sábado, 22 de junho de 2013

Reunião de Dilma com ministros no Planalto termina sem declarações

  • Aposentada passa despercebida pela guarda e chega até a portaria do Planalto gritando e chorando


O dia seguinte às manifestações em Brasília. Funcionários de ministérios e Itamaraty fazem a manutenção de vidros e fachadas danificados pelos manifestantes
Foto: André Coelho / O Globo
O dia seguinte às manifestações em Brasília. Funcionários de ministérios e Itamaraty fazem a manutenção de vidros e fachadas danificados pelos manifestantes André Coelho / O Globo
BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff se reuniu nesta sexta-feira de manhã com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, no Palácio do Planalto para discutir a onda de protestos que tomou o país nos últimos dias. A presidente chegou a interromper o encontro para acompanhar, ao vivo pela televisão, a entrevista coletiva do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, que falava sobre as manifestações no estado. O encontro durou aproximadamente três horas e cntou também com a presença dos ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e do Esporte , Aldo Rebelo. Todos saíram sem falar com a imprensa.
Outros dois ministros da base aliada, Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e César Borges (Transportes) também estiveram no Planalto, mas não há confirmação que participaram da reunião com Dilma. Mais tarde a presidente deve se encontrar com o vice-presidente Michel Temer (PMDB), com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) , e o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-MA). Na agenda oficial consta.Assessores do Palácio negam que o encontro tenha sido emergencial, argumentando que ele estava previsto desde que a viagem da presidente para Salvador foi adiada. Ontem, Dilma também decidiu suspender a viagem oficial que faria ao Japão, na próxima semana. A explicação oficial é que ela não gostaria de ficar uma semana fora do país, num momento como este.
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, foi o único ministro do primeiro escalão do governo a falar até o momento. Ele se mostrou preocupado hoje pela manhã durante reunião para tratar dos preparativos para a Jornada Mundial da Juventude. Segundo Carvalho, as manifestações que vêm ocorrendo em todo o Brasil poderão comprometer o evento, que contará com a presença do Papa Francisco . E ressaltou que todos têm que estar preparados para lidar com os protestos durante o evento, que começará no dia 22 de julho no Rio de Janeiro. O ministro lamentou os atos de vandalismo e depredação que ocorreram em várias cidades e disse que o governo vai conclamar a sociedade para conter os atos de violência.
— Temos uma série de complicações e preocupações. O que está acontecendo pode ter reflexo na jornada. Farei de tudo para que a jornada dê certo. Dilma está preocupada com isso. Em breve deve se manifestar. E vamos conclamar a sociedade brasileira para tomar medidas de contenção. Temos que impedir esse tipo de manifestação que não traz nada de bom para o país — disse aos participantes da reunião, que estava fechada à imprensa.
Enquanto a reunião de Dilma com o ministros era realizada em Brasília, protestos continuavam acontecendo. Em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 2 mil pessoas fizeram uma manifestação interditando a BR-040. Em São Paulo, pequenos grupos se manifestaram na Moóca e na região de M'Boi Mirim, na Zona Sul da capital.
Doze horas depois do fim dos protestos em Brasília, o Palácio do Planalto tornou-se alvo de uma manifestação, desta vez solitária, nesta sexta-feira. A aposentada da prefeitura de São Paulo Marlene Figueiredo, de 67 anos, chegou na portaria do Palácio e começou a gritar e chorar pedindo justiça. Ela disse travar uma batalha pela guarda da neta de oito anos e que procurava ajuda de órgãos federais. Apesar do Planalto estar com uma barreira de grandes, a aposentada conseguiu passar despercebida pela guarda.
Com as manifestações crescendo país afora e ameaçando chegar às portas da Presidência, aumentou a preocupação no meio político, com especulações de que Dilma poderá convocar em cadeia nacional de rádio e televisão para falar ao povo. O Planalto negou a convocação de cadeia nacional, mas a ideia ainda não está descartada.
Também entre os políticos havia a informação de que Dilma poderia ser aconselhada a convocar o Conselho da República, um órgão para assessorar o chefe da nação em momentos de crise, presidido por ele e composto pelo vice-presidente da República, os presidentes da Câmara e do Senado e líderes da maioria e da minoria no Congresso.
Na quinta-feira à noite, manifestantes tentaram invadir o Palácio do Itamaraty. Eles jogaram pedras, cones e garrafas, quebraram vidros, e um rojão explodiu dentro do prédio. A polícia revidou com bombas de efeito moral, gás de pimenta e usou até extintores para dispersar as pessoas que ocupavam as duas rampas de acesso ao prédio. Um dos manifestantes quebrou um refletor dentro do espelho d'água com um cone de trânsito. A PM informou que foram detidas três pessoas e 39 pessoas ficaram feridas, sendo quatro PMs e onze foram levados a hospitais.
A presidente deixou ontem o Palácio do Planalto às 20h28m. Por causa dos protestos, foram suspensas as viagens para Japão - que estava marcara para a próxima semana - e Salvador, onde Dilma lançaria o Plano Safra do Semiárido.


Um comentário:

Alberto disse...

Em seu pronunciamento a Presidente Dilma disse estar escutando a voz do povo nas ruas.
Pelo tempo que passou antes de se pronunciar vemos que tem problema de audição.
Pelo conteúdo do discurso vemos que, além de escutar mal, não pegou o espírito da coisa.