domingo, 16 de junho de 2013

O olhar dos empresários, por Alvaro Gribel e Valéria Maniero


Álvaro Gribel e Valéria Maniero, O Globo

Há empresários que estão investindo e seguem o cronograma previsto, apesar do PIB fraco e da inflação alta. Outros demoraram para tomar a decisão de investir, esperaram o máximo que puderam, para ver se a situação melhorava. Existe ainda aquele que é afetado pela disparada do dólar, porque importa matéria-prima e tem aumento de custo. A inflação também preocupa, por tirar poder de compra.
Empresários ouvidos pela coluna contam como andam os negócios em tempos de IPCA no teto da meta e crescimento econômico em ritmo abaixo do esperado. Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário, disse que os investimentos, no total, R$ 657 milhões, incluindo recursos do BNDES, estão saindo do papel.
Até o fim do ano, serão inaugurados, por exemplo, uma nova fábrica e um centro de distribuição, na Bahia, para suprir os mercados do Norte e Nordeste. Mas afirma que o ano de 2013 está sendo mais difícil do que o anterior.

 
Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário

— A inflação já atrapalha, porque sobra menos para outras coisas além do supermercado — diz o presidente da rede que, em 2013, espera crescer perto de 20%, um pouco menos do que em 2012.
Para ele, 2014, no entanto, é uma incógnita. É ano de Copa e de eleições, mas não dá para saber, segundo Grynbaum, se será melhor:
— Falta de perspectiva é ruim. Falta de visibilidade atrapalha, me traz lembranças não agradáveis.
Se a inflação está na lista negra de Grynbaum, entre os fatores que jogam contra, a renda mais alta é um ponto positivo.
Do mesmo ramo, Daniel de Jesus, presidente da Niely Cosméticos, conta que demorou seis meses para decidir pelo investimento de R$ 10 milhões em maquinário:
— Você fica inseguro: compra ou não? O jeito é comprar para não ficar para trás. Seguramos até quando pudemos, mas não dava para esperar mais. Investimos, porque o segundo semestre, geralmente, é de vendas mais fortes.
Segundo Fabio Hertel, diretor de novos negócios da rede Hortifruti, os investimentos estão mantidos. Até o fim do ano devem ser inauguradas quatro novas unidades, em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Ele lembra que, quando o tomate foi apontado como o vilão da inflação, a venda do produto diminuiu, o consumidor o substituiu por outro. Mas as vendas, no ano, até maio, estão com alta de 18% em relação a 2012, de acordo com o diretor.

Um comentário:

Alberto disse...

Uma economia em frangalhos não permite investimentos em crescimento restando apenas investimentos de sobrevivência