quinta-feira, 4 de julho de 2013

‘Não vou atrasar obra olímpica por causa de 200 pessoas’, diz prefeito

Paes disse que vai manter plano de remoção de clube de voo na Zona Oeste para obra do Parque Olímpico


Clube usou aviões como barricada para evitar remoção Foto: Marcos Tristão / Agência O Globo
Clube usou aviões como barricada para evitar remoção Marcos Tristão / Agência O Globo
RIO — O prefeito Eduardo Paes disse, em entrevista à Rádio CBN na manhã desta quarta-feira, que vai manter o plano de remover o Clube Esportivo de Voo (CEU), em Jacarepaguá, Zona Oeste da cidade. O clube ocupa o terreno há 30 anos em caráter de concessão. Há cerca de três anos, a prefeitura anunciou que queria a área de volta para preparar o espaço para acolher eventos esportivos das Olimpíadas. O prefeito disse que não vai atrasar a obra do Parque Olímpico por causa de “200 pessoas”:
— Há cerca de um ano começamos as negociações para que a área, que é pública, fosse desocupada. Conseguimos com as Forças Armadas um novo espaço em Guaratiba, mas propus que, enquanto a área não estivesse pronta, eles utilizassem o Aeródromo de Nova Iguaçu, que havia sido cedido pelo prefeito Nelson Bornier. Demos 15 dias para que eles fizessem a mudança, prometendo que não mexeria na área de pista, a princípio. Mas não posso atrasar as obras das Olimpíadas porque 200 pessoas, que não são as pessoas mais carentes do Brasil, querem pousar e decolar.
— O prazo inicial da Justiça era de nove meses, mas a prefeitura conseguiu liminar derrubando a medida e determinando retirada em 15 dias. Eles não respeitaram o prazo e já na última noite tentaram invadir a área. Não permitimos, mas nesta manhã iniciaram a demolição — disse Edson Júnior, um dos diretores do CEU.Representantes do CEU afirmam que máquinas do consórcio Parque Olímpico destruíram, na manhã desta quarta-feira, a cabeceira de uma das três pistas de pouso e decolagem e um dos helipontos do clube. Na noite desta segunda, retroescavadeiras já haviam derrubado os portões da agremiação, mas os associados conseguiram impedir que as máquinas entrassem na área. Barricadas de aviões chegaram a ser montadas para evitar a destruição da pista.
Pela liminar da juíza Alessandra Cristina Tufvesson Peixoto, da 3ª Vara de Fazenda Pública, embora o prazo para a transferência das aeronaves para outro hangar fosse de 15 dias, a Prefeitura já estava autorizada a entrar no terreno, mas não a quebrar.
“Assim, reconsidero a decisão anterior e concedo prazo menor ao autor, de 15 dias, desde logo autorizado o ingresso dos réus no local para preparo das obras referidas, sem danificar os hangares e a pista.”, determinou a juíza na sentença.
Sócios e instrutores do clube dizem ainda que o Aeroclube de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, para onde a prefeitura do Rio quer transferir as atividades da agremiação, está com as pistas fechadas por determinação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A informação está na página do serviço de informação da Aeronáutica. Segundo o comunicado, a pista do aeroclube permanecerá fechada pelo menos até o próximo dia 27, devido a riscos para operações aéreas. O crescimento de favelas no entorno teria causado a suspensão das atividades. Segundo Miguel Angelo Stefan, também diretor do CEU, o Aeroclube de Nova Iguaçu não tem condições de opera:
— Não temos como operar a. O que eu faço com os 70 alunos que já pagaram 110 horas de voo? Não temos como devolver esse dinheiro.
Na noite de terça-feira, funcionários do consórcio Parque Olímpicochegaram a destruir o relógio da caixa d’água do clube, mas foram contidos por cerca de 70 pilotos que participavam de uma reunião para decidir o futuro do CEU. A ação tinha respaldo numa liminar expedida pelo juízo da 3ª Vara de Fazenda Pública dando um prazo de 15 dias para a desocupação e permitindo que o consórcio ingressasse no CEU para preparar a obra.
Segundo Ricardo Buzelin, diretor jurídico da agremiação, as negociações para a desocupação da área estavam em andamento através de uma liminar anterior à que foi expedida nesta terça-feira dando um prazo de nove meses para o clube deixar o terreno. O impasse começou, de acordo com ele, quando a prefeitura ofereceu em troca uma área do Exército em Guaratiba, junto ao Campos Fidei, onde o Papa Francisco fará celebrações durante a Jornada Mundial da Juventude. O terreno, no entanto, é uma reserva biológica do estado. Ainda de acordo com Buzelin, os associados pedem um espaço que comporte as 150 aeronaves do clube e uma indenização.


Um comentário:

Alberto disse...

Não conheço os fatos atrás da discórdia mas o argumento do prefeito é digno de um troglodita.