quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Resultados de Encomenda - Marcos Coimbra



Na primeira aula do curso de pesquisa de opinião, o aluno aprende as coisas básicas da profissão. Uma é ter cuidado com as perguntas indutivas.
É esse o nome que se dá às que são formuladas com um enunciado que oferece informação ao entrevistado antes que responda.
Há diversos tipos de indução, alguns dos quais muito comuns. Quem não conhece, por exemplo, a pergunta chamada de “voto estimulado”, feita habitualmente nas pesquisas eleitorais? Ela solicita ao respondente que diga em quem votaria, tendo em mãos uma lista com o nome dos candidatos.
É claro que, assim procedendo, avalia-se coisa diferente do “voto espontâneo”.
Para diminuir o risco de que a indução conduza os entrevistados a uma resposta, recomenda-se evitar que o pesquisador leia nomes. Mesmo inadvertidamente, ele poderia sugerir alguma preferência, seja pela ordem de leitura, seja por uma possível ênfase ao falar algum nome. Daí, nas pesquisas face a face, o uso de cartões circulares, onde nenhum vem antes.
Essa cautela - e outras parecidas - decorre da necessidade de ter claro o que se mede. Sem ela, podemos confundir o significado das respostas.
Dependendo do nível de indução, o resultado da pesquisa pode apenas refletir a reação ao estímulo. Em outras palavras, nada nos diz a respeito do que as pessoas genuinamente pensam quando não estão submetidas à situação de entrevista.
Para ilustrar, tomemos um exemplo hipotético.
Vamos imaginar que alguém quer saber se as pessoas lamentaram a derrota da equipe de vôlei masculino na disputa pela medalha de ouro na Olimpíada. A forma “branda” de perguntar talvez fosse começar solicitando que dissessem se souberam do resultado e como reagiram - sem informar o placar. 

Um comentário:

Alberto disse...

Nos levantamentos de popularidade de políticos que superam 70% de aprovação, certamente, (tendo em vista o resto do mundo)a pesquisa foi feita com perguntas indutivas.