Os ministros Guido Mantega e Miriam Belchior, da Fazenda e do Planejamento, anunciaram ontem cortes de gastos, mas não seguiram a receita sugerida pelo presidente do BC. Alexandre Tombini tinha falado que mais do que ajustar as contas, "o governo precisava definir o ajuste fiscal e deixar claro como esse objetivo seria alcançado".
Quando olhamos por dentro do corte de R$ 10 bi, vemos que há recálculo de gasto nas despesas obrigatórias. É o governo refazendo contas antigas, porque tinha superestimado algumas despesas. É o caso, por exemplo, das reduções de despesas do INSS.
Disse também que vai cortar R$ 2,5 bi em subsídios (empréstimos através dos bancos públicos), mas essa parte não foi detalhada.
Em relação às despesas de custeio, o governo informa que reduzirá viagens, conta de luz, papel, material de limpeza. Nos últimos dois anos, prometeu a mesma coisa. Porém, os gastos com passagens aéreas e diárias no primeiro semestre, por exemplo, saíram de R$ 615 milhões em 2011, para R$ 882,5 milhões no ano passado para R$ 942 milhões este ano.
O governo anunciou intenção, o que não se cumpriu nos últimos anos. Por isso, o anúncio não me convenceu.
O único ponto positivo é que desistiu de uma manobra fiscal de transformar em receita os recebíveis de Itaipu até 2023. Esse dinheiro capitalizaria uma conta chamada CDE, que cobre o aumento do custo da energia quando se usa termelétrica. O gasto, agora, fica mais transparente.
O que realmente valeu foi isso: desistir de uma das várias alquimias fiscais que tem feito nos últimos tempos nas contas públicas. Ou seja, o que foi bom foi o que não fizeram, o que desistiram de fazer.
2 comentários:
Não é possível que a enrolação deste ministro ainda engane alguém.
O instinto de preservação da presidente fará rolar em breve a cabeça deste incompetente.
Pode-se falar qualquer coisa do Mantega, não de incompetência; diga-se, apenas, que "dança conforme a música", acata as ordens superiores.
(argento, outro)
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