isso em troca de sua atuação parlamentar.
- Usei aviões de diversas pessoas no Estado de Goiás. Não do Cachoeira. Ele não tinha avião e nem pagou avião para mim. Mas utilizei de outros, aviões de empresários e amigos de Goiás.
Imprensa
O senador reclamou que as informações são divulgadas com muita “maledicência”. Ele destacou, primeiramente, a machete sobre a evolução de seu patrimônio.
- Até fevereiro eu morava no apartamento da minha enteada. Comprei o apartamento. Paguei R$ 400 mil com dinheiro da minha mulher, financiei R$ 800 mil. Vou terminar de pagar a última prestação quando inteirar 80 anos. Disseram que era incompatível ao meu rendimento.
"Roberto Gurgel prevaricou"
O senador criticou a atuação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que não teria dado sequência em encaminhar denuncia de operações da Polícia Federal em 2009.
- Ele prevaricou, para satisfazer sentimento ou interesse pessoal. Pode ser que não se prove o interesse pessoal. Mas, no caso da improbidade administrativa, é evidente. Creio que o procurador, mais dia ou menos dia, terá de responder sobre isso.
Retrospecto no Senado
O ex-líder do DEM usou boa parte para fazer um retrospecto dos projetos em que esteve à frente no Senado.
E relembrou que foi relator da Ficha Limpa, projeto que pode lhe custar oito anos de inelegibilidade caso seja cassado, e outros projetos de sua autoria.
- Fui lobista da escola pública integral e de qualidade.

Lula e Mendes: Guerra de Versões


Em nota, assessoria de imprensa chama de "inverídica" versão divulgada da conversa


