sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dilma é recebida com protestos de índios e médicos em Fortaleza

Ao inaugurar metrô, cuja obra foi iniciada há 14 anos, presidente criticou governos anteriores pela situação crítica nos transportes

  • Em seu discurso, ela voltou a defender os protestos realizados país


Dilma Rousseff ao lado do governador do Ceará, Cid Gomes, inaugura a linha Sul do metrô de Fortaleza
Foto: Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff ao lado do governador do Ceará, Cid Gomes, inaugura a linha Sul do metrô de Fortaleza Roberto Stuckert Filho/PR
FORTALEZA - A presidente Dilma Rousseff participou na manhã desta quinta-feira da inauguração de duas estações de metrô na capital cearense. Durante o discurso, do lado de fora do local do evento, houve protesto de cerca de 500 índios e estudantes. Mais cedo, médicos contrários à política do governo federal para a categoria também fizeram uma manifestação. Durante seu discurso, Dilma Rousseff voltou a falar sobre os protestos que se espalharam pelo país e destacou os avanços obtidos pelo governo nos últimos anos:
— Se a gente olhar essas manifestações vamos ver que elas foram feitas pelo seguinte: uma característica do ser humano que nos transforma em sermos capazes de sair da idade do bronze e colocar um voo na lua é a de querer cada vez mais. Direitos sociais conquistados vão também ensejar mais direitos sociais. Tudo o que nós formos capazes de conquistar vai abrir sempre caminho para querer mais — defendeu.
Dos manifestantes presentes na inauguração, a maior parte do grupo era de indígenas que pediam a demarcação de terras no Ceará e a preservação da Funai. Outro grupo era de estudantes, alguns deles com rosto coberto, que na hora que Dilma começou a discursar provocaram tensão ao tentar desmontar grades colocadas pela polícia na entrada da nova estação de metrô. A tropo de choque se posicionou no local mas não houve conflito.
A presidente abriu o evento criticando os governos anteriores pela situação crítica nos transportes. Segundo ela, o país deveria ter começado a fazer os metrôs nas décadas de 1980 e 1990, mas não o fez.
— Naquele tempo, uma das avaliações é que metrô era coisa de rico, um país pobre como o Brasil não devia fazer. Como se fosse possível um país em acelerada urbanização prescindir de metrô. Aí, muitas vezes se planejava, e o metrô não aparecia porque a prioridade não era essa. E o Brasil passava por grandes dificuldades, o Brasil vira e mexe quebrava, porque não tinha dinheiro para enfrentar crises econômicas.
Dilma destacou que seu governo estaria investindo R$ 89 bilhões em mobilidade urbana, especialmente metrôs, BRTs e VLTs e reafirmou que o governo federal pretende investir fortemente em mobilidade
— Antes de nós, poucos investimentos foram feitos no Brasil na área de transporte coletivo, porque era convencionado que ele era das prefeituras e dos estados e que o governo federal não tinha de por dinheiro. Nós não concordamos. Achamos que esse é um problema dos brasileiros e por isso é do governo federal também.
A linha de metrô de Fortaleza inaugurada começou a ser construída há 14 anos, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, mas só entrou em operação em meados do ano passado. Hoje, ela tem 24 quilômetros ligando Pacatuba, na Região Metropolitana, até o centro de Fortaleza. O custo total está estimado em R$ 1,5 bilhão e deve atender 350 mil pessoas por dia. Por enquanto, as 18 estações funcionam apenas em operação assistida, das 8h às 12h.
Em uma praça a cerca de um quilômetro do local, cerca de 200 médicos fizeram uma manifestação contra o veto ao chamado Ato Médico e às novas regras para formação dos estudantes de medicina. No local onde a solenidade foi realizada, a surpresa foi o baixo número de convidados presentes. Quase metade dos cerca de 200 assentos para convidados estavam vazios.
O ministro da Integração, Fernando Bezerra Coelho, deu o tom político ao evento comentando os protestos de junho:
— Teve muita zoada na rua em junho, a poeira levantou mas ela vai baixar, e quando ela baixar o trabalho do seu governo vai aparecer, portanto, tenho muita confiança que a primeira mulher presidenta do Brasil vai dar conta do recado bem dado — disse o ministro da Integração.


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