terça-feira, 23 de julho de 2013

Fala, Francisco, por Ricardo Noblat



“Algo aconteceu com nossa política, ficou defasada em relação às ideias, às propostas. As ideias saíram das plataformas políticas para a estética. Hoje importa mais a imagem que o que se propõe.
(...) Endeusamos a estatística e o marketing. Participar da vida política é uma maneira de honrar a democracia. Seria necessário distinguir entre a Política com P maiúsculo e a política com P minúsculo." [Papa Francisco]
Cidadania. "A sociedade política só irá resistir se a satisfação das necessidades humanas for a nossa vocação. Esse é o papel do cidadão. (...)
As pessoas são sujeitos históricos, o que significa cidadãos e membros da nação. O Estado e a sociedade devem gerar condições sociais que promovam e atuem como guardiãs de seus direitos, permitindo que sejam construtoras de seu próprio destino".
Dignidade. "Não existe uma única violação da dignidade de um homem ou de uma mulher que possa ser justificada por qualquer outra coisa ou ideia. Nem uma única. (...)
Quando uma pessoa ou um povo vende sua dignidade, ou a barganha, todo o resto perde consistência e deixa de ter valor".
Verdade. "Em uma sociedade na qual as mentiras, os disfarces e a hipocrisia fizeram com que as pessoas perdessem a confiança básica no contrato social, o que poderia ser mais revolucionário do que a verdade?"
Marginalização. “Antes, em nossa sociedade, podíamos falar de opressores e oprimidos. Com o tempo, notamos que essa categorização não era suficiente, havia que acrescentar mais uma, a de incluídos e excluídos. Hoje em dia, a coisa ficou muito mais selvagem e temos que acrescentar outra antinomia: os que entram e os que sobram. Nesta civilização consumista, hedonista, narcisista, estamos nos acostumando ao fato de que certas pessoas são descartáveis.”


Neoliberalismo. "A crise socioeconômica e o consequente aumento da pobreza têm suas origens em políticas inspiradas por formas de neoliberalismo, que consideram o lucro e as leis do marcado como parâmetros absolutos acima da dignidade das pessoas ou dos povos. (...)
Na predominante cultura neoliberal, o externo, o imediato, o visível, o rápido, o superficial: estes ocupam o primeiro lugar, e o real cede terreno às aparências".
Globalização. “A globalização que uniformiza é essencialmente imperialista e instrumentalmente liberal, mas não é humana. Em última instância, é uma maneira de escravizar os povos. (...)
A globalização, como uma imposição unidirecional e uniforme de valores, práticas e bens, anda de mãos dadas com a imitação e a subordinação cultural, intelectual e espiritual".
Pátria. "A Pátria é o patrimônio dos pais, o que recebemos daqueles que a fundaram. São os valores que nos entregaram em custódia, mas não para que os guardemos em uma lata de conserva, e sim para que, com o desafio do presente, os façamos crescer e os lancemos à utopia do futuro. Esse é o nosso patrimônio".
Religião e Política. "Pensar que o poder é impor o meu caminho, alinhar todo mundo e fazê-los andar por essa trilha me parece errado. Agora, se concebo o poder de uma maneira antropológica, como um serviço à comunidade, é outra coisa. A religião tem um patrimônio e o põe a serviço do povo, mas, se começa a se misturar com politicagem e a impor coisas por baixo do pano, se transforma em um mau agente de poder. (...)
"Algumas pessoas me dizem: 'Padre, os políticos não estão fazendo nada'. Mas e você, o que está fazendo? Se não faz nada, então grite".

Um comentário:

Alberto de disse...

Está é a Cultura do descartável.