SÃO PAULO - Às vésperas do julgamento do mensalão e em plena investigação da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes (foto) entraram nesta segunda-feira numa guerra aberta de versões. Pressionado pela oposição e por outros ministros da Corte, Lula foi forçado a soltar notanegando ter pressionado Gilmar Mendes para adiar o julgamento do mensalão. Lula se disse indignado.
Na nota, a assessoria de imprensa confirma que o líder petista teve um encontro, em 26 de abril, com o ministro Gilmar Mendes, em visita ao ex-ministro Nelson Jobim, mas chama de “inverídica” a versão da conversa divulgada. A assessoria de imprensa ressalta que o ex-presidente “jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do STF ou da Procuradoria Geral da República em relação à ação penal do chamado mesalão”. “A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público”.- Meu sentimento é de indignação. O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao Supremo Tribunal Federal (STF). E depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do STF e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja - afirmou o ex-presidente.
Segundo a revista “Veja”, Gilmar Mendes foi convidado para um encontro com Lula no qual o líder petista teria dito ao ministro que é inconveniente julgar o processo do mensalão antes das eleições municipais, que tem o controle político da CPI do Cachoeira e que poderia protegê-lo das investigações. Lula, segundo Gilmar, teria mencionado uma viagem do ministro a Berlim em que se encontrou com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), supostamente paga pelo bicheiro Carlos Cachoeira — o que foi negado por Gilmar.
— O presidente disse da importância do julgamento do mensalão de que, se possível, não se julgasse este ano, que não haveria objetividade. Eu objetei então que não me parecia possível adiar esse julgamento, dada a repercussão, dada a possibilidade de dois colegas não mais participassem, colegas que participaram do recebimento da denúncia — afirmou, em referência aos ministros Cesar Peluzo e Ayres Britto, que devem se aposentar neste ano.
No confronto de versões, Lula lembrou, na nota que divulgou, que o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza foi reconduzido ao cargo por ele após apresentar a denúncia do mensalão e que como presidente da República indicou oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) “e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja":
— Meu sentimento é de indignação. O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao Supremo Tribunal Federal (STF). E depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do STF e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja — afirmou o ex-presidente, em nota distribuída pelo Instituto Cidadania, que preside.
Na nota, a assessoria de imprensa de Lula confirmou que o líder petista se encontrou com Gilmar, mas chamou de “inverídica” a versão da conversa divulgada. A assessoria ressaltou que o ex-presidente “jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do STF ou da Procuradoria Geral da República” em relação à ação penal do mensalão. No texto, é destacado que, durante os seus dois mandatos, o ex-presidente respeitou “rigorosamente” a autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público. “O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público”, acrescentou a nota.
Gilmar Mendes confirma teor da conversa
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, reafirmou na noite desta segunda-feira, durante participação de um evento em Manaus, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sugeriu o adiamento do julgamento do mensalão. Mendes falou sobre o assunto logo depois da divulgação de uma nota oficial do ex-presidente sobre o caso.
O ministro não quis comentar a nota emitida pela assessoria de Lula, mas reafirmou que em meados de abril ele e o presidente se encontraram no escritório do ex-ministro Nelson Jobim.
- Não vou ficar discutindo nota a essa altura. Houve o encontro, houve a conversa, que é uma conversa de velhos conhecidos. Repassamos os diversos assuntos em comum ao nosso meio e o presidente insistia em falar sobre a CPMI. Falou várias vezes sobre isso. Falamos sobre a questão do julgamento do mensalão e ele disse que na sua opinião o julgamento este ano seria precipitado. Eu disse não via como o tribunal não julgar este ano – destacou Gilmar.
De acordo com o ministro, Lula durante o encontro insistia na conversa e retomou o mesmo assunto mais de três vezes.
- O presidente falou da CPMI mais de uma vez e na terceira ou quarta vez eu quis esclarecer a ele, que para deixar claro para não ter nenhuma confusão na sua cabeça, que eu não tenho nenhuma relação indevida com o senador Demóstenes. Se lhe passaram essa informação houve algum equivoco – explicou.
Ainda segundo o Gilmar Medes, a reação do ex-presidente foi de assustado e para blindá-lo falou de sua viagem a Berlim.
- Ao voltar-se para a cadeira, como num susto, ele falou da tal viagem de Berlim. Aí eu percebi que ele realmente estava mal informado e que estava se valendo daquele momento pra que eu tivesse algum tipo de constrangimento. Eu estranhei. Não era a relação que tínhamos durante tantos anos. Era algo realmente atípico. O Nelson Jobim ouviu a conversa e ainda interviu. Complementou dizendo que o que ele (Lula) estava querendo dizer é que o deputado Protógenes podia querer levá-lo a CPI. E eu ainda ironizei dizendo que a essa altura ele (Protógenes) é quem precisava de proteção na CPMI – ressaltou.
O ministro é próximo do senador Demóstenes Torres (sem partido) e há rumores sobre um encontro dos dois em Berlim, supostamente pago por Carlinhos Cachoeira. Lula teria perguntado sobre a viagem e comentado que tem controle sobre a CPI.
- Eu tive uma viagem a Granada, passei por Praga e a fui a Berlim onde mora minha filha, que faz doutorado. Até brinquei com presidente dizendo que ia a Berlim como ele vai a São Bernardo.
Gilmar Mendes não quis comentar sua atuação relação com o ex-ministro Nelson Jobim, mas rebateu as declarações que ele deu negando a conversa.
- Estou lhe dizendo o que de fato ocorreu. É uma conversa longa de mais de duas horas. Ele (Nelson Jobim) esteve presente. Ele não tem nenhuma responsabilidade nesse encontro – destaca Gilmar Mendes.

 

O Pai dos Pobres - CarlosTautz



“Eike Fuhrken Batista (...) é um empresário brasileiro com atuação em diversos setores, em especial petróleo, logística, energia, mineração e indústria naval. É presidente do Grupo EBX, formado por cinco companhias listadas no Novo Mercado da Bovespa, segmento com os mais elevados padrões de governança corporativa. Segundo a Forbes, EikeBatista é o homem mais rico da América do Sul, possuindo, em 2012, uma fortuna avaliada em 30 bilhões de dólares”.
Esta é a apresentação simpática que a Wikipédia faz do homem mais rico do Brasil, o sempre sorridente Eike Batista. Um dos maiores tomadores dos empréstimos subsidiados do BNDES, um banco público, o moço, blindado que é pelo consenso da mídia em torno de si, virou modelo de empreendedor, de “capitão da indústria”, de “maior do mundo”.
Entre seus projetos bancados direta e indiretamente por muito dinheiro público, Eike “financia” UPPs, “dá” empregos, quer o Maracanã e já pensa até em “adotar” uma favela. É uma espécie de “Pai dos Pobres” do século 21.
Agora, o moço constrói em São João da Barra (RJ) um complexo industrial que desaloja milhares de camponeses que ali vivem e produzem há décadas, e o faz em articulação com a Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado do Rio de Janeiro.
A Codin é uma estatal comandada por Sergio Cabral - aquele dos guardanapos em Paris. E a construção do Complexo do Açú é um dos negócios de Eike subsidiados por muito dinheiro público emprestado pelo BNDES.
Em verdade, Eike é só mais uma caricatura do consenso que orienta o noticiário: que o Brasil finalmente cumpre seu “destino” e vai se tornar uma potência de crescimento eterno. O rapaz, por sua vez, “empreende”, “dá” emprego e faz a “sua parte”. Acalenta o sonho de sermos o “maior do mundo”.
Claro que Eike não é o único beneficiário deste padrão de acumulação. Um grande bloco de poder se constituiu no Brasil ao longo do século 20. Junta, numa ponta, o Estado brasileiro e, na outra, conglomerados cujos próceres, como Eike, são responsáveis pelos maiores absurdos cometidos contra camponeses, favelados, indígenas e demais brasileiros deixados de lado pelo mais recente ciclo de crescimento do País.
E quase todas essas violações acontecem no Estado que em 20 dias sedia uma conferência da ONU que deveria questionar esse modelo de desenvolvimento. Um modelo que se aprofunda e utiliza caricaturas de um Brasil que se vê grande e finge não enxergar que oprime os pequenos.

Carlos Tautz,(foto) jornalista, é coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e Controle Cidadão Sobre Governos e Empresas

Longe dos Bicheiros - Luiz Garcia

Em tempos antigos, jornalista sem assunto sempre tinha o recurso de baixar o porrete no bei de Túnis. Tratava-se do governador turco na Tunísia ocupada — e, ao que parece, os beis eram invariavelmente tão cruéis quanto incompetentes. Além disso, os turcos não davam a menor bola para a opinião da imprensa ocidental. Logo, o porrete comia solto na imprensa europeia, sem qualquer risco para os porreteiros de plantão.

No Brasil de hoje, a interminável novela do mensalão do PT é o bei que temos à nossa disposição. Com a agradável diferença, pelo menos para quem escreve e para quase todos os leitores, de que Lula e seus companheiros não acham a menor graça no assunto.

Uma prova disso estaria numa reportagem da "Veja" desta semana: segundo a revista, o próprio Lula teria procurado ministros do Supremo Tribunal Federal com uma oferta marota: em troca de um adiamento do julgamento do mensalão — para depois das eleições de outubro, pelo menos — ele protegeria o ministro Gilmar Mendes de boatos sobre mordomias que teria recebido do bicheiro Carlinhos Cachoeira numa viagem a Berlim.

Gilmar confirmou ter encontrado o bicheiro na Alemanha, mas acrescentou ter dispensado, com a necessária indignação, a necessidade de qualquer proteção petista para a história das mordomias.

De tudo isso, o que sobra para ser esclarecido é a possível gafe de Lula. Não há dúvida de que ele conversou com o ministro do STF. E é óbvio que o PT tem razões de sobra para desejar uma decisão favorável — ou, pelo menos, pouco dolorosa — dos ministros sobre o desagradável (se é aceitável este eufemismo) episódio do mensalão.

Mas entre desejar uma camaradagem do tribunal e partir para a grossura — não há termo mais suave — da proposta de uma troca de favores vai distância considerável. E não é fácil desmentir o oferecimento — a não ser por quem se disponha a chamar um ministro do Supremo de mentiroso.

Seja qual for o desfecho desse triste episódio, dele fica uma lição importante: ministros do STF não precisam evitar viagens à Alemanha. Mas é prudente que evitem contatos com bicheiros. Em qualquer país ou continente.

Mensalão

Clique abaixo e veja o relatório do Ministro Joaquim Barbosa (STF), relator do processo do Mensalão:


http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/noticiaNoticiaStf/anexo/relatorioMensalao.pdf

Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Lula está indignado": 
É lamentável que esta manobra diversionista continue ocupando espaço na imprensa. A continuar esta presepada o mensalão cairá no esquecimento. Vamos manter o foco no julgamento dos mensaleiros. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Genial Chico Caruso": 
A turma tá pelada mais ainda tenta enrolar a justiça com futricas e mexericos. 


AAreal deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Lula está indignado": 
O Homem da Capa Preta contra o Homem do Chapéu Preto. As coisas ficarão pretas para clarear o mensalão. 

terça-feira, 29 de maio de 2012

Lula está indignado


Em nota, assessoria de imprensa chama de "inverídica" versão divulgada da conversa


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes e o ex-presidente Lula Foto: Fotomontagem / Agência O GloboSÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira ter ficado indignado com a informação de que teria pressionado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes (foto à esquerda) a adiar o julgamento do processo do mensalão. Em nota, o líder petista lembrou que o ex-procurador-geral Antonio Fernando de Souza foi reconduzido ao cargo após apresentar a denúncia do mensalão e que indicou oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) “e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja”. O ministro Gilmar Mendes, que foi indicado ao cargo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), afirmou à revista “Veja” que ficou perplexo com as insinuações do líder petista.
- Meu sentimento é de indignação. O procurador Antonio Fernando de Souza apresentou a denúncia do chamado mensalão ao Supremo Tribunal Federal (STF). E depois disso foi reconduzido ao cargo. Eu indiquei oito ministros do STF e nenhum deles pode registrar qualquer pressão ou injunção minha em favor de quem quer que seja - afirmou o ex-presidente.
Na nota, a assessoria de imprensa confirma que o líder petista teve um encontro, em 26 de abril, com o ministro Gilmar Mendes, em visita ao ex-ministro Nelson Jobim, mas chama de “inverídica” a versão da conversa divulgada. A assessoria de imprensa ressalta que o ex-presidente “jamais interferiu ou tentou interferir nas decisões do STF ou da Procuradoria Geral da República em relação à ação penal do chamado mesalão”. “A autonomia e independência do Judiciário e do Ministério Público sempre foram rigorosamente respeitadas nos seus dois mandatos. O comportamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o mesmo, agora que não ocupa nenhum cargo público”.
Gilmar Mendes confirma teor da conversa
O ministro do STF, Gilmar Mendes, confirmou nesta segunda-feira, em entrevista à Globo News, o teor da conversa que teve com o ex-presidente Lula. Ele admitiu ter havido uma tentativa de ingerência por parte do ex-presidente sobre o processo do mensalão e ainda rebateu o ex-ministro do STF, Nelson Jobim, sobre a conversa que tivera com ambos no dia 26 de abril.
- Falamos, sim, de mensalão. Quase toda a conversa foi sobre isso - disse Gilmar Mendes.
O ministro concedeu a entrevista em Manaus, onde se encontra para uma palestra na Escola Superior de Magistratura do Amazonas, cujo tema é “Direitos Políticos e a Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”.






Lula e Gilmar: Conversa errada, com pessoa errada , no local errado - Ricardo Noblat


De duas, uma. Ou Lula ainda está sob o efeito de remédios contra o câncer na laringe, o que compromete seu apurado tino político, ou então se rendeu à certeza de que é mesmo infalível.
Para chegar bem ao seu final, a CPI de Cachoeira terá que dar em nada. E o encontro de Lula com o ministro Gilmar Mendes precisará ser esquecido rapidinho.


