de junho de 2013
Míriam Leitão, O Globo
Reforma política, como a reforma tributária, é aquilo que todo mundo é a favor, mas cada pessoa tem uma proposta diferente. Um plebiscito para decidir se deve haver uma constituinte exclusiva para isso pode ser uma boa ideia.
O que não é bom é chamar os governadores para dizer que “antes o país era governado apenas para um terço dos brasileiros”. Isso ofende a oposição e os fatos.
A presidente herdou do seu antecessor a convicção equivocada de que o Brasil começou em 2003. Houve avanços importantes na inclusão de brasileiros nos governos petistas. Mas qualquer pessoa que acompanhou os fatos recentes sabe que o processo de inclusão no mercado de consumo foi iniciado, e se tornou possível, a partir da estabilização da economia em 1994/1995.
Pacto se faz costurando coincidências de pensamentos e propostas comuns, e não lembrando mais uma vez o que separa. Isso é que dá submeter todos os pronunciamentos que faz ao marqueteiro. Este não é momento de campanha.
A população está nas ruas num momento difícil da economia. Não por culpa das manifestações. A economia está complicada por fatores externos e os erros cometidos na condução da política econômica. O dólar ontem caiu pelo segundo dia seguido, mas ainda acumula um ganho de 10% em um mês.
A bolsa continuou caindo ontem e fechou com –2,3%, na casa dos 45 mil pontos. O nível mais baixo desde abril de 2009. A desaceleração da China atinge a Vale que, como exportadora, poderia até se beneficiar da alta do dólar; a disparada da moeda americana atinge todas as empresas endividadas em dólar, mas mais ainda a Petrobras, que tem o ônus de pagar pela gasolina importada um preço cada vez maior.
O dólar subiu diante da maioria das moedas. Subiu mais no Brasil por dificuldades econômicas, como o déficit em conta corrente de 3,2% do PIB. A presidente Dilma falou em pacto pela estabilidade fiscal.
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