quarta-feira, 24 de julho de 2013

O Brasil vai ganhar ou não seu espaço?, por Ateneia Feijó



Mês que vem, dia 22 de agosto, fará dez anos que o Centro Espacial de Alcântara explodiu “espontaneamente”. Para quem tinha 10 de idade, nada significou a maior tragédia ocorrida na história da tecnologia brasileira. Morreram 21 pessoas: cientistas, engenheiros e técnicos altamente especializados.
Foram-se também o foguete VLS-1 V03, o satélite meteorológico Satec, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e o nanossatélite Unosat, da Universidade do Norte do Paraná, que seriam levados ao espaço daí a três dias.
Nestes tempos de espionagem cibernética, há muitos jovens de 20 anos interessados agora em entender aquele acidente tão dramático. Perguntam-se como estaria o Brasil se as atividades científicas, entre as quais as espaciais, fossem levadas mais a sério.
Exemplo: a valiosa localização de Alcântara. Por ficar mais próxima da linha do Equador, é a única base que permite aproveitar o máximo da força de rotação da Terra para impulsionar foguetes. Mesmo assim, o país parece ter menosprezado o privilégio geográfico de ser dono de um lugar exatamente onde potências mundiais mordem-se por não o ter.
Essa localização economiza 30% de combustível para lançamento de foguetes que colocam em órbita satélites meteorológicos e geoestacionários de comunicação; os mais visados neste tipo de mercado que vai às alturas, com preços de bilhões de dólares.


Ainda mais que todo satélite artificial é um espião em potencial. De acordo com suas competências e funções, obviamente. Queira-se ou não.
Na tragédia de dez anos atrás, o Brasil perdeu equipes inteiras especializadas em tecnologia aeroespacial. Um preço impagável. Elas detinham um conhecimento estratégico para o país. O mais doloroso foi constatar, de acordo com um relatório divulgado na ocasião, que a causa mais provável teria sido erros básicos na segurança.
O cronograma original da missão fora desrespeitado e algumas regras fundamentais, contrariadas. As quais teriam causado a ignição espontânea de um dos quatro motores do foguete, por onda eletromagnética, descarga elétrica ou contato de uma peça metálica no reservatório de combustível. 
Passaram-se os anos e o mistério permanece.
Em 2006, foi criada a Alcântara Cyclone Space (ACS), empresa pública binacional Brasil e Ucrânia, para a construção de um foguete (Cyclone-4) na cidade ucraniana de Dnipropetrovsk e de uma nova base espacial em Alcântara. Programado para 2010, o lançamento foi remarcado para 2014...

Ateneia Feijó é jornalista.

Um comentário:

Alberto disse...

As parcerias brasileiras promovidas pelo PT atenderam a paixões político — partidárias e nunca aos interesses nacionais.
As alianças com a medieval Cuba, os guerrilheiros da FARC, os caudilhos da Venezuela, os aiatolás do Irã, o presidente caçado do Paraguai, o presidente desapropriador de bens brasileiros na Bolívia e agora com os gênios do espaço da Ucrânia são provas irrefutáveis do desprezo do governo pelos brasileiros.