É improvável que nada produza de relevante a CPI inventada por Lula para atazanar a vida de seus desafetos ligados a Cachoeira, e retardar o julgamento do mensalão. O que ela produzir poderá significar problema para Dilma. Esta semana, a CPI quebrará o sigilo das contas da Delta, a empreiteira favorita dos políticos que apoiam o governo.
Quanto à memória coletiva, até que comece o julgamento dos mensaleiros em agosto não haverá tempo para que esqueça o encontro de Lula com Gilmar. Ele é simplesmente inesquecível.
O celular de Gilmar tocou na última semana de abril último e ele ouviu o convite: “Lula virá aqui no dia 26. Quer conversar com você”.
Era Nelson Jobim, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o mensalão será julgado. O escritório de Jobim funciona no apartamento onde ele mora, em Brasília.
“É inconveniente julgar esse processo agora”, disse Lula a Gilmar depois dos cumprimentos de praxe. São 36 réus. Lula contou que José Dirceu "está desesperado".
Mensaleiros como José Genoino, Delúbio Soares, Marcos Valério e Duda Mendonça também estão. Foram advertidos por seus advogados sobre a forte possibilidade de serem condenados e presos.
“Não tem como adiar o julgamento?”, perguntou Lula. “Se for adiado, o Supremo sofrerá um desgaste profundo”, argumentou Gilmar.
Foi aí que Lula comentou que tem o controle político da CPI do Cachoeira. E ofereceu proteção a Gilmar. “Fiquei perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”, revelou Gilmar ao Procurador Geral da República, ao Advogado Geral da União, ao colega Ayres Britto, presidente do STF, e à VEJA.
O constrangimento de Gilmar não inibiu Lula. “E a viagem a Berlim?”, ele perguntou. Corre em Brasília a história de que os casais Gilmar Mendes e Demóstenes Torres teriam viajado para Berlim com as despesas pagas por Cachoeira. Gilmar confirmou a viagem. Mas respondeu que pagara as próprias despesas.
“Viajei com o Demóstenes que eu e o senhor conhecíamos antes”, justificou-se. Em seguida, bateu na perna de Lula e aconselhou: ”Vá fundo na CPI”.
Gilmar ainda ouviu Lula dizer que encarregaria Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF, de convencer a ministra Carmem Lúcia a atrasar o julgamento. Pertence indicou Carmem para o STF.
“Vou falar com Pertence para cuidar dela”, antecipou Lula, preocupado com a situação de Ricardo Lewandowski, lembrado por dona Marisa para a vaga que hoje ocupa no STF. Amigo da família da ex-primeira-dama, Lewandowski é o ministro encarregado de revisar o processo do mensalão relatado por seu colega Joaquim Barbosa.
“Ele (Lewandowski) só iria apresentar o relatório no semestre que vem, mas está sofrendo muita pressão [para antecipar]”, queixou-se Lula.
Joaquim Barbosa foi chamado por Lula de "complexado". Lula ainda se referiu a outro ministro - José Dias Toffoli, ex-assessor de José Dirceu na Casa Civil.
“Eu disse a Toffoli que ele tem que participar do julgamento”, avançou Lula - para quem o julgamento do mensalão só em 2013 evitaria que ele fosse contaminado por “disputas políticas”.
O que Lula não disse: nesse caso, os ministros Ayres Britto e Cezar Peluso estariam aposentados. Os dois devem votar pela condenação de alguns réus.
Gilmar errou ao ir ao encontro de Lula. Ministro pode receber advogados, ouvir seus argumentos, mas é só.
Lula acha que o julgamento do mensalão equivale ao julgamento do seu governo – por isso errou gravemente ao pressionar um juiz.
Foi indecente e escandaloso o episódio que ele e Gilmar e Jobim protagonizaram.

Celso de Melo: Ação de Lula foi indecorosa


Celso Pinto de Melo Ministro do STF diz em entrevista a site que diálogo de ex-presidente com Gilmar Mendes resultaria em impeachment


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello (foto) afirmou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seria passível de impeachment caso estivesse exercendo o cargo. A declaração foi dada em entrevista ao site Consultor Jurídico, reproduzida pelo Blog do Noblat no site do GLOBO. A afirmação de Celso de Mellon veio após a divulgação de uma encontro entre Lula e o ministro Gilmar Mendes que, em entrevista à revista “Veja”, acusou o petista de tentar adiar o julgamento do mensalão. Em troca, o petista teria oferecido a blindagem Gilmar Mendes na CPI do Cachoeira.
Segundo reportagem da “Veja”, Lula conversou com o ministro no dia 26 de abril, no escritório do ex-ministro da Justiça e ex-presidente do STF Nelson Jobim.
— Essa conduta do ex-presidente da República, se confirmada, constituirá lamentável expressão do grave desconhecimento das instituições republicanas e de seu regular funcionamento no âmbito do Estado Democrático de Direito. O episódio revela um comportamento eticamente censurável, politicamente atrevido e juridicamente ilegítimo — disse Celso de Mello ao Consultor Jurídico
Celso de Mello enfatizou o risco de impeachment de Lula, caso estivesse no Planalto:
— Se ainda fosse presidente da República, esse comportamento seria passível de impeachment por configurar infração político-administrativa, em que seria um chefe de poder tentando interferir em outro — afirmou o ministro, que fez duras críticas a Lula caso as afirmações de Gilmar Mendes se confirmarem:
— Tentar interferir dessa maneira em um julgamento do STF é inaceitável e indecoroso. Rompe todos os limites da ética. Seria assim para qualquer cidadão, mas mais grave quando se trata da figura de um presidente da República. (...) Ele mostrou desconhecer a posição de absoluta independência dos ministros do STF no desempenho de suas funções.
Nos bastidores da CPI, circula a história de que Gilmar Mendes teria viajado a Berlim, na Alemanha, com o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) num avião cedido pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. O fato teria motivado Lula a propor a blindagem de Gilmar Mendes, caso o julgamento do mensalão fosse adiado para após as eleições.
O ministro ainda avaliou a posição do STF em relação ao julgamento do mensalão.
— A ação penal será julgada por todos de maneira independente e isenta, tendo por base exclusivamente as provas dos autos. A abordagem do ex-presidente é inaceitável — disse Celso de Mello, que elogiou a iniciativa de Gilmar Mendes em divulgar o encontro. — A resposta do ministro Gilmar Mendes foi corretíssima e mostra a firmeza com que os ministros do STF irão examinar a denúncia (...). É grave e inacreditável que um ex-presidente da República tenha incidido nesse comportamento. (...) Surpreendente essa tentativa espúria de interferir em assunto que não permite essa abordagem. Não se pode contemporizar com o desconhecimento do sistema constitucional do País nem com o desconhecimento dos limites éticos e jurídicos.

 

Para Relaxar: Avenida Brasil - Patrícia Kogut


 
Na semana passada, numa divertidíssima cena de “Avenida Brasil”, Leleco (Marcos Caruso) expressou para Diógenes (Otávio Augusto) sua preocupação com o suposto meio-irmão de Tessália (Débora Nascimento). A moça garantiu que ele era gay, mas não o convenceu. Tudo porque o sujeito não preenche os requisitos que Leleco considera indispensáveis. Foi como disse, indignado, a Diógenes: “Ele queria me ensinar a fazer chuleta na brasa. Agora comenta futebol. Me diz, isso lá é um gay que se apresente?”. Igualmente confuso, o amigo ponderou, apelando para os motivos de força maior: “Concordo que é uma coisa meio estranha, mas o mundo está mudando, faz frio no verão, faz calor no inverno. Tem homem que dança balé e não é gay. Tem gay que comenta futebol. Temos que aceitar...”.
Em “Avenida Brasil”, o que para o malandro é um axioma indiscutível — gay não comenta futebol nem sabe fazer churrasco — para parte do público soa apenas como caricatura. E nessa história, a caricatura em evidência é a do machista incorrigível, do pensamento conservador, da boçalidade e até da ingênua ignorância. Os personagens homossexuais desta vez — diferentemente do que ocorreu em outras novelas — passam longe da representação burlesca. É o caso de Roni (Daniel Rocha). Sem lição de moral, sem militância nem campanha, “Avenida Brasil” prefere o caminho do humor refinado. E, como todo mundo sabe, o humor é uma ótima via para a reflexão. E o refinamento não tira pedaço de ninguém.

O Genial Chico Caruso




Comentários dos Leitores

Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "STF: A Corte não se submeterá a Pressões": 
Grande balela. Esta negociata só pode ser "fantasia da imaginação".
As monstruosidades só beneficiam o faturamento de "alguns meios de comunicação". Acorda Brasil! Não desviem a atenção do mensalão nem do Cachoeira. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "José Dirceu e o Mensalão": 
O problema da salada de frutas é que uma fruta podre compromete o conjunto da obra. 


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A Marcha das Vadias": 
A Marcha das Vadias, ao tentar escandalizar e desqualificar, sem debates, a postura de seus opositores, esta mais para uma manifestação nazista do que o pacifismo da Praça Tian'anmen.
O problema das moças foi confundir a Praça do Lido com a Praça da Paz Celestial


Alberto deixou um novo comentário sobre a sua postagem "O Capital Erótico no Trabalho": 
O tema deveria ser mais amplo. Evidentemente que o emocional é fundamental nas relações humanas. Sejam suas manifestações eróticas, ou de simples simpatia, ou interesses comuns. Resumir tudo ao erótico é uma simplificação exagerada. 


Eraldo deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Joel Santana: Ronaldinho é Intocável": 
Prezados rubro-negros:
O Sr. Alberto tem (ou tinha) razão ao advertir os filhos a não saírem antes de o jogo terminar. Recentemente, o Flamengo, ao final do primeiro tempo perdia de 3 x 0 para o Santos e terminou vencendo, acho que por 
5 x 4.
Estou certo ?
Abs aos dois 



segunda-feira, 28 de maio de 2012

STF: A Corte não se submeterá a Pressões


BRASÍLIA - Consultados pelo GLOBO, três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram que a Corte não se submeterá a pressões, seja de quem for, para alterar o rumo do julgamento do mensalão, que ainda depende o relatório do ministro revisor Ricardo Lewandowski para ter a data marcada. Segundoreportagem da revista Veja desta semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar adiar o julgamento do mensalão em troca de blindagem na CPI do Cachoeira.

- O meu testemunho é favorável a distinção do Lula. Ele nunca me fez o menor pedido. Já conversei com Celso Antônio. Tomamos café da manhã hoje. Lula nunca tocou nesse assunto com Celso Antônio. Prefiro acreditar que o Gilmar fez uma interpertação equivocada disso. Todos nós somos pessoas vacinadas. Somos curtidos nesse tipo de enfrentamento, de insinuação. Isso não influencia a subjetividade do julgador. Por mais que seja política a ambiência do mensalão, o julgamento vai ser técnico, impessoal, objetivo, em cima das provas dos autos - disse Ayres Brito.O presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, disse que não viu malícia na conversa que manteve com o presidente Lula, durante almoço no Palácio da Alvorada ,a convite da presidente Dilma Rousseff, quando Lula perguntou sobre o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello e emendou "qualquer dia desses a gente toma um vinho".
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a Presidência do PT negaram-se ontem a comentar a polêmica aberta pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Quando indagado se Lula falaria sobre a questão, um assessor do ex-presidente disse: "Ligue para Brasília e peça para o Gilmar explicar a história". O presidente nacional do PT, Rui Falcão, também não deu declarações.
O ministro Marco Aurélio Mello disse não ter sido procurado pelo presidente Lula, mas destacou que mesmo que esse pedido tenha sido feito a outros ministros não mudará o andamento do processo.
- Eu geralmente guardo com as pessoas uma cerimôna maior. Não que me isole, sou um juiz aberto a ouvir, mas claro que ouço em audiência marcada no gabinete. O diálogo pode ser mantido, mas respeitando o predicado maior da magistratura que é a independência. O presidente Lula tem uma forma toda própria de tocar sua atuação e respeitamos essa forma, mas ela não pode evidentemente ter influencia no campo do julgamento - justificou o ministro, completando:
- Para mim juiz é ciência e consciência possuídas. Nada mais. Lula fez os pedidos como cidadão cumum, é porque ele não guarda qualificação de advogado. Quem o ouviu deve partir dessa premissa de que quem está falando é o cidadão comum e deve dar o desconto cabível. E tenho certeza que os colegas darão.
Segundo a reportagem, o ministro Ricardo Lewandowski - revisor do caso - é outro que teria sido procurado pelo ex-presidente, mas teria provocado contrariedade em Lula ao sinalizar que deve acelerar o julgamento. Procurado, o ministro negou qualquer interferência de Lula no processo e informou que espera liberar o processo o mais rápido possível. Fontes do Supremo acreditam que a tendência é que isso aconteça no próximo mês.
Ao Blog do Moreno, o ex-ministro Nelson Jobim negou que Lula tenha pressionado Gilmar Mendes