‘Na próxima quarta-feira, o embate será inevitável’, diz chefe da Polícia Civil
- OAB e sindicato de jornalistas da Bahia condenam ação da PM em protesto em Salvador
- Na capital baiana, 30 manifestantes foram presos. Em Belo Horizonte, a polícia informou que foram 32 detidos
SALVADOR E BELO HORIZONTE – O comando da polícia mineira já prevê momentos tensos na próxima quarta-feira, quando acontecerá uma nova manifestação na capital mineira, com previsão de mais de 100 mil pessoas nas ruas. O protesto foi marcado nos arredores do Mineirão, na região da Pampulha, exatamente no dia da partida entre Brasil e Uruguai, pelas semifinais da Copa das Confederações. A PM avisa que o limite de segurança de 2 km do estádio, estipulado pela Fifa, terá que ser respeitado.
— Na próxima quarta-feira, o embate será inevitável — declarou Sant´anna.Em coletiva neste domingo, em dia tranquilo com manifestações isoladas, o delegado chefe da Polícia Civil de Minas, Cylton Brandão, e o comandante geral da PM de Minas, Márcio Sant´anna levantaram a suspeita de vândalos de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul estarem infiltrados nas manifestações em Belo Horizonte.
De acordo com o delegado, as manifestações começam de forma pacífica e terminam com quebradeira e confusão. Segundo a PM, 32 pessoas foram presas durante o confronto do sábado, e outras 15 ficaram feridas - entre elas um idoso, que teve que ser carregado por integrantes do movimento enquanto bombas de gás lacrimogêneo eram disparadas pela PM mineira (Assista ao vídeo). Cinco manifestantes permanecem internados em hospitais da capital.
Em nota enviada pela assessoria do governo, a PM diz que foi obrigada a “utilizar da força para reprimir a atuação de aproximadamente 500 marginais, que praticaram atos de vandalismo”. Sinais de trânsito, radares e uma concessionária foram alvo de depredação. “A Polícia Militar não vai permitir que um bando de vândalos se aproveite do ambiente criado por momentos de grandes aglomerações populares para cometer ações criminosas que são repudiadas por todos os cidadãos de bem, como depredações de patrimônios públicos e privados, saques, arremessos de pedras e bombas caseiras”, diz a nota.
Nesta segunda-feira, manifestantes já planejam novos atos de protesto na Praça Sete, no Centro da cidade. Sem uma liderança clara, as manifestações são combinadas pela internet. Um dos organizadores é o escritor Fidelis Alcântara, líder do Comitê Popular dos Atingidos pela Copa (Copac). Outra porta voz é a estudante de veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Juliana Rocha, da executiva nacional da Assembleia Nacional de Estudantes – Livres (ANEL). A estudante Bia Martins, do Cefet, é também uma das “cabeças do movimento”. Eles protestam contra os gastos elevados da Copa do Mundo, preço das passagens e péssima qualidade do transporte.
OAB e sindicato repudiam ação da PM em Salvador
O advogado e conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Bahia, Domingos Arjones, disse neste domingo que presenciou policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar agredindo manifestantes que protestavam pacificamente no sábado, em Salvador. Trinta pessoas foram detidas ontem na capital baiana.
— Eu acompanhei a manifestação do Campo Grande até o Iguatemi, quando eles sentaram para cantar o hino nacional, e a Polícia de Choque começou a agredir todo mundo — relatou o conselheiro da OAB.
Depois do flagrante, Arjones foi à 13ª Delegacia, para onde foram levados os presos.
— Foram 24 homens e seis mulheres. Elas foram presas acusadas de incitar a violência. A OAB vai prestar assistência jurídica gratuita a todas as pessoas que foram presas na manifestação e que estavam protestando pacificamente — informou.
Três adolescentes também foram apreendidos. De acordo com a polícia, eles carregavam coquetel molotov na mochila. Não há registro de ataques usando coquetel molotov durante os atos em Salvador.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba) também divulgou uma nota de repúdio aos atos de repressão praticados por policiais militares contra três jornalistas durante as manifestações em Salvador.
O repórter do portal Bahia Notícias Francis Juliano foi preso em frente ao Shopping Iguatemi ao questionar policiais sobre o motivo de espancarem um fotógrafo. De acordo com nota do Sinjorba, o jornalista Evilásio Júnior foi agredido com spray de pimenta no rosto, empurrões e palavrões por policiais militares.
"Os policiais, além da prisão arbitrária, agrediram os jornalistas com palavrões. Policiais também forçaram, na região dos Barris, o fotógrafo Tiago di Araújo, do Ibahia, a apagar fotos de sua máquina sobre a repressão ao movimento de protesto", diz a nota do sindicato que anuncia apoiar “as manifestações do povo brasileiro realizadas ao longo dos últimos dias, pedindo respeito à integridade física e ao direito de expressão garantidos pela Constituição Brasileira”.
A nota dia ainda que “é função dos jornalistas registrar os fatos decorrentes da ida da população às ruas e, quando esta atividade é cerceada pela brutalidade policial, trata-se de um grave sintoma da tentativa de encobrir o descontrole, abuso de autoridade e falta profissionalismo dos que atuam nas ruas para manter a ordem pública".
Um comentário:
Ao prever badernas nas ruas, as forças de segurança transformam previsão em certeza.
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