sexta-feira, 5 de julho de 2013

O Estado ainda não entendeu as ruas, por Everardo Maciel


A força das recentes manifestações de rua, no Brasil, causou surpresa geral, aqui e no Exterior. Prevaleceu a máxima do poeta grego Ágaton (447 AC – 401 AC): “É muito provável que o improvável aconteça”.
Ainda é cedo para se aquilatar real dimensão e consequências dessas manifestações. Arrisco-me a fazer alguns comentários.
O desdobramento, em âmbito nacional, do movimento em favor do passe livre, nos transportes públicos de São Paulo, revelou a existência de um grande mal-estar na sociedade brasileira, em decorrência de inúmeras causas, como a volta de inflação, a ineficácia dos serviços públicos e o aumento significativo da corrupção.
A inflação e a má qualidade dos serviços públicos, decorrem de clamorosos erros na condução da coisa pública. Já o aumento da corrupção tem suas raízes na completa degradação da atividade política e dos valores que informam a vida na sociedade.
Impressiona muito o recurso a conhecidas e ineficazes providências para enfrentar a inflação (desoneração pontual de tributos, manipulação de tarifas aduaneiras, administração de preços públicos, ameaças ridículas aos empresários, etc.).
Esse filme, como se sabe, tem desfecho trágico. Inexiste qualquer preocupação com o equilíbrio fiscal, exceto as engenharias contábeis que desrespeitam a inteligência alheia. O estímulo ao consumo se faz de forma irresponsável.
A política expansionista de gasto público não produziu nenhuma melhoria dos serviços públicos. Alguém está satisfeito com a infraestrutura rodoviária? Ou com os portos e aeroportos? Ou com o atendimento no SUS? Ou com a educação pública de péssima qualidade? Ou com os serviços de telefonia e de internet? É evidente que sobra Estado e falta governo.

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