TV Bandeirantes realizou primeiro embate entre candidatos do Rio de Janeiro
RIO - No primeiro debate entre os cinco principais candidatos à prefeitura do Rio, na Band, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) foi alvo de ataques dos seus adversários, que criticaram a política de transportes do município, a ação das milícias em comunidades carentes e a política de saúde no Rio. O prefeito, favorito nas pesquisas, evitou responder diretamente aos ataques e aproveitou suas intervenções para citar realizações de sua gestão, como a implantação do bilhete único, o fechamento do aterro sanitário de Gramacho, em Duque de Caxias, e a parceria com o governo estadual nas UPPs sociais nas comunidades pacificadas.
No segundo bloco, dedicado a perguntas de candidato para candidato, Marcelo Freixo (PSOL) e Rodrigo Maia (DEM) fizeram uma dobradinha para criticar “a política de segurança do PMDB”, partido de Paes. Os candidatos procuraram associar soluções para melhorar a segurança pública, de responsabilidade do governo estadual, com medidas sociais de competência da prefeitura. Maia prometeu retomar os programas Favela-Bairro e o Remédio em Casa, criados por seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, que não foi citado nominalmente. Em sua pergunta a Freixo, Maia disse que, nos últimos quatros anos, o número de milícias triplicou:
— E, 2008, eram mais de cem, agora mais de 300. É o fracasso da segurança pública do PMDB.
Críticas à política de transportes
Em seguida, Freixo, que presidiu a CPI das Milícias na Assembleia Legislativa, vinculou o problema das vans da cidade à ação desses grupos, que chamou de máfias. Disse que entregou a Paes, em 2008, um relatório pedindo que a licitação desse tipo de transporte fosse feita individualmente, sugestão que, segundo ele, não foi aceita:
— Em 2009 você se reuniu com indiciados ( na CPI das Milícias) e fez licitação com cooperativas — disse Freixo.
O candidato do PSOL também cobrou de Paes explicações sobre o que chamou de seu “silêncio” em relação à linha 4 do Metrô e ao relatório do Tribunal de Contas do Município que citou indícios de formação de cartel na licitação para linhas de ônibus.
Paes, novamente evitando provocações, listou suas ações em transporte:
— Meu governo fez processos licitatórios em ônibus e quatro consórcios assumiram, com regras claras. Fizemos o bilhete único, que atende 350 mil pessoas, depois o BRT, que diminuiu o trajeto de quem mora em Campo Grande e queremos passar a ter mais de 60% da população utilizando o transporte de alta capacidade.
Antes, no primeiro bloco, os candidatos responderam a perguntas de moradores sobre temas da cidade. Mesmo assim, o candidato do PSDB, Otavio Leite, aproveitou sua resposta sobre buracos na calçada para lembrar do julgamento do mensalão, que começou ontem no Supremo Tribunal Federal:
— Foi uma violência contra democracia, uma máfia instalada dentro do Palácio do Planalto — afirmou Leite.
Seguindo a estratégia de direcionar suas críticas a Paes, Leite e Maia trocaram elogios sobre seus projetos para a saúde pública. O tucano prometeu criar uma parceria entre as seis faculdades de Medicina do Rio e os hospitais da cidade. Já Maia disse que criará um plano de cargos e salários para os servidores, sem citar de onde virão os recursos. Mas atacou o atual modelo de gestão da prefeitura, que utiliza as organizações sociais (OS) para administrar a rede de saúde:
— Essa prefeitura vai gastar com OS R$ 2,4 bilhões. Tem dinheiro, ele está sendo mal aplicado — afirmou o candidato do DEM, que, no final, prometeu, no seu primeiro dia de governo, abrir um concurso público para médicos e enfermeiros.
Reciclagem no centro do debate
A candidata do PV, Aspásia Camargo, aproveitou a pergunta que Paes lhe fez sobre as metas assumidas pelo C-40 (grupo das maiores cidades do mundo), durante a Rio+20, para criticar a Comlurb que, segundo ela, é uma empresa que não prioriza a reciclagem:
— A Comlurb é uma empresa com uma filosofia velha e ultrapassada, que acha que sua obrigação é limpeza pública, e não redução de lixo — afirmou Aspásia.
Paes lembrou que promoveu o fechamento do lixão de Gramacho, onde eram jogados os dejetos da cidade:
— Fizemos em Seropédica um centro de tratamento de resíduos adequado que segue parâmetros ambientais.
Ao debater sobre educação, Leite prometeu contratar dois mil professores para a rede municipal de ensino e colocar dois deles em cada classe de alfabetização. Maia disse que criará um programa para que as professoras possam ir aos bairros dos alunos para conhecer suas famílias. Na réplica, o prefeito lembrou que uma de suas primeiras providências foi acabar com a aprovação automática, adotada na gestão de Cesar Maia:
— Era uma cidade que não acreditava no seu futuro. Quem aprendia passava, quem não aprendia passava também —afirmou Paes.
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