quinta-feira, 18 de julho de 2013

PF realiza operação para investigar fraudes no Minha Casa Minha Vida

O inquérito foi aberto após reportagem do GLOBO revelar o esquema de ex-servidores do Ministério das Cidades


BRASÍLIA - A Polícia Federal cumpriu nesta quarta-feira oito mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo, Brasília e Fortaleza, todos expedidos pela Justiça Federal, na Operação 1905, que investigafraudes no programa Minha Casa Minha Vida. O inquérito foi aberto após reportagem do GLOBO revelar que ex-servidores do Ministério das Cidades montaram empresas de fachada para operar o programa em pequenas cidades e que construtores tinham de pagar propina à RCA Assessoria para participar das obras.
Segundo a PF, um suposto esquema envolvendo instituições financeiras, correspondentes bancários, empresas de fachada e seus respectivos responsáveis desviaria recursos destinados à construção de casas em municípios com menos de 50 mil habitantes. Os investigados podem responder por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, estelionato, tráfico de influência e lavagem de dinheiro, cujas penas somadas chegam a 32 anos de prisão.
A Polícia Federal confirma que há indícios de que ex-servidores do Ministério das Cidades, valendo-se do conhecimento adquirido e da suposta influência junto ao órgão, atuariam junto ao programa prestando serviços inexistentes e, em alguns casos, recebendo uma espécie de “pedágio”, a partir da cobrança de empresas contratadas para a construção de unidades habitacionais que, segundo informações, jamais foram construídas.
— Começamos a investigação com base nas notícias, mas ainda falta muito a ser feito porque ainda estamos caminhando para a obtenção das provas – afirmou o Chefe da Delegacia de Crimes Financeiros em São Paulo, Rodrigo Sanfurgo, que espera que o processo dure, no máximo, mais dois meses.
A investigação confirmou, como antecipou O GLOBO, que as empresas investigadas atuavam, concomitantemente, na concessão e fiscalização da implementação das obras, na indicação das construtoras, medição das obras, liberação dos recursos e construção das casas, ou seja, o grupo investigado atuava em todas as fases do Programa Minha Casa Minha Vida acumulando funções incompatíveis entre si.
De acordo com o delegado, falta ainda identificar quantas famílias foram prejudicadas e o montante de dinheiro público que foi desviado. Essa apuração está sendo comandada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).
Sanfurgo explicou ao GLOBO o motivo do nome da operação deflagrada hoje. O número 1905 é a representação, em algarismos romanos, da sigla do programa habitacional MCMV. Era o código usado entre os agentes durante as investigações para passar informações sigilosas sobre o assunto sem levantar suspeitas.


Nenhum comentário: