segunda-feira, 10 de junho de 2013

Mercadanta minimiza queda de popularidade de Dilma em pesquisa Datafolha

Ministro da Educação falou sobre a queda ao chegar em Portugal, onde acompanha Dilma em visita oficial


LISBOA — O governo minimizou a pesquisa do instituto Datafolha mostrando uma queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff de 65% para 57%. Horas depois de desembarcar em Portugal acompanhando a presidente numa visita oficial de dois dias, Aloizio Mercadante, ministro da Educação e um dos principais conselheiros, reagiu assim :
— A pesquisa mostra uma oscilação normal para uma pesquisa de opinião. Mantém a presidenta no melhor patamar de apoio popular e de intenções de voto para 2014, quando a gente compara com qualquer outro presidente neste momento de governo (dois anos e meio).
Marco Aurélio Garcia, assessor internacional para assuntos internacionais da Presidência, relutou a falar, mas terminou dizendo :
— Sinceramente, não sei qual é a margem de erro, não acho que ... não acho que seja relevante.
A ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Helena Chagas, lembrou que a presidente nunca comenta pesquisas de opinião. Mas deixou claro quem era o emissário de Dilma sobre o assunto, quando perguntou :
— O Mercadante falou com vocês (jornalistas), não?
Um dos motivos para a queda de popularidade de Dilma, segundo Mercadante, foi a inflação do tomate.
— É um episódio totalmente superado. Já está na mesa de todo o povo brasileiro e vai estar na mesa até o final do ano – assegurou.
Na semana que marcou uma virada do humor dos mercados em relação ao Brasil, por causa de baixo crescimento e aumento de inflação, Mercadante pintou um quadro de sonho para a economia brasileira. “Excelentes perspectivas”, com o Brasil “caminhando para uma supersafra” agrícola este ano, a crise do tomate “totalmente superada”, o “emprego crescendo”, a “indústria forte” e a inflação já “apontando na direção da meta”, além de dívida pública “resolvida”, foram algumas das expressões que ele usou durante 15 minutos de entrevista. O preço dos alimentos, sobretudo o tomate, que, como disse o próprio Mercadante, foi o “vilão” da queda de popularidade, não é mais problema :
— Vamos ter uma supersafra este ano. O plano aponta para uma safra de 190 milhões de toneladas. Vai ser a maior safra do Brasil – garantiu.
Ainda justificando a queda na pesquisa, ele citou o “incidente” da Bolsa Família – o boato de que o programa acabaria, que provocou um correcorre de milhares de beneficiários às agências da Caixa Econômica Federal. Isso está “totalmente superado”, garantiu. Mercadante também citou a seca no Nordeste, mas “a presidente tem um plano específico”, avisou.
O Brasil, que só recebia elogios internacionalmente no governo Lula, enfrentou esta semana uma enxurrada de críticas. Pela primeira vez desde 2002, a agência de classificação de risco, Standard & Poor, colocou a economia do país em perspectiva negativa, citando o afrouxamento no rigor fiscal, a inflação e o crescimento baixo. A revista inglesa The Economist desta semana chamou a economia de “medíocre”, pregou abertamente a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, num artigo sob o título “A queda da graça”. O Financial Times também escreveu sobre a decepção dos investidores com o modelo “intervencionista” de Dilma Rousseff. Mas Mercadante não vê problema algum :
— Uma agência de rating (de classificação de risco) fez uma sinalização. Vamos aguardar. As contas do Brasil são um diferencial. Somos um dos poucos países que conseguiu reduzir o nível de endividamento ao longo dos últimos anos.
Mercadante ainda citou que a produção industrial foi maior do que esperado em abril “e deverá estar forte em maio”, e vangloriou-se :
— Geramos mais empregos do que a própria economia americana, que é uma das poucas economias que vem conseguindo ter crescimento em um cenário de crise internacional.
Um pacote de investimentos no segundo semestre para construção de estradas, rodovias, ferrovias, aeroportos e portos, além do leilão do campo de libra – o maior jazigo de petróleo do pré-sal — dão ao governo “muito segurança” para 2014. Finalmente, a inflação – motivo da maior preocupação internacional – foi de 0.37% em maio, “melhor do que as melhores previsões e mostra uma trajetória forte de desaceleração dos preços”.
— Temos excelentes perspectivas – concluiu.
Dilma Rousseff chegou à Lisboa de manhã, acompanhada de quatro ministros : além de Mercadante, Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Antonio Patriota, das Relações Exteriores, Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência. A programação oficial dela em Lisboa – o encerramento do ano do Brasil em Portugal – só começa amanhã (segunda-feira) no final da tarde.
O único encontro de trabalho de Dilma ontem foi com o líder da oposição socialista portuguesa, Antonio José Seguro, que saiu de uma longa reunião feliz, dizendo que esepera investimentos brasileiros em Portugal, como, por exemplo, a participação do Brasil na privatização da companhia aérea TAP. e contente de ter ouvido as críticas de Dilma às políticas de austeridade na Europa :
— Apreciei muito as declarações que a presidente Dilma tem feito contra a austeridade e a necessidade de haver políticas públicas à favor do crescimento. Isso é que cria emprego.
Se para os investidores internacionais a taxa de crescimento do Brasil decepciona, para o líder oposicionista português, não há o que queixar :
— A situação do Brasil é bem melhor do que a de Portugal, que não tem nem aquecimento (contra o frio).

Um comentário:

Alberto disse...

As pesquisas de popularidade têm a precisão diretamente proporcional à isenção das perguntas propostas.
Popularidade de 57% de um líder político em qualquer lugar do mundo é motivo de júbilo incontido.
Aqui pela falta de isenção das pesquisas, explicações estapafúrdias são exigidas do governo mais amado do mundo.