Pequenas considerações sobre a entrevista de Zé Dirceu à Folha/UOL:
-- Mérito total e absoluto da dupla de repórteres Mônica Bergamo / Fernando Rodrigues. O sucesso de uma entrevista, dizia Ulysses Guimarães, depende mais do entrevistador do que do entrevistado. No caso, dos entrevistadores, PhDs em política, escândalos e Zé Dirceu. Juntar Mônica com Fernando é Pelé e Garrincha, não tem erro: é show. E Zé Dirceu sentiu-se à vontade. Sabia que estava diante de dois grandes repórteres, para os quais não podia blefar, não podia mentir. Era olho no olho, como diz Suplicy. Mônica e Fernando sabem tudo o que Dirceu pensa, por exemplo, de Eduardo Campos. Zé Dirceu vive, bem antes do julgamento, elogiando e defendendo a candidatura Eduardo Campos como alternativa. Na eleição para prefeito de Recife, Eduardo Campos achou que Dirceu tava na conspiração petista. Cortou relações, mas Dirceu mandou tanto recado de qjue não tinha nada a ver com isso, que o cara se convenceu que é verdade. Mas ainda não perdoou totalmente o Zé. Tá lhe dando uma quarentena. Conto isso pra justificar que o pequeno blefe do Zé de que continua sendo bem tratado pelo governador é um pecado tão venial, que os entrevistadores deixaram passar, até pq não era esse o foco. Não tinha importância nenhuma. A coisa mais grave era Fux, o mais importante era Fux, um advogado que sempre teve o apoio da elite carioca. Era o queridinho de todos, mas a mim nunca enganou. Politicamente é ruim para Fux. Eticamente, o carioca vai dar um jeito: esse é dos nossos, esperto, mentiu pro Zé Dirceu só pra ser nomeado ministro e, depois, deu-lhe uma banana. O importante é o voto do Fux. A declaração de Dirceu compromete republicanamente a Dilma. Quer dizer, então, dona Dilma, que seus critérios são estes? Nada de reputação ilibada e notório saber jurídico? Mas o Geddel, Moreira, Heráclito Fortes e outros intrigueiros da política estão aí pra maldosamente salvar a Dilma: ela escolheu Fux pq sabia que ele iria condenar o Dirceu! Pra quem conhece a cozinha do poder, essa malidicência tem mais coerência. Dirceu faz uma defesa fajuta de Lula: diz que o ex-presidente não tem nada a ver com isso, mas dá uma estocada no japa do Lula.
É uma entrevista reveladora. Um colírio pros olhos dos leitores, que não aguentam mais Feliciano! A parte do Serra dá ao Zé Dirceu um ar de serenidade. No fundo, ele quis dizer que Serra é o mais preparado dos candidatos. Mas a entrevista do Zé, repito, não seria a mesma se não tivesse sido feita e conduzida por essas duas estrelas do jornalismo brasileiro. O mérito é da Mônica e do Fernando Rodrigues. Como a entrevista foi manchetada e bem editada, vamos reconhecer também os méritos da boa edição. Mas, jornalismo é isso: equipe.
O Zé Dirceu que tá hoje na UOL/Folha é o Zé Dirceu de hoje, mais maduro, sereno, consciente. Sua análise sobre a sucessão é perfeita. Os que não devem ter gostado da entrevista: Lula, Dilma e Aécio. E se não fosse uma entrevista polêmica, a Mônica, o Fernando, o Zé e a Folha não a fariam.
Quando escrevi uma matéria defendendo os gordinhos, a minha querida e saudosa editora Mara, sempre leal com os leitores, assinou o meu nome, mas botou um * dizendo que eu era obeso. Para manter a mesma lealdade, eu boto ***
(*) Jorge Bastos Moreno é amigo pessoal do Zé Dirceu, mas não admirador de todas as suas ações, mas fecha com o seu passado de lutas, totalmente.
(* ) Jorge Bastos Moreno não é amigo de Fernando Rodrigues, mas é admirador de quase todas as suas ações.
(*) Jorge Bastos Moreno se considera amigo pessoal da Mônica Bergamo, mas não tem certeza de que é correspondido, mas é admirador de todas as suas ações jornalísticas e de algumas pessoais, não todas
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