sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cartas de Paris: Paris e sua periferia, por Ana Carolina Peliz


GERAL


Em volta de Paris existem várias cidadezinhas. As mais próximas formam a chamada petite couronne (pequena coroa) e as mais distantes, a grande couronne (grande coroa), que “coroam” a capital e formam a grande Paris, que tem mais de 11 milhões de habitantes.
Muitas pessoas que moram nos departamentos limítrofes, trabalham ou estudam em Paris e vice-versa. As cidades que formam este conglomerado, recebem o nome de banlieue em francês, que muitos traduzem como periferia. Se em português, o termo é usado para indicar bairros mais populares, na França, a palavra adquire outros sentidos.
A periferia de Paris é bastante heterogenia, algumas cidades são ricas, com casas grandes e áreas verdes, onde moram famílias de classe média alta. Outras reúnem vários blocos de apartamentos sociais, alguns insalubres, onde se apinham imigrantes e todos os tipos de renegados da sociedade francesa. Outras, ainda, são zonas rurais onde os moradores vivem em pequenas chácaras ou cidades tranquilas.

Foto: Arnau Bach

Existe uma diferença flagrante entre Paris e sua vizinhança. Começando pelo transporte público. O metrô, que funciona como um traço unificador, ultrapassa um pouco os limites da cidade e chega em algumas afortunadas vizinhas. Mas normalmente, para alcançá-las é necessário enfrentar trens que vivem em greve e não são sempre seguros.
Os que têm carro, enfrentam diariamente horas de engarrafamento no Boulevard périphérique para chegar ao trabalho. O périph, como é conhecido o grande anel viário de Paris, delimita impiedosamente quem está dentro e quem está fora.
Viver na periferia não é fácil, não só pelas condições de transporte, mas porque as comparações com Paris se fazem sempre presentes. Muitos banlieusards são ex-parisienses, que tiveram que se mudar procurando superfícies maiores, por preços menores, após o nascimento dos filhos.
Normalmente as conversas com estas pessoas são carregadas de nostalgia e de explicações, “é muito bom ter mais espaço”, “a cidade é cheia de áreas verdes”, “é melhor para as crianças”.
Pobre banlieue parisiense que não tem culpa de sua triste sorte: a de viver eternamente à sombra de Paris.

Ana Carolina Peliz é jornalista, mora em Paris há cinco anos onde faz um doutorado em Ciências da Informação e da Comunicação na Universidade Sorbonne Paris IV. Ela escreve aqui todas as quintas-feiras.

Um comentário:

Alberto disse...

Arrumando a cozinha