A deflagração da campanha quase dois anos antes da eleição não é um problema em si. Desde que a disputa na conquista antecipada de espaço se dê entre os partidos. O máximo que pode acontecer é o eleitorado não dar a menor pelota à movimentação dos políticos.
O que não pode e o que lei (a Constituição, inclusive) proíbe expressa e claramente é o uso de governos na prática eleitoral, como vem ocorrendo. Em proporções diferentes, o governo federal e os estaduais de Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro vêm funcionando - uns mais, outros menos - ao molde de comitês eleitorais de seus respectivos candidatos a presidente e a governador.
Os efeitos são incomparáveis, é verdade. O peso do uso da máquina federal é proporcional ao seu poder. Na essência, porém, não há diferença de conduta: tanto extrapola a presidente Dilma Rousseff quando se vale do acesso a cadeias de rádio e TV para propagandear medidas do agrado popular, quanto exorbita o governador Eduardo Campos ao fazer do Diário Oficial de Pernambuco um folheto de fatos e fotos personalistas.
Tanto faz uso da função o governador de São Paulo ao comparecer a eventos ao lado do senador Aécio Neves dizendo que não se trata de uma "agenda eleitoral", quanto se desvia do objetivo do cargo o governador Sérgio Cabral Filho ao lançar mão da propaganda oficial para promover seu candidato a sucessor, Luiz Fernando Pezão.